
De Torcedor pra Torcedor
Caro Péricles Chamusca,
Certamente você não é o principal responsável pelo atual quadro de pesadelos da torcida Coxa-Branca.
Você aqui chegou quando todos os absurdos cometidos já haviam se estabelecido.
Os verdadeiros culpados serão em breve e devidamente cobrados... ah, vão!
Você também não tem culpa de não conhecer o elenco do clube que acabou de assumir. Sequer sabe, por exemplo, com quais jogadores das categorias de base poderá contar para tentar salvar o Coritiba do maior vexame de sua história (sim, caso haja novo rebaixamento, este seria ainda mais inconcebível que aquele do centenário, pois chegamos a liderar esta competição).
Mesmo assim não se sinta no direito de, nessa situação desesperadora, imaginar aqui chegar e querer contrariar a lógica para impor seu pensamento.
Não, este não será o caminho que conduzirá o Coritiba à salvação. Essa mania de treinador querer ser o dono da verdade pode ficar pra depois, para 2014.
Agora é hora de fazer o simples, o lógico, o menos arriscado.
Leandro Almeida e Luccas Claro fizeram um excelente trabalho defensivo diante do Santos, na última quarta-feira.
Se você fizesse o simples, manteria a dupla defensiva para o confronto contra o Vitória.
Mas não, você preferiu seguir a sua cartilha ao sacar o jovem atleta da base Coxa-Branca, sem que o mesmo tenha cometido qualquer deslize na partida contra o time do litoral paulista para "retornar com o antigo titular" Chico. Pior, não me venha com essa de que o jogador não está "100% pronto"! Como contraponto é o atacante Bill que está?
Morte anunciada, meu caro. Se você não sabia ou se o que restou da antiga comissão técnica não lhe informou, Chico falhou decisivamente pelo menos nas últimas cinco partidas que atuou e em Salvador não foi diferente.
Não há dúvida que não tenha falhado intencionalmente. Evidente que se trata de mais um "operário" no elenco montado pelo antigo Supervisor de Futebol, sob a chancela do presidente do clube.
Tal atleta, contestado por boa parte da torcida Alviverde (incluo-me entre eles) superou o momento inicial de turbulência e sim, teve um grande momento na equipe titular, é preciso reconhecer.
Contudo, bastou o primeiro erro, o primeiro gol adversário que se originasse pelo seu setor para que entrasse numa jornada de intranquilidade, ansiedade e sucessivas falhas.
Abro o parênteses para deixar bem claro que não atribuo somente ao zagueiro Chico a responsabilidade da derrota, mas nas atuais circunstâncias, nas quais o Coritiba não tem mais o direito de errar, sua escalação mais uma vez se mostrou na prática ser a menos recomendada. Fecho o parênteses.
Quis o destino que no confronto contra o Santos uma nova dupla defensiva fosse testada e, convenhamos: aprovada com louvor.
Aí vem a pergunta: por que alterá-la?
Esqueça esse seu critério de anterioridade no Coritiba. Aqui o que precisamos é de medidas urgentes no sentido de modificar a equipe o quanto menos possível, buscando extrair o máximo de eficiência daqueles que melhor se apresentem para o momento.
O que se aplica ao zagueiro Chico pode tranquilamente ser usado para a escolha do lado oposto da equipe, o ataque.
Quer um conselho? Esqueça que o "centroavante" Bill existe! Tire de sua cabeça que um panorama negativo de uma partida poderá ser alterado com a sua entrada em campo, esqueça.
Sei que este atleta também não tem culpa de aqui estar. Como disse, os culpados serão cobrados posteriormente, aconteça o que acontecer até o final do ano.
Ainda nesta linha, o que falar do argentino Bottinelli? Sobre ele, Chamusca, tenha a certeza: a desilusão não é só sua, é minha também. Quando de sua chegada ao Coritiba fui um dos torcedores que imaginou estarmos trazendo um jogador que seria muito mais do que apenas um nome de expressão vinda do grande eixo.
Ledo engano. Ao lado do meia Lincoln, mostrou-se uma das piores relações custo x benefício da inchada folha salarial do clube.
Você precisa entender, com o perdão da pretensão, Chamusca, que não há tempo hábil para implantar a sua filosofia de trabalho no aspecto tático/teórico, não de forma definitiva, com calma, com tempo para trabalhar.
É preciso fazer do simples, o mais simples possível. Avaliar individualmente o momento e o potencial técnico de cada atleta disponível no elenco sem levar em conta o nome, a origem, o salário e a experiência (ela em si mesma).
Se ainda não teve a chance de observar melhor ou se o que restou da comissão técnica anterior não lhe repassou, sugiro observar alguns garotos das categorias de base, como os meias Zé Rafael e Luizinho, mas por favor, não os lance durante as partidas, especialmente quando o placar já apontar a vantagem para o adversário.
Ah, anote um nome: Willian Farias. Não quero saber de onde partiu a tendência deste atleta ser considerado, mesmo que de forma indireta, uma terceira ou quarta opção para a contenção do meio-campo. Acredite, ele é muito, muito mais útil do que você imagina por ouvir falar.
Sei que as opções são escassas, mesmo que o clube enfrente uma folha salarial inversamente proporcional, mas é hora de entender de uma vez por todas que: Chico não vive um bom momento; anterioridade é uma tremenda bobagem que deve ser substituída por momento e rendimento; Bottinelli é um jogador que no Coritiba não disse a que veio, o mesmo podendo ser aplicado ao meio-campo Lincoln e ao "centroavante" Bill.
Não é hora de criar uma "queda de braço" com os torcedores que, assim como eu, já não sabem no que pensar para driblar a dor de acompanhar esse patético desfecho de ano.
Não, não faça isso.
A chama da salvação (desculpe o trocadilho) está em suas mãos, Chamusca.
Faça o simples, não bata em ferro frio, não insista nas opções que de certa forma levaram o seu antecessor à forca.
Nem tudo está perdido ou errado na equipe que passou a conduzir. Arrisco a dizer que a equipe teve um bom jogo contra o Vitória (analisando um contexto geral), melhor até do futebol demonstrado diante do Santos.
Contudo, e principalmente jogando fora de casa, não podemos nos dar ao "luxo" de sair atrás do placar. Se isto acontecer, como foi em Salvador, a possibilidade de reação esvai-se porque bem sabemos que o setor ofensivo é o calcanhar de Aquiles da equipe.
Já que é assim, entenda: solidifique a sua defesa. Escolha os atletas que estão no melhor momento para construir o muro lá atrás. Esqueça essa bobagem de "retorno do titular".
Não tomando o gol, jogando por uma bola lá na frente, o placar de 1x0 é a goleada que precisamos conquistar em mais CINCO jogos (pra não correr nenhum risco de novo vexame).
Uma nova chance se apresenta diante de ti na próxima quarta-feira em Campinas.
Não bobeie, nem teime! Faça o simples, Chamusca... o simples!
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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