Atuei como comentarista do jogo Botafogo X Coritiba em uma das rádios de Curitiba e jamais imaginei que pensaria, e diria, alguma vez, que o Coxa precisaria povoar mais o meio de campo, após o alvi-verde estar em desvantagem no marcador em qualquer jogo que fosse. Pois eu disse. Após a marcação do segundo gol do Botafogo comecei a imaginar que o Coritiba poderia levar uma goleada histórica no retorno do Glorioso ao palco mais famoso do Brasil e o mais conhecido em todo o planeta quando se fala em futebol e aí durante os comentários da partida, disse que seria melhor o Coritiba se precaver para que não se desenhasse um vexame na segunda etapa.
Em vários lances os atletas do Botafogo apareciam próximo da área e na área alvi-verde totalmente sem marcação, absolutos na jogada, no primeiro tempo. Aí pensei, o Alex não marca, não é jogador de marcação e um craque, um gênio como Alex não pode marcar mesmo. Vitor Junior não tem cacoete de marcação e com Geraldo e Julio Cesar jogando à frente, totalizavam 4 jogadores em que o poder de marcar o adversário não aparece. Talvez Geraldo faça o que chamamos de cerca lourenço.
Da forma que o Coritiba jogou na primeira etapa, não tinha como vislumbrar alguma reação para o segundo tempo. Assim, o caminho era povoar o meio de campo e tentar ficar com a bola o máximo de tempo possível, evitando que uma catástrofe viesse a acontecer.
Eis que Marquinhos Santos foi corajoso. Bota corajoso nisso. Fez o menino que veio do Operário de Ponta Grossa entrar no lugar de Geraldo. E quase que o rapaz sai na cara do gol em uma bola cutucada por Alex por cima da defesa adversária. Numa dessas o garoto entra na área driblando e faz um teatro buscando que o árbitro assinalasse um pênalti. O resultado não foi o que ele esperava. E o homem de preto tascou-lhe logo um amarelo. Mais um pouco e o menino foi para uma jogada de modo mais ríspido e o juiz não teve dúvida. Tascou-lhe outro amarelo e como era o segundo, aconteceu a expulsão. A coisa já não estava boa com 11, imagine com 10.
Mas antes que o Coritiba ficasse com 10 em campo, o Botafogo já havia estabelecido 3 X 0 no placar.
Marquinhos Santos foi ainda mais audacioso. Sacou Gil e colocou Lincoln. Lincoln até que tentou tocar a bola, segurar la pelota, mas não teve jeito, a atuação do Coritiba continuava deixando a desejar, e muito a desejar, diga-se de passagem.
Depois Bill entrou no lugar de Julio Cesar. Mas quantas vezes Bill pegou na bola?
Éverton Ribeiro vai fazendo golaços em profusão. Rafinha está lá fora do país. Emerson já está no Galo, juntando-se a Leandro Donizete que um dia esteve por aqui e teve uma ótima performance. Marcos Aurélio está desfilando pelo Sport na Série B. E Leo Gago por onde anda? E o Willian só não foi para o Grêmio porque detalhes não deram certo. E o Davi? Por onde anda mesmo o Davi?
Com Robinho contundido, que é(ou era) o motorzinho do time, que se desloca(va) prá lá e prá cá, que traz(ia) a bola de trás, e com Deivid ainda contundido, tendo a companhia de Leandro Almeida e Junior Urso, o Coritiba das dez, onze ou doze primeiras rodadas já não é mais o mesmo.
E eu que acreditei que o Coritiba pudesse brigar pelo título brasileiro de 2013...
Com as últimas atuações do Coxa, jamais ele lutará pelo título e a vaga na Libertadores parece ser um sonho, apenas um sonho longínquo e nada mais do que apenas um sonho.
Vinte e oito anos se passaram da nossa primeira conquista nacional via Campeonato Brasileiro. Quantos anos serão necessários ainda, para que o Coxa volte a chegar ao pódium novamente?
Estou decepcionado. E a culpa não é do Marquinhos Santos e não era do Marcelo Oliveira. E digo mais, não é do Vilson Ribeiro de Andrade. O Sr. Vilson é um homem de visão e fez e faz tudo para que o Coritiba esteja sempre nos trilhos, mas o molejo do futebol requer flexibilidade de um lado e certa rigidez do outro. E é exatamente aqui que entra o que chamamos de Gerente de Futebol.
Por que o Coritiba é já, à alguns anos a equipe onde a fila de contundidos, lesionados aumenta, aumenta e aumenta?
Contundir-se em um Campeonato Brasileiro longo e difícil é normal. Agora, na profusão atual e que já vem de 2 ou 3 anos atrás, quem tem o mínimo de discernimento, sabe que isso não é normal coisa nenhuma.
Você trocar 1 ou 2 atletas de um jogo para outro não modifica muito o plano de jogo. Agora, você ser obrigado a trocar 3, 4, 5 ou até 6 atletas na escalação inicial, de uma partida para outra, arrebenta com qualquer esquema técnico tático.
E aí o que vemos, o que assistimos é isso, adversários aparecendo totalmente livres próximos da nossa área ou dentro da nossa área. Repararam como aconteceram os dois primeiros gols do Botafogo. O terceiro foi uma pintura de gol do Hyuri, mas no primeiro e no segundo gol, os caras fizeram tudo sem que fossem sequer acoçados.
Aquele meu sonho de 1985 - 2013 foi pras cucuias. Aquele meu, "Eu Acredito" 1985 - 2013 foi pro espaço.
Infelizmente, mais uma vez... vou ter que me contentar com o Campeonato Brasileiro conquistado pelo Coritiba em que integrei o elenco como atleta. É óbvio que tenho muito orgulho do feito e sou honrado por isso e me considero um privilegiado por ser um dos atletas Campeões Brasileiros de Futebol pelo Coritiba, mas eu queria, um dia, ver o Coritiba Campeão Brasileiro da arquibancada também. Fazer o quê, esse ano não vai dar mais.
Qual é mesmo a flexibilidade ou qual é mesmo a certa rigidez que um Gerente de Futebol precisa ter?
Não adianta trocar técnico. O Marcelo Oliveira foi embora. Qual é mesmo o time que o Marcelo Oliveira está dirigindo? Aliás, saiu do Coxa e foi prá lá, não é mesmo? Quem é o líder absoluto do Brasileirão atual?
O problema, me parece, no Coritiba, não está na peça que dirige os atletas dentro do gramado. Antes diziam que o Marcelo Oliveira era retranqueiro, que ele não tinha audácia. Agora, Marquinhos Santos tira volantes e coloca meias. Alguém vai dizer que Marquinhos Santos é audacioso demais?
Acho que está na hora de trocar mesmo é a Gerência de Futebol e ponto final.
Mas nada de jogar a toalha. O São Paulo vem aí. O São Paulo está em crise, mas que o time paulista continue em crise ou ela aumente mais ainda no domingo.
O Coritiba precisa jogar bola frente ao São Paulo e conquistar os 3 pontos e obviamente que a torcida coxa-branca, mesmo entristecida pelo decréscimo de produção da equipe, vai apoiar e muito o verdão.
Vamos lá Nação Coxa-Branca. Força.
S A V
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)