Neste final de semana me desloquei até a cidade de Foz do Iguaçu para participar de um casamento. Assim, não pude me fazer presente no jogo do Coritiba frente ao Criciúma, no Estádio Major Antonio Couto Pereira. Após a cerimônia religiosa, aconteceu a confraternização. Pensei cá comigo: não vou poder acompanhar ao jogo do Coxa contra o Tigre, nem sequer no radinho. Imaginei que não seria muito indicado acompanhar a partida durante os festejos do casamento.
Mas eis que para minha surpresa por lá estavam vários torcedores do Coritiba e alguns foram para a festa, após a cerimônia religiosa, portando notebook e em paralelo à confraternização, entre um momento e outro, acompanhávamos a partida. Alguns estavam bem próximos nas mesas ao lado e a todo instante eu era informado como estava a partida. Para minha decepção e de todos os coxa-brancas presentes na festa de casamento e obviamente de todos os que se encontravam no Couto ou em outros locais, o Coritiba sofreu o primeiro gol do Criciúma. Na continuação da partida, o Coxa chegou ao empate e quando comemorávamos, fomos surpreendidos por um novo gol do Tigre, 1 minuto após a igualdade no marcador. Uma pena, pois o placar final do jogo apontou Coritiba 1 X 2 Criciúma. Foi o tempo em que, o Coritiba dentro do Couto Pereira, era "quase" imbatível.
Após o término do jogo comecei a fazer cálculos, mais uma vez. Pensei: o Fluminense não pode ganhar do São Paulo, o Vasco não pode surpreender o Corinthians no Pacaembu, o Bahia não pode vencer o Náutico e por aí vai.
O Vasco não venceu o Corinthians, mas o Fluminense ganhou do São Paulo e o Bahia com um placar magro de 1 X 0 também venceu o Náutico.
O Coritiba está na Zona de Rebaixamento.
Tristeza total.
Tristeza sim, desespero jamais. No futebol, todos sabemos que nem só de vitórias se vive.
Das derrotas devem se tirar lições.
Ao chegar de Foz do Iguaçú, no domingo, ali por volta de 17h00, liguei a TV que já estava sintonizada em uma determinada emissora e assisti algo que me emocionou muito, demais.
Fernando Fernandes que "tentou" ser ou "foi" jogador de futebol, modelo, etc, era o entrevistado da vez. Ele mostrou ao Brasil o que é "superação", o que é realmente "superar-se".
Não vou descrever aqui a entrevista inteira que assisti. Vou partir do "quase" último ponto. E esse "quase" último ponto contado por Fernando Fernandes dizia que ele, após jogar uma partida de futebol com amigos e não haver comido quase nada naquele dia, entrou no seu carro, ligou o motor e partiu para o local de destino. Só que ele não chegou a esse destino. No caminho ele apagou. Quando acordou olhou para um lado e viu 3 loiras e do outro lado, 2 senhores. Todos estavam de branco e tudo era branco no recinto. Ele, vendo aquelas 3 loiras(ainda teve espírito para brincar na entrevista) imaginou estar no céu. Mas não estava entendendo nada. Só que quando fez alguns comandos mentais notou que suas pernas não obedeciam. É, ele estava paraplégico. O mais interessante é que não se desesperou. Que força do rapaz. Difícil enfrentar uma situação dessas. E ele enfrentou de peito aberto e principalmente com muita força mental. Um rapaz muito bonito que já havia feito gravações para uma conhecida marca de perfumes, após ter tentado algo no mundo da "bola", que iriam ao ar dentro de algum tempo, após um acidente automobilístico que o deixou paraplégico, poderia se entregar, cair na depressão. No entanto, não foi o que aconteceu com ele. Ele pensou como poderia continuar "vivendo". Aí leu algo sobre canoagem. E rumou para esse caminho. Ligou para uma instrutora famosa de canoagem e perguntou a ela quais eram os dias de aula. Ela respondeu: nas terças e nas quintas. Perguntou ele: posso participar? Ela disse: claro que pode. Só depois ele contou que era paraplégico. A moça ficou muda no telefone por alguns segundos, mas depois desse tempo, disse que ele poderia se dirigir até o local quando quisesse. Foi o que ele fez. Sem técnica, mas com muita força e meio desajeitadão ele começou as aulas. E a instrutora e um professor de canoagem notaram que o "rapaz" tinha uma força incrível. Essa força vinha muito mais da mente do que até do próprio corpo(lógico que como ele era modelo e atleta tinha o corpo preparado de alguma forma também). Resumindo: depois de quatro meses de treinos tornou-se campeão sul-americano de canoagem. E na continuação tornou-se também campeão "mundial" de canoagem. Detalhe: o rapaz tornou-se campeão brasileiro após ter sido campeão sul-americano e campeão mundial. Interessante isso. E a coisa não para por aí. Ele serviu(e continua servindo) de exemplo para outros paraplégicos. Algumas outras pessoas nessas condições entraram em contato com ele e pediram o seu apoio. Ele atendeu a todos muito bem e alguns deles já arrebataram algumas medalhas e todos foram unânimes em afirmar que adquiriram forças após ver e sentir a força de Fernando e que a partir disso mudaram também a sua vida, o seu dia a dia, na ordem de 180 graus.
Vejam: após um acidente automobilístico uma pessoa que fica paraplégica possui imensas possibilidades de entregar os pontos, entrar em depressão, etc. Só que com Fernando Fernandes, esse ícone da canoagem nacional, sul-americana e mundial, que tornou-se conhecido internacionalmente na modalidade, foi diferente, muito diferente.
Esse lindo, contagiante e emocionante exemplo dado(e que continua a ser dado diariamente por Fernando Fernandes), nos mostra que de algumas derrotas podem se tirar lições e o resultado também pode ser excelente.
O Coritiba não está, não ficou paraplégico, mas está "mal das pernas".
Com fé, com coragem, com determinação, aplicação, dedicação e principalmente com uma mente forte, os atletas que hoje fazem parte do elenco coxa-branca podem reverter o quadro.
É preciso reagir. Só que para reagir positivamente na situação atual do Coritiba é necessário ser forte, pensar positivamente, acreditar e passar por cima das adversidades, dos obstáculos ou do que aparecer na frente.
Quero dizer à todos os atletas do Coritiba, à todos que fazem parte do elenco atual do Coritiba que acredito em vocês e sei que serão capazes de reagir. Mas, quem precisa acreditar nisso, crer nessa possibilidade, são exatamente vocês, e quem tem que lutar com todas as forças, também são exatamente vocês e ninguém mais. Continuo com vocês, atletas coritibanos. É preciso lutar, levantar a cabeça e tirar forças lá do fundo da alma e principalmente da "mente", para que o corpo possa responder e a coisa se modificar, após 270 minutos de "partidas".
Pensem na atitude que "Fernando Fernandes" teve quando se deparou com a situação de ter ficado paraplégico. Ele teve uma força fenomenal. É o que vocês, atletas coxa-brancas precisam ter nesse momento. Mas, como disse, é preciso ter fibra, ter força mental. Condições físicas e clínicas vocês possuem, são saudáveis. O que é necessário nesse momento é ter uma "mente forte". Preparem-se emocionalmente e adequadamente para as 3 últimas batalhas da guerra do atual Campeonato Brasileiro.
Saudações Alvi-Verdes
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