Dorival Mateus da Costa que nasceu em Uraí veio para Curitiba e inicialmente instalou-se no Bairro Alto. Naquele bairro conheceu um pedreiro que também era técnico de um time que fazia algumas peladas.
O pedreiro convidou Toby para bater uma bolinha no time dele e o nosso querido, estimado, amado, sincero, humilde, simples e alegre Dorival prontamente aceitou.
Quando o técnico pedreiro, ou seria pedreiro técnico, viu Toby desfilando no gramado com aquela elegância e com o fino trato com a bola, posicionando-se certinho nas quatro linhas, marcando e desarmando os adversários e ainda criando jogadas de forma nata, objetiva, ao mesmo tempo de forma simples e com rara beleza, ele parecia não acreditar no que estava presenciando.
Para nossa sorte e alegria e sorte do Coritiba, o pedreiro naquele momento, prestava alguns serviços ao Coxa.
O pedreiro técnico logo pensou: vou levar esse menino para o Coritiba.
Insistentemente o pedreiro procurou diretores do Coritiba e também pessoas ligadas ao departamento de futebol da base do nosso alviverde e falou de Toby e que ele queria trazer o Dorival para treinar e jogar no Coritiba Foot Ball Club.
E o técnico pedreiro, o pedreiro técnico conseguiu o seu intento.
Tive a honra, a alegria, a felicidade e sei lá o que mais, de conhecer Toby em 1978 quando ele chegou no Coritiba e mostrou para todos nós que tinha jeito e muito jeito na arte de jogar futebol.
Um menino vindo do interior, quietinho, ele foi crescendo, crescendo e todos sabem onde ele chegou.
Tínhamos um grupo unido, forte e muito qualificado, naquela época nas categorias de base do Coritiba, tanto que fomos Campeões, Bicampeões e Tricampeões da Copa Tribuna de Futebol Júnior em 1979, 1980 e 1981.
E Toby, o nosso Dorival, foi galgando degraus e chamando a atenção de todos aqueles que conheciam um pouco de futebol.
Não demorou muito para o nosso querido e lindo por dentro e por fora Tobinho ganhar oportunidades na equipe profissional do Coritiba.
Em 1982, o Coritiba teve um problema com a marquise do Estádio Major Antônio Couto Pereira(antigo Belfort Duarte) e gastou uma boa grana para solucionar a questão.
Com isso, o Coxa não teve como contratar muitos atletas. Contratou alguns poucos e nós da base em número elevadíssimo de garotos, disputamos o Campeonato Paranaense daquele ano. Não fomos lá muito bem, mas mostramos que tínhamos potencial para continuar vestindo a camisa alviverde. E Toby, ora com a "5", ora com a "8", ia se destacando.
No ano seguinte, em 1983, disputamos a final do Paranaense com o nosso maior rival, também com um número elevadíssimo de garotos no elenco e poderíamos termos nos sagrado Campeões Regionais, mas quis o destino que isso não ocorresse. O rival jogava pelo empate na última partida decisiva. O placar apontava 1 X 1 e Lela foi ao fundo, driblou Rafael e cruzou. Ela foi certinha para Freitas(conhecido como o artilheiro do Fantástico e que foi para outro plano há poucos meses atrás), mas caprichosamente deu uma leve quicada e Freitas chutou por cima do travessão. Ali nós poderíamos ter vencido o Campeonato Paranaense de 1983. Mesmo sendo vice-campeões a torcida coxa-branca nos aplaudiu em pé ao final daquele jogo e do Paranaense, mas esse ano sem Toby porque ele havia sido emprestado. Quem sabe se Toby tivesse, poderíamos ter conquistado o título.
Em 1984, Toby voltou e jogando de volante, com a "5", foi eleito o melhor jogador do Campeonato Paranaense, e no Brasileirão daquele ano ficamos entre os 8. Naquele ano foi feito um sorteio para ver quem pegava quem. Em 84 tivemos o azar(não sei se é bem essa a palavra) de sermos sorteados para realizarmos duas partidas contra o Fluminense, uma aqui em Curitiba e outra no Rio de Janeiro, no Maracanã.
Empatamos a primeira aqui em Curitiba e tínhamos que vencer o Flu lá no Maraca, pois o Fluminense com melhor campanha podia jogar por dois resultados iguais. Perdemos lá no Maracanã. Mas também o Flu naquele ano era uma máquina, com Tato, Delei, Romerito, Assis, Washington, Branco, Leomir(que também era da nossa base aqui e foi trocado pelo Lela em 1983) e outros mais. E ficou comprovado que o Flu era realmente uma máquina em 84, pois foi ganhando um a um dos adversários e sagrou-se Campeão Brasileiro de Futebol naquele ano. Se tivéssemos caído no sorteio, quando ficamos entre os 8, com qualquer outra equipe, talvez tivéssemos ido mais longe. E Toby se sobressaindo.
Aí veio 1985 e oito jogadores da nossa base: Gerson, André, Vavá, Hélcio, Toby, Elizeu, Gil e Luisinho continuamos integrando aquele elenco e com a vinda de mais dois atletas feitos no Colorado, Dida e Marildo, éramos um grupo de 10 jogadores feitos no estado do Paraná. E Toby continuava a cada dia se sobressaindo e surpreendendo positivamente a todos.
Com a contratação de grandes atletas de outros centros do Brasil íamos nos fortalecendo e inclusive um que veio da Seleção Boliviana, Aragonés, que era o "10" da Bolívia também foi contratado.
Aragonés foi contratado, obviamente para ser o titular da camisa "10", mas ele não sabia que por aqui tinha um rapaz que estava em plena ascensão. O nome desse rapaz era Dorival Mateus da Costa, ou simplesmente Toby e o nosso querido Tobinho foi o dono da "10" no Brasileirão de 1985.
Toby foi o nosso representante maior naquele Brasileirão de 1985, quando trouxemos para o estado do Paraná, pela primeira vez na história, o cetro máximo do Campeonato Brasileiro de Futebol.
Toby foi o atleta que mais atuou em 1985, realizando 28 jogos do total de 29 partidas que fizemos.
Toby foi um grande atleta e um ser humano maior ainda. Uma pessoa humilde, simples, que não se deixou levar pelo estrelismo e manteve-se exatamente igual sempre, com todos e em todos os lugares por onde andou. Fez grandes amizades e nos mostrou o que é "saber viver" e nos mostrou ainda a importância da amizade em nossa esfera terrena. Toby foi, é e sempre será, o nosso amigo mais que irmão, o nosso parceiraço de todas as horas, em quem podíamos, podemos e poderemos confiar.
Um dia nos encontraremos novamente Grande Toby, desta vez, em outro plano.
Essa é a minha homenagem a você Dorival Mateus da Costa. Uma homenagem singela, simples, mas sincera grande parceiro, grande amigo mais que irmão Toby.
Valeu Dorival. Valeu Toby. E obrigado por ter nos proporcionado a oportunidade de conhece-lo e contigo convivermos.
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