Quando eu e meus companheiros atuamos dentro do gramado como Atletas Profissionais de Futebol, lembro-me como se fosse hoje que o pai do Vavá e o meu pai torciam nos diversos estádios, e ficavam lado a lado com atleticanos, torcedores do Colorado e do Pinheiros e por aí vai. Assistiam os jogos, todos esperando, antes e acima de tudo, um espetáculo, um toque de três dedos, um lançamento categorizado, um gol que surgia através de uma tabela ou um algo mais que deliciasse a todos os presentes.
E eles assistiam isso, misturados no meio das mais diferentes torcidas.
É, aquele futebol mudou. Aquele futebol hoje já não é mais o mesmo. Dizem os experts da bola que o futebol evoluiu. Será que o futebol evoluiu ou involuiu?
Fato é que naquela época quando você citava um jogador, você logo associava a figura dele a algum time, a alguma equipe, a algum clube.
Quando citavam Zico você lembrava do Flamengo, quando falavam do Falcão você associava rapidamente ao Internacional, quando se discutia sobre o Vasco da Gama você logo falava algo sobre Roberto Dinamite. Quando alguém falava sobre futebol no estado do Paraná você associava Sicupira a um dos times do nosso território. Quando discutia sobre bola não tinha como falar de Nico, de Nilo ou de Hermes sem pensar no Coritiba Foot Ball Club. Hoje é diferente, muito diferente diga-se de passagem. Aladim marcou época aqui no Paraná e olha que ele veio do Corinthians. Jairo, grande figura, grande ser humano jogou em outras equipes, mas não tem como dissociar o Jairão do Coritiba. Alguém lembra do Alex do Água Verde? Alguém já ouviu falar do Charrão?
É minha gente, o futebol era assim. Os valores eram outros. A gente jogava por amor. Lógico que tínhamos uma certa compensação financeira para nos mantermos, mas os números, as cifras, eram muito diferentes.
Zico foi para a Udinese. Falcão virou o rei de Roma. E o Roberto Dinamite tornou-se presidente do Vasco da Gama.
Hoje, no futebol atual, alguns dão uns dois ou três chutes em la pelota, e pronto. A conta bancária vai ficando além da imaginação. Os desfiles de automóveis são os mais diferenciados possíveis entre a "boleirada"(desculpe o termo chulo e desculpe aos meus colegas de profissão do passado) e tudo flui como se o panorama fosse totalmente normalíssimo.
Alguns recebem R$ 250.000,00, outros R$ 300.000,00 e outros ainda vencem facilmente e rapidamente a casa dos milhões.
É, o futebol nostalgia ficou para trás. O futebol nostalgia já era. Hoje tem fisioterapeuta, tem nutricionista e por aí vai. Aquela época não tinha nada disso. Os equipamentos em que fazíamos "peso" eram rudimentares. Puxávamos rolo na pista de areia do Couto Pereira para nos prepararmos fisicamente. Será que aquilo tudo era certo? Se era certo ou não, não sei, mas eram as maneiras que os Preparadores Físicos da época encontravam para dar um "up" no elenco. Carlinhos Neves já tinha, naquela época, as pranchetas embaixo dos braços e ele já buscava um novo rumo, preocupando-se com a tal evolução, com o que viria, fazendo cálculos. Eu não entendia nada daqueles números do Carlinhos Neves e vez por outra tentava ver o que tinha naquelas pranchetas dele. O tempo passou, vários atletas são ex-atletas, aliás "lei da vida". Fato é que tudo mudou.
Na época de outrora as coisas não funcionavam assim. A chuteira pesava quase 2 quilos, a bola era daquele jeito e pouquíssimos conseguiram a independência financeira "jogando bola". Os campos não eram "lisinhos" como atualmente. E tem gente que ainda reclama. Hoje é diferente.
A nostalgia do futebol acabou. Atualmente e já lá se vão alguns anos, o futebol é um negócio. Os loucos por futebol continuam torcendo, continuam acompanhando esse ou aquele time. Mas será que o "tal espetáculo" de hoje merece a atenção desses loucos por futebol? Algo a ser refletido, analisado profundamente.
O torcedor se associa a um clube, acompanha seu time, segue seu clube e muitas vezes, infelizmente fica na berlinda.
O próximo adversário do Coritiba é o Bahia. O Coxa tem que passar por cima do Bahia. Reparem os números, as cifras do elenco baiano. E quais são as cifras do Coritiba? Ou será que eu estou enganado? Será que o Bahia possui uma folha de pagamento similar a do Coritiba?
Não pesquisei sobre isso, mas assistir alguns atletas desfilando no gramado e que recebem quantias vultuosas, simplesmente passeando no gramado me leva a pensar que algo deve estar fora da conjuntura futebolística.
E daí diretoria coxa-branca? E daí atletas que integram o elenco coxa-branca? Algumas pessoas passam a vida se preparando para atuar profissionalmente. Estudam, fazem cursos disso, daquilo, pós-graduação, mestrado, etc, e não percebem nem a décima parte do que alguns atletas que integram o elenco atual do Coritiba recebem. O que está errado?
Coritiba passe por cima do Bahia.
Lá tem Fernandão que deve ganhar um alto salário, mas quem mais o Bahia tem em seu elenco que recebe quantias tão vultuosas? Será que tem mais algum atleta do Bahia, além de Fernandão, que receba salários próximos ao que Deivid, Botinelli ou Lincoln recebem? Só para citar alguns. Quanto recebe o Leandro Almeida? Alguém sabe?
Essa coluna vai bombar e pode até me trazer alguns problemas, mas não estou preocupado com isso. Acima de tudo isso, está o Coritiba.
Saudações Alvi-Verdes
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