O vexame internacional que a Seleção Brasileira protagonizou na goleada imposta pela Seleção Alemã no triste 7 X 1, deve ou deverá servir para alguma coisa.
Jamais em uma semifinal de Copa do Mundo, entre todas as já disputadas até o momento, um Selecionado tomou uma goleada tão estrondosa como essa. É preciso agradecer aos alemães que pisaram no freio, senão seria 5 vira e 10 termina. Por incrível que pareça o humilhante e vergonhoso 7 X 1, ainda ficou barato. Se os alemães continuassem a jogar futebol como vinham jogando na partida, com certeza, frouxo, iriam balançar as redes brasileiras, pelo menos, em mais 3 oportunidades.
É preciso refletir. É preciso analisar. É preciso repensar.
A fisiologia no futebol brasileiro evoluiu. Evoluiu sim e muito e isso, obviamente é positivo. A Preparação Física modernizou-se. Isso também é positivo, mas precisamos voltar a jogar aquele futebol irreverente, moleque, que jogávamos. A ginga estava sempre presente em nossos gramados, tanto em campeonatos regionais, como nacionais e os jogadores que vestiam a amarelinha eram, pelo menos, 80% habilidosos e técnicos. Não estou dizendo que não são necessários jogadores marcadores, também isso se faz necessário, porém o Brasil não pode mandar a campo 9 jogadores marcadores e apenas 1 ou 2 com requintes de algo próximo do futebol moleque de outrora. Lembram da jogada do Tostão contra a Inglaterra em 1970 que saiu driblando 3, 4 ou 5 adversários, praticamente dançou em cima da bola, para depois cruzar no peito do Pelé que rolou para Jairzinho estufar as redes adversárias? Lembram da Seleção Brasileira de Futebol de 1982? Ela não sagrou-se campeã, mas encantou o mundo com um futebol que dava gosto.
Depois ainda tivemos Romário, Bebeto, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno e mais alguns que deixavam os jogadores adversários de Seleções consideradas poderosíssimas, simplesmente atordoados, com dribles, tabelinhas, lançamentos milimétricos, etc.
O Brasil quando entrava em campo era respeitadíssimo. Todas as outras Seleções entravam em campo totalmente retrancadas para não correrem o risco de tomarem goleadas históricas. Ano a ano, o Brasil foi perdendo o que tinha de melhor: criatividade no meio de campo e pelas laterais. Desta vez, a Alemanha, em pleno solo brasileiro, não entrou retrancada, veio para cima e parecia mais um salão de baile do que um campo de futebol. Foi sim um verdadeiro baile. Uma verdadeira aula de como se deve jogar futebol. Para nós uma pena. um vexame, uma vergonha, mas para o mundo não. O mundo gostou de ver o futebol praticado pela Alemanha nessa Copa. Ainda terá mais um capítulo, mas os capítulos protagonizados pela Alemanha já encantaram o planeta. Essa derrota, essa goleada histórica jamais será esquecida no Brasil, pelos brasileiros, e no mundo, por todos os povos. As demais Seleções Nacionais de Futebol do Mundo já não respeitam mais a Seleção "Canarinho".
É preciso parar de implantar esquemas, em nossos times, em nossos clubes, que preocupam-se excessivamente apenas em não tomar gols. Esse não é o nosso futebol. Esse não é o futebol brasileiro. Algumas Seleções Nacionais do mundo sabem fazer isso, mas o Selecionado Brasileiro não sabe jogar desse modo. Felipão quis colocar Bernard desde o início, talvez pensando no nosso futebol de outrora, mas não temos mais o improviso no lance, o drible desconcertante, a tabelinha, o cruzamento certeiro, matreiro e malicioso e por aí vai. Com Neymar talvez tivéssemos perdido por 7 X 2 ou 7 X 3.
É necessário parar de demitir técnicos apenas em cima de alguns resultados negativos. Marcelo Oliveira, por exemplo, foi o técnico do Coritiba quando o nosso Coxa chegou à duas finais consecutivas da Copa do Brasil. Não ganhou é verdade, mas chegar em finais da Copa do Brasil não é tão fácil e tão simples assim. Chegar em duas finais consecutivas da Copa do Brasil, este fato, já demonstra que o trabalho estava sendo bem executado. Pois bem, Marcelo Oliveira foi demitido e na sequência sagrou-se Campeão Brasileiro de Futebol como técnico do Cruzeiro. Esse é um exemplo que vivemos a pouquíssimo tempo.
Demitir técnicos em função de não ter sido campeão comandando um elenco, nem sempre é a solução.
Precisamos investir mais nas categorias de base de todos os clubes brasileiros. Não dá para continuar selecionando jogadores para integrarem as equipes de base, seja ela do Corinthians, do Flamengo, do Internacional ou do Coritiba, em função da estatura. Jogador alto nem sempre basta para formar elencos campeões. Jogador com 1,90 m e 100 kg não garante sucesso de uma equipe em campo. Pode sim, selecionarem-se atletas altos, desde que eles tenham um mínimo de traquejo com la pelota. Não dá mais para ficar descartando jogadores de integrarem elencos dos mais diferentes clubes brasileiros, simplesmente porque eles são baixinhos. É alto mas possui requisitos mínimos para ser um jogador de futebol, é baixinho e tem os requisitos mínimos para tornar-se um Atleta Profissional de Futebol, esses sim, devem ser selecionados para categorias de base.
Outra coisa, é necessário que os clubes coloquem como técnicos, preparadores de goleiros, e em determinados cargos, pessoas que possuam identidade com o clube, que gostem do clube e que já tenham feito, dentro do campo, alguma coisa boa por aquele clube. As exigências hoje, transcendem ao que é realmente necessário e até obrigatório se ter para se trabalhar nas categorias de base. Um atleta, por exemplo, que não possui o curso de Educação Física, mas que aprendeu muito atuando como Atleta Profissional de Futebol, pode render muito mais na formação de futuros jogadores do que um Profissional graduado em Educação Física. Vejo que hoje, no Brasil, um profissional com um mini computador embaixo do braço tem mais valor do que aquele que sabe os verdadeiros atalhos do gramado, do que aquele que sabe e pode ensinar a um garoto qual é o momento certo de antecipar uma jogada ou que mostra ao menino que de vez em quando ele precisa dar dois passos para trás para se posicionar melhor, ou ainda, dizer ao garoto que para bater uma falta próxima da área é preciso buscar encobrir o terceiro homem da barreira normalmente, e que um ou dois dribles no momento certo, podem significar a certeza de um gol, mas que existe o momento certo de usar o recurso do drible e que às vezes um toque de primeira pode ser mais objetivo na busca pelo gol. Hoje infelizmente, engessamos o que tínhamos de melhor. É preciso reaprender o que é o futebol e como se deve jogar futebol. Chega de esquemas com 4, 5 ou 6 volantes entre os 11, basta de laterais que não conseguem sequer dar um passe de 2 metros, imaginem então, efetuar um cruzamento bem feito. Não é preciso, algumas vezes, bater forte na bola para se efetuar um cruzamento que possa ser bem aproveitado por atacantes que sabem cabecear e que sabem usar o corpo dentro da área, tirando vantagem no lance, sem a necessidade de fazer falta no adversário.
Tomara, essa goleada histórica e vexatória que a Seleção Brasileira de Futebol sofreu em solo brasileiro, sirva para dar novos rumos ao esporte que o nosso povo mais gosta e que algumas coisas que no passado faziam do nosso futebol, o maior e melhor futebol do mundo, voltem a ser ensinadas para os nossos garotos nas categorias de base dos nossos clubes espalhados por esse Brasilzão, especialmente no Coritiba Foot Ball Club.
Saudações Alvi-Verdes
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)