Fala-se e decanta-se o Planejamento. Diz-se que o Planejamento é de suma importância no futebol. E com certeza é. E no Coritiba não deve e não pode ser diferente, pois o Planejamento precisa ser valorizado e colocado em prática.
Existem vários tipos de Planejamento, e se sobressaem o de curto, médio e longo prazo.
Infelizmente, o Coritiba agora, em se tratando de elenco profissional, só poderá fazer uso de um Planejamento: o de "curto prazo". Em breve, daqui a poucos dias, terá início o Brasileirão(isso se os embrolhos judiciais não abortarem a realização do mesmo) e infelizmente("de novo") ninguém sabe qual é o time, quais serão os jogadores ou qual será o plano de jogo do Coritiba nas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2014. Todos nós, torcedores, diretoria, presidência, comissão técnica que está respondendo por isso atualmente, enfim todos, só sabemos de uma coisa: com o elenco que aí está levaremos bomba, tundas e mais tundas nesse Brasileirão. Algo precisa ser feito e rápido, a "curto prazo", para evitar uma nova catástrofe, ou seja, mais uma vez o Coritiba deixar a elite do futebol brasileiro.
Esse é o panorama atual.
Mas, como jamais em um clube de futebol moderno, pode-se deixar de se projetar o futuro, ou de vislumbrá-lo, é preciso, em paralelo a esse panorama atual, e que não é nada bom, desenvolver projetos, estudos e fazer análises que possibilitem a implantação de Planejamentos a médio e a longo prazo que possam vir a trazer, daqui, a 2, 3, 5 ou 10 anos, resultados significativos, expressivos e de sucesso.
Pois é senhores. O maior segredo para o Coritiba voltar a ser um clube vitorioso são as suas categorias de base.
No momento atual, constatamos, através das muitas oportunidades que vários e vários garotos tiveram, principalmente nas rodadas iniciais do campeonato paranaense, que algo não está funcionando de acordo nas categorias de base do Coritiba. Se as coisas não funcionarem a contento nas categorias de base, ano após ano, o clube terá que continuar montando elencos a toque de caixa e sabemos, de antemão, que isso no futebol, dificilmente dá certo. Quais ou quantos garotos se saíram bem nas oportunidades que tiveram em 2014?
Para exemplificar vamos citar o exemplo do Flamengo da década de 80. O Flamengo tinha um timaço. O Mengo possuía um elenco forte. Com isso conquistava quase todos os Campeonatos que disputava naquela época e esbanjava o "bom futebol". Quantos atletas daquele time, daquele "elenco" do Flamengo eram oriundos das categorias de base do time carioca?
Podemos pegar um exemplo nosso, da década de 80 também. Quantos atletas oriundos das categorias de base do Coritiba fizeram parte do elenco Campeão Brasileiro em 1985?
Tem mais um exemplo que podemos citar e de boca cheia. Um clube denominado Santos. Além de ser o time em que o maior ídolo "mundial" de futebol surgiu, lá é um tal de fabricar Diegos e Robinhos, Elanos, como se tudo fluísse normalmente. Depois, Neymar, Ganso e Cia. E agora? O que me dizem desse time do Peixe, desse elenco atual do Santos que estará decidindo o Campeonato Paulista?
No Santos isso tem uma explicação até empresarial. Lá o Planejamento se faz presente de verdade. Começa pelo estatuto do clube. No Estatuto do Santos contém a obrigatoriedade do clube investir "ao menos 10%"(e às vezes o Peixe investe bem mais do que só 10%) de todas as suas receitas, nas categorias de base.
Outro quesito muito importante e bota importante nisso é de que nas categorias de base do Santos, os técnicos das categorias de base e ocupantes de outros cargos e funções, são ex-atletas do próprio clube e que amam o Peixe. Eles, além de terem o seu "ganha pão" no Santos, desempenham seus papéis por lá, com muita dedicação e principalmente "muito prazer". Tudo que se faz com muita dedicação e com muito prazer tem amplas possibilidades de dar certo. É o que acontece no Santos e com o Santos. Não é por acaso que ano após ano surgem vários(muitos mesmo) atletas oriundos das categorias de base do time santista com qualidades difíceis de serem encontradas por aí atualmente. Detalhe: os olheiros(e que não são poucos) espalhados pelo Brasil, "do Santos", normalmente são ex-atletas do Peixe. Será que o "olhar clínico" de quem já sentiu o cheiro de zig nos vestiários, de quem já pisou nos gramados vestindo a camisa oficial do Santos não contribui para esse, revelar e lapidar jogadores de qualidade de penca no Santos?
Com todo respeito aos profissionais que trabalham nas categorias de base do Coritiba e que inclusive alguns deles já sentiram o cheiro de zig nos vestiários, já vestiram camisas de outros times profissionais, mas entendo que para trabalhar no Coritiba, com a garotada de 12, 13, 15, 16, 17 ou 18 anos de idade, os técnicos e os ocupantes das mais variadas funções e cargos no alvi-verde genuinamente paranaense, precisam ter identificação. Aquilo que chamamos de "identidade" tem peso e bota peso nisso, no que se refere à revelação, lapidação de atletas nas e das mais diferentes categorias de base. No Coritiba está faltando isso, infelizmente. Mas sempre é hora de mudar, de modificar coisas que não estão tendo o resultado esperado ou almejado.
Enquanto não se implantar isso e mais algumas outras coisas no Coritiba Foot Ball Club, vamos, ano após ano, montando e desmontando elencos e quando muito, o nosso querido e amado Coxa, será apenas Campeão Paranaense. Não que ser Campeão Paranaense seja pouco. Ser Campeão Paranaense é importante sim. Ocorre que o Coritiba pode ser, além de Campeão Paranaense um clube Campeão Brasileiro novamente, fato ocorrido em "1985". É por isso que a Nação Coxa Branca quer e clama por um título nacional. Ninguém cobra de quem não tem condições de realizar algo. O Coritiba Foot Ball Club, desde que estruturado, com Planejamentos embasados nas coisas básicas do "futebol", com práticas em que a visão diferenciada se faz presente, pode sim ser novamente Campeão Brasileiro de Futebol.
O maior segredo do Coritiba para voltar a ser um clube vitorioso está em investimentos nas suas categorias de base e em arrebanhar pessoas que tenham identidade com o clube e que saibam os verdadeiros atalhos das quatro linhas. E olha que aqui em Curitiba tem muita gente com essas características. Não é nada difícil encontrar essas pessoas. É só querer. Ou se faz desse modo ou durante mais três, quatro ou cinco décadas, seremos apenas coadjuvantes no Campeonato Brasileiro de Futebol e ocuparemos sempre o grupo daqueles clubes que lutam a temporada toda, até a penúltima ou última rodada para não cair. A verdade nua e crua é essa. A realidade do futebol é essa. Na década de 70, na década de 80, o segredo dos clubes de sucesso, daqueles que conquistavam títulos importantes, era essa, vinha das categorias de base e hoje, mesmo com toda a modernidade, com toda a evolução(será que o futebol evoluiu mesmo no Brasil?), continua o segredo se localizando exatamente nas categorias de base.
É óbvio que precisa existir a "mescla". Jogadores mais tarimbados atuam como uma espécie de alicerce para os atletas que ascendem das categorias de base para o profissionalismo. Mas, detalhe, seja jovem ou experiente, o atleta precisa, necessita ter "qualidade". Algumas coisas esse ou aquele atleta aprende, outras não. Agora, quem tem jeito pra coisa, pode evoluir e muito, "fazer melhor", se tiver um ensinamento, um acompanhamento também de "qualidade" e de "amor" e "prazer".
Saudações Alvi-Verdes
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