Craques.
Os craques hoje em atividade no Brasil não são tantos assim. Em outros tempos dá para dizer que brotavam craques. Pelé, Rivelino, Gerson, Tostão, Jairzinho, Clodoaldo, Piazza e Cia. representaram e muito bem a legião de craques em 1970. O Selecionado Brasileiro conquistou o tri-campeonato mundial com todos os méritos. Naquela época, um menino ainda, meu prazer maior era ligar a TV e assistir os dribles desconcertantes, as tabelinhas, os lançamentos milimétricos, os cruzamentos certeiros cheios de veneno. Eu me deliciava com aquilo tudo. Infelizmente hoje, esses tipos de lances acontecem pouco e em algumas partidas durante os 90 minutos, eles não acontecem e o placar termina fechado. Vez por outra eles ainda ocorrem, como aquele golaço do Lincoln contra o Vasco. A bola veio na medida, Lincoln dominou esplendorosamente e num voleio sensacional mandou para as redes.
Em 1982, quando já atuava profissionalmente, vestindo a camisa coxa-branca, Zico, Sócrates, Falcão, Júnior, Éder e Cia, representaram a geração de craques daquela época. Dessa vez o Brasil não ficou com o título, mas encantou o mundo em cada apresentação naquele mundial. O número de craques na década de 80 ainda era muito grande. Cada time tinha pelo menos 3 ou 4 craques em sua equipe.
Atualmente são poucas as equipes que possuem craques em seus elencos.
Existe diferença e não é pouca entre um bom jogador e o craque.
E quem não quer que o Coxa tenha um time de craques?
Qual torcedor coxa-branca não imagina o time alvi-verde recheado de craques?
Seria muito bom, seria ótimo termos em cada posição, um craque, no novo time do Coritiba em 2013.
Sem devaneios, nos dias de hoje, isso é quase impossível ou é impossível mesmo.
Uma pela escassez de craques. Já não brotam mais craques como outrora. Será que a diminuição dos campinhos espalhados pelos bairros tem algo a ver com isso? Quando vim de Piraí do Sul(lá jogava bola todos os dias), interior do Paraná, para Curitiba, ainda menino, em pleno bairro da Água Verde, como em muitos bairros de Curitiba, existiam campinhos com morros e tudo. A gente tinha que driblar o adversário e se livrar dos morrinhos. Será que isso não ajudava no aprimoramento dos dribles da molecada? Vez por outra a bola esbarrava nos morrinhos e dificultava o domínio. Infelizmente ali na Água Verde e nos diversos bairros de Curitiba, não existem mais aqueles campinhos. Existem agora, vários e vários edifícios. Mais tarde, mudei-me com meus pais e irmãos, para o bairro seminário e lá além do campinho, a piazada fazia as famosas travinhas e além de jogarmos no campinho, jogávamos na rua mesmo. Que tempinho bom. Jogávamos na rua e demorava para passar um carro. Quando vinha o carro o jogo parava e todos ficavam aguardando ansiosamente o carro passar para o jogo reiniciar. Atualmente, com essa enormidade de veículos circulando não dá nem para jogar bola na rua. Sem falar nas questões de segurança. Como o espaço da rua, em sua largura, é pequeno, se aprendiam naturalmente coisas que hoje só se aprendem em escolinhas de futebol.
E a outra situação que torna praticamente impossível para um time ter um craque em cada posição, são os valores exorbitantes que tem que ser desembolsados para que o clube tenha, pelo menos bons jogadores. Se para se formar um elenco com bons jogadores, não é fácil, com craques então, a coisa só se materializa através de devaneios.
Hoje o Coritiba se dá ao luxo de já ter um craque em seu elenco para 2013. Será que preciso dizer o nome dele? Só que uma andorinha não faz verão. Depositar todas as fichas em cima de apenas um craque não dá. Esse atleta não pode ser o salvador da pátria e resolver tudo sozinho. É preciso que ele tenha companheiros em campo que o auxiliem. E esse atleta, senhores, já não deve ser mais o mesmo de 10 anos atrás. Já está com uma certa idade. Não esperem que ele vá fazer tudo do jeito que fazia a uma década atrás. Com certeza ele pode ajudar o Coritiba, e muito, mas desde que tenha ao seu lado, atletas com bom nível técnico.
Ao término de cada ano costuma-se fazer um balanço. A torcida faz o dela e a diretoria executa a sua análise. A análise da torcida é fria e sem muito cálculo. Vai logo dizendo. Esse jogador serve, esse tem que ser dispensado, aquele é imprescindível. A análise da diretoria é diferente. Ela tem que trabalhar com os pés no chão. A diretoria atuou inteligentemente, somada a vontade do atleta, e já tem um craque para 2013. Com certeza, existirão casos em que a vontade da diretoria será emprestar, devolver ou até vender determinados atletas, mas pelas condições financeiras isso não é ou não será possível. Muita coisa interfere na montagem de um elenco. Só que em 2013 a torcida vai querer um elenco capaz de ir pras cabeças, como dizemos na gíria do futebol.
Claro que a diretoria tem que fazer todos os esforços possíveis e em alguns casos romper limites para montar um elenco forte, competitivo e comprometido que possa trazer ao Coxa, resultados mais do que apenas satisfatórios. Mas, no fundo, no fundo, a gente sabe que não é tão fácil e tão simples trazer atletas que encaixariam perfeitamente no projeto tão falado, decantado e que está em andamento. Quem sabe, com um esforço daqui e outro ali não dá para o Coritiba ter em 2013 um elenco, pelo menos, nos moldes daquele de 2011 ou até melhor que aquele.
Quem não quer ter um time de craques?
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