Estrela Dourada
Sou geólogo. Nessa profissão, temos que aprender a ver o tempo de maneira diferente. Estudamos um planeta que tem 4,5 bilhões de anos.
Um geólogo é um “bicho” capaz de chegar à Chapada Diamantina, em pleno interior da Bahia, olhar as rochas que compõem aquela paisagem maravilhosa, e concluir que, há um bilhão de anos (em média), parte daquela região ainda estava coberta pelo mar.
Entendo que para um geólogo enxergar um mar “vivo”, onde as pessoas hoje só vêem um sertão árido, é necessária, além da visão científica, certa dose de crença no intangível. Para, em oitenta anos de vida, que é o que eu gostaria de durar, entender um mundo cuja idade tem tantos zeros (oito, mais precisamente), é preciso também compreender o que é a poesia. Em relação ao nosso mundo alviverde, que hoje os jogadores do Coritiba se encarreguem de concretizar o intangível. Da poesia nós, os torcedores, cuidaremos.
Para um geólogo, a Teoria da Relatividade Especial (ou Teoria Restrita da Relatividade – TRR), de Albert Einstein, que entende a idéia de espaço e tempo como uma entidade geométrica unificada, e não como conceitos independentes, dita a visão sobre o que é o mundo, ainda que a despeito de suas poucas excentricidades. Nessa teoria, a dimensão temporal (t), que seria a quarta dimensão, tem papel igualmente importante às outras três dimensões, espaciais (x, y e z).
Eis que hoje, 20 de junho de 2012, talvez seja o torcedor Coxa Branca, além dos físicos e dos geólogos (eu fiz a loucura de juntar as três coisas: sou geólogo, fiz mestrado em Geofísica e amo o Coritiba...), quem mais perceba a importância da dimensão tempo.
Certamente, até a hora do jogo contra o São Paulo, as horas parecerão anos. Iniciada a partida, os minutos virarão frações de segundo. Cada gol do Coritiba (e eles virão, certamente) durará uma eternidade.
Einstein publicou a TRR em 1905. Mais que a física do Universo, ele descreveu nossa existência. Quatro anos depois, nasceu o Coritiba. Mais que um clube de futebol, parte importante do sentido da nossa existência. Nos “nossos” quase 103 anos de vida, muitas foram as horas que passamos juntos da glória. Pois que ao final dos noventa minutos do jogo de hoje, sejamos brindados com a alegria daquele instante que parece ser infinito enquanto dura.
Muita força pra ti, Coritiba!
xxx
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)