Estrela Dourada
A possível saída de Willian do Coritiba não passa de uma fumacinha, uma notinha de seu agente informando ter sido apenas um bate-papo com um clube da Itália, como reproduzido nessa matéria do CXn.
E espero que seja só isso mesmo. Que seja apenas uma tentativa de valorização (merecida) do atleta, ou mesmo um simples boato sem fundamento. Ainda assim, serve como alerta, por relembrar recentes perdas de jogadores importantes para o clube. Quanto à Willian, seria completamente absurda a venda desse jogador. Mais do que isso, seria uma completa estupidez. Fosse verdade, tipo uma confirmação dessa tendência de doar bons jogadores, como continuar a falar em título? IMPOSSÍVEL ganhar alguma coisa grande se desfazendo de jogadores como Rafinha e Willian (e por merrecas), e mantendo como titulares absolutos jogadores como Robinho e Urso (e falo em termos de qualidade técnica, antes que venham com "estatísticas" de assessorias de imprensa, que transformam chutes bisonhos em assistências espetaculares). Mas por conta dessa bobagem chamada "Revolução", deveríamos abaixar a cabeça e aceitar tudo, não é?
O Everton Ribeiro foi doado por 3 (ou 4, sei lá, nunca informam nada) milhões de REAIS, e hoje o Cruzeiro está recusando ofertas de 10 milhões de EUROS por ele, segundo essa matéria do site UOL. Rafinha, nosso melhor jogador, também se foi por alguns tostões. E por quanto saíram Davi, Leo Gago, Leandro Donizete, Marcos Aurélio?
Mas não dou três segundo para virem com o papo de que o Willian não era mais o mesmo, que é impossível competir com propostas de fora, que está na hora do jogador fazer o seu pé de meia, que temos q agir como cordeirinhos e aplaudir tudo o que o clube faz, e por aí vai... E não duvido nada que Emerson seja o próximo a ser citado com esse discurso.
Na boa, não sei que ambição, em relação a ver o seu clube se tornar grande, tem um cidadão que aceita tudo passivamente, ou que vai pra internet postar vídeos que parecem ter sido feitos para retardados mentais (e talvez até sejam, pois só esses podem levar a sério esse tipo de “motivação revolucionária” feita com arrotos e palavrões), ou que escreve textos que parecem ter sido ditados por dirigentes do clube, ou que diz que DEVEMOS elogiar TUDO, em nome de uma completa inversão de valores, que é cobrar primeiro da torcida e, só depois, dos jogadores.
“Por 'complexo de vira-lata' entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. Lembrei-me dessa expressão (complexo de vira lata), criada por Nelson Rodrigues, ao observar a choradeira histérica de alguns torcedores, pelo pouco destaque que a imprensa em geral, não somente a paranaense, vem dando à liderança do Coritiba, até agora, no Brasileirão 2013, ou à reação quase homicida de acabar com qualquer coisa que se pareça com um senão, uma crítica, ainda que se trate de futebol, onde a diversidade de opiniões é a regra, não a exceção. Dane-se a imprensa, oras! Por que dar eco a opiniões que temos certeza que estão erradas (e essa pergunta cabe também neste espaço, aos que se julgam mais Coxas do que outros e, ainda assim, insistem em voltar aqui)?
Essa postura, de não aceitar que não se fale ou que se critique qualquer coisa relacionada ao Coritiba nada mais é, pra mim, do que uma consequência do nosso complexo de inferioridade. Essa postura subserviente, de aceitar até esses absurdos de nos desfazermos de nossos melhores jogadores, sem dizer um “a”, de ter que dizer amém a tudo, de ter que endeusar quem elogia e demonizar quem critica, tudo isso nada mais é do que insegurança, trauma, medo de quem sucumbe à sua pequenez quando tem que decidir, quando tem que bater o pé e falar mais alto, quando tem que se impor, enfim.
Grandeza, no futebol, não se faz com palavras. Grandeza se conquista com títulos. E títulos não se conquistam com “apoio incondicional”, com revoluções que pregam aplausos cegos, e com orações para que jogadores medianos possam substituir jogadores diferenciados.
Desde que o campeonato brasileiro passou a ser disputado por pontos corridos, nunca antes havíamos chegado à liderança. Pois quando finalmente a alcançamos, vendemos um de nossos principais jogadores e cogitamos nos desfazer de outros, tão importantes quanto. Alguém acredita mesmo que será possível manter essa liderança, alcançar o título, ou uma vaga à Libertadores, com essa postura de fazer do elogio incondicional, bem como das apostas em jogadores já testados antes, um substituto à manutenção da qualidade (?) do nosso elenco??
Eu aplaudo a capacidade que Marquinhos Santos vem demonstrando no comando da equipe, e louvo a garra com a qual os jogadores têm disputado todas as partidas. Curto ser líder do campeonato, me envaideço com a invencibilidade. Mas tenho consciência que tudo isso ainda é pouco, e não terá significado absolutamente NADA, se não tivermos condições de pelo menos tentar manter o que já temos e nos reforçarmos ainda mais. E, com certeza absoluta, não é se desfazendo de bons jogadores, e mantendo aqueles que ninguém mais quer, ou batendo palmas para tudo isso, que alcançaremos esses objetivos.
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