Estrela Dourada
O título deste post é parte da letra do que eu chamo de Hino do Rebaixamento.
É uma exaltação emocionante de amor ao Coritiba, mas que, ao invés de ser entoada em todos os jogos, marcou um dos momentos mais tristes da nossa história recente (se você conseguiu esquecer, clique aqui se quiser relembrar).
Lembrei-me desse “hino”, pois, a continuarmos nessa passividade, ao continuarmos aceitando o reinado do medo que se impõe como lei nos esquemas táticos do Coritiba, agora TAMBÉM dentro do Couto Pereira, em dezembro próximo será o que estaremos a cantar.
35% de aproveitamento.
Defesa mais vazada do campeonato.
Três derrotas e um empate, em sete jogos como MANDANTE.
Esses números acima, que não foram inventados, muito menos imaginados, mas que são a triste realidade do Coritiba, é que me autorizam a falar em rebaixamento.
Fossem “apenas” esses números a sinalizar um desastre, que boa parte da torcida não quer enxergar, ainda restaria o argumento de que não estamos sequer na metade da competição. Mas a esses sinais estão a juntarem-se outros, que repetem capítulos de um livro com final trágico para nós.
Ao final de 2011, houve a promessa dos dirigentes de que manteríamos 80% da equipe que nos fez sonhar ano passado. Promessa não apenas não cumprida, mas cuja quebra foi tentativamente “compensada” com a contratação de jogadores bisonhos, dos quais Junior Urso é um dos exemplos principais.
Prometeram-nos quatro reforços, mas até agora, agosto, não chegou nenhum.
Parte da torcida já começa a se desentender com a diretoria. Ontem, o presidente Vilson Ribeiro de Andrade, por quem eu tenho profunda admiração e respeito, além de gratidão, pela coragem em assumir o Coritiba no pior momento da sua história, irritado com as críticas de alguns torcedores, referiu-se a eles, segundo um portal esportivo como “esse tipo de gente”. Eu entendo que a cobrança da torcida pode até soar injusta, tamanha a doação do nosso presidente, mas não é injustificada, tamanhas são as lições de 2005 e de 2009 quando, igualmente a este ano, repetia-se o discurso de que não corríamos risco algum.
Se em 2011 tínhamos, pelo menos, a certeza de que, jogando no Couto Pereira, o Coritiba seria um time corajoso, este ano nem isso temos mais. Sim, há times bem melhores do que o nosso, com mais dinheiro, com mais tradição nacional, e que normalmente são favorecidos pelas arbitragens. Mas nada disso nos obriga a ter MEDO deles.
O Coritiba hoje é um time de medrosos, com alguns jogadores de duvidosa capacidade técnica, pretensamente traumatizados pela derrota na segunda final de Copa do Brasil seguida, que obedece cegamente às ordens de um comandante (Marcelo Oliveira) que se acovarda mais a cada dia e a cada jogo que passam.
Outro sinal de que caminhamos para o precipício novamente é que começam a pipocar os discursos de que é preciso união, que não é hora para críticas, que é preciso acreditar, e por aí vai. Mas eu discordo. Não é de discursos óbvios que precisamos.
O que é preciso é deixar a soberba de lado, é deixarmos de nos enganar com esse 2012 mentiroso que tivemos até agora (quando ganhamos um campeonato estadual onde não tínhamos nenhum adversário com o mínimo de condições técnicas – vide onde e como se encontra o nosso maior rival regional, e quando chegamos a uma final de um torneio vencendo apenas UM jogo sobre um time grande), assumirmos nossa condição de brigar para não cair, pararmos de ter medo dos “grandes” clubes, e não deixar que todo o imenso esforço feito até agora, desde a tragédia de 2009, vá por água abaixo.
Eu sou Coxa Branca, com muito orgulho, com muito amor. Nunca virarei as costas para o Coritiba. Mas nem por isso tenho que dizer amém a tudo. Quem ama de verdade, cuida. E cuidado não combina com omissão.
xxx
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)