Estrela Dourada
A torcida organizada grita: "vou dar porrada eu vou, e ninguém vai me segurar".
O presidente do clube chama o torcedor pra briga.
O “sabe tudo” xinga o incauto que se vestiu de vermelho, mesmo quando este segura uma carteira de sócio do Coritiba.
O “mais Coxa de todos” chama de poodle ou de urubu quem ousa expressar sua opinião contrária a esse ou àquele jogador.
Eu chamo de porcarias os jogadores que, em minha opinião, mais atrapalham do que ajudam.
Quem de nós, porém, e portanto, está apto a julgar alguém?
Ainda me choca assistir ao lance da contusão de Bottinelli. Em um primeiro momento, me juntei aos que vociferaram contra Lincoln. Confesso que, ainda agora, tenho vontade de escrever um monte de impropérios e que, se juiz eu fosse, Lincoln não teria nem direito à defesa.
Fica me passando na cabeça a completa falta de necessidade daquela chegada mais forte. Fico tentando imaginar como um lance desses, que teve uma consequência dessas, pode afetar todo o grupo. Arvorando-me de defensor dos “fracos”, trago pra mim um pouco do sofrimento que deve estar a judiar de Bottinelli. Afinal de contas, esse é o caminho lógico a seguir. Ou não é?
Erro. Talvez tudo possa ser resumido nessa palavra: erro. De sangue mais frio, imagino ser muito pouco provável que Lincoln tenha desejado machucar seu colega. E me lembro de quantas vezes, no calor de um momento mais agudo, não pisei na bola também, não errei feio. E em quantas vezes mais farei isso, sem perceber, ou, até mesmo, de propósito, por prepotência.
Não quero posar de bonzinho, muito menos tenho a pretensão de ensinar o que quer que seja. Mas escrevo estas linhas para tentar evitar que meu lado que nunca erra, que nunca comete injustiças, que é perfeito, enfim, pense que é real.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)