Estrela Dourada
Confesso que estou prestes a desistir. Não do Coritiba, clube que eu amo e para o qual não vou virar as costas nunca.
Mas desistir sim de fazer parte desse meio no qual estão inseridas as pessoas que lêem tudo sobre o clube. Desistir de ler, e de escrever, e passar a apenas acompanhar o time em campo (no estádio, pelo PPV ou pela internet), dando o suporte que me é possível (sendo sócio, apostando na Timemania e comprando produtos oficiais) e usando SEMPRE a camisa do Coritiba, coisas essas que já faço, há anos, por sinal.
Nem de longe tenho a pretensão de ser o dono da verdade. Mas certas coisas me soam incompreensíveis. Sei que “notícia boa não vende jornal”, mas acho que nunca vou conseguir entender o porquê de as coisas “ruins” que acontecem com o Coritiba serem sempre supervalorizadas.
O Coritiba empatou com o Paraná Clube. Resultado ruim, sem dúvida alguma, dada a situação de penúria, em todos os sentidos, pela qual passa o clube da Vila Capanema. Mas um resultado perfeitamente aceitável em se tratando de um clássico e, mais ainda, de um clássico no qual a arbitragem teve participação mais que decisiva.
Sim, eu considero o jogo contra o Paraná Clube um clássico, a despeito de respeitar e de entender a opinião de quem não pensa assim. Não sei se acho isso porque sempre me vem à cabeça a decisão de 79, contra o Colorado (2x0 pra nós), o período de freguesia nosso contra o Pinheiros (não ganhávamos dos caras nem com reza braba), ou a época de ouro do Paraná (o penta campeonato deles, em que também não ganhávamos quase nunca). Aliás, considero o Paraná Clube uma de nossas "asas negras" (a outra é o São Caetano).
Porém, independentemente de ser ou não um clássico, não é absurdo ver o Coritiba (ou qualquer outro clube do Brasil) perder pontos para adversários mais fracos. O problema, no meu ponto de vista, é achar que por conta desse resultado nada mais presta e que tudo deve ser recomeçado.
Há muitos anos eu não via o Coritiba começar uma temporada com perspectivas tão boas como esta, de 2011. Base do time mantida (uma surpresa, dada a nossa realidade financeira), contratações pontuais e, em tese, acertadas (Eltinho, Emerson e Maranhão -?-), ainda que não suficientes para nos fazer sonhar com algo grandioso, clube sendo reestruturado administrativa e estatutariamente, e por aí vai. Tenho que concordar com aqueles que acham que o nosso atual treinador é o “calcanhar de Aquiles”, o ponto fraco nesse quadro, mas como há 15 meses eu também não achava que Ney Franco era o cara certo para o Coritiba, não me sinto no direito de julgar um trabalho ainda no início.
O Coritiba conseguiu sair de um inferno, para onde foi jogado pelo despreparo de dirigentes amadores, muito mais cedo do que a maioria de nós imaginava. Lógico que todas essas feridas ainda judiam nossa alma de torcedor e exacerbam qualquer situação ruim, mas será que já é mesmo a hora de dizer que tudo que está sendo feito no clube este ano está errado? Será que esse resultado contra o PC não deve servir mais como um alerta, principalmente em relação ao nosso treinador, do que como uma sentença de que nada presta? E será que todas essas cobranças são realmente justas, pois todos estão fazendo integralmente as partes que lhes cabem e apenas o clube está devendo?
Sinceramente, não consigo achar as respostas para tais questionamentos. Daí eu estar prestes a desistir de tentar entender esse padrão de comportamento de muitos em relação às coisas do Coritiba, e a me afastar de tudo isso. Esse negativismo todo, ainda que motivado em grande parte por tudo que vimos sofrendo nos últimos anos, será realmente o sentimento que nos levará de volta ao rol dos grandes clubes do Brasil? Será que a minha percepção de que o clube está passando por uma transformação é completamente equivocada, e que não há tempo para mais nada?
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