Estrela Dourada
Em 2011, era fácil definir o Coritiba: em casa, um leão furioso, fora de casa, um gatinho assustado. E os números, tão incensados para exaltar as virtudes da equipe, são a prova cabal dessa postura.
Em 2012, com a desmontagem do bom time do ano passado, foi preciso recomeçar quase que do zero. Sem Jeci, a zaga alviverde até hoje bate cabeças, como nos gols tomados contra o Atlético (no segundo deles) e contra o Paysandu. A experiência de Pereira, a voluntariedade de Demerson e mesmo a juventude de Luccas Claro, este pouco testado, ainda se mostram ineficientes para dar segurança a esse setor. Falta, pois, mais um bom zagueiro para o Coritiba.
Nas laterais, Jonas se mostra defensivamente eficiente, mas peca no apoio ao ataque, quando lhe parecem faltar fundamentos básicos, tais como a capacidade de cruzar uma bola. Ainda assim, considero Jonas uma boa peça da equipe. Pela esquerda, ou nos valemos de Eltinho, que é o contrário de Jonas (ataca bem e defende mal), ou utilizamos um zagueiro improvisado, Lucas Mendes, que alterna boas e más atuações. Falta também, pois, um lateral esquerdo ao Coritiba.
Com a saída de Leo Gago e Leandro Donizete, o Coritiba perdeu o esteio do seu meio de campo, sendo essa, em minha opinião, a principal razão da irregularidade apresentada pelo time até há bem pouco tempo. Vieram Junior Urso (que eu acho que devia ser devolvido ao Avaí, caso isso fosse possível), Lima, que não joga e Emerson Santos, que também não joga. Apostou-se em Willian, ótimo jogador, mas que tem se machucado mais do que o Donizete (tão criticado por suas seguidas contusões), e em Gil, que eu também considero um bom jogador, mas que não tem sido aproveitado em sua posição, e tem servido mais como um coringa. Da base alviverde, vieram Djair e Artur, que também não jogam. Nesta semana chegou Sérgio Manoel. Devem estar chegando França e Chico. Desses dez volantes, é bem possível que consigamos tirar dois bons titulares e pelo menos dois bons reservas.
No setor de criação, penso estarmos relativamente bem servidos com Rafinha, Everton Ribeiro e, principalmente, Lincoln. O “principalmente” da frase anterior é por conta da experiência de Lincoln. Temos ainda Tcheco, muito mais um meia do que um volante, que pra mim é o principal jogador do Coritiba hoje, Renam Oliveira, que parece ser incapaz de superar o eterno status de promessa, e os meninos Thiago Primão e Rafael Silva, que sobem para o time profissional muito bem amparados por suas ótimas atuações na base.
No ataque, entram na minha conta Roberto, um ótimo jogador que tem crescido de produção a cada jogo, e Anderson Aquino, que consegue decidir nos momentos mais importantes, mormente na Copa do Brasil, mas não pode ser considerado um titular absoluto. Everton Costa talvez seja apenas uma boa opção como reserva, Caio Vinicius tem que aprender os fundamentos, e Marcel não é mais jogador de futebol. Precisamos, então, e com muita urgência, de, no mínimo, mais um centroavante.
Desconsiderei, na análise acima, e apenas por conta dela ser feita para este momento, Jackson, Cleiton e Keirrison, todos eles bons jogadores, e que ainda podem nos ajudar muito, mas com sérias contusões no joelho, que sempre colocam em xeque o que está por vir.
Resumindo: tenho comigo que o Coritiba ainda precisa de um zagueiro, um lateral esquerdo (pelo menos), um outro bom armador, de qualidade já comprovada, para compor e/ou substituir Lincoln, Everton Ribeiro e Rafinha, e no mínimo mais dois bons centroavantes. Tivéssemos nós mais essas peças, acho que poderíamos fazer um Brasileirão mais com expectativas pela parte de cima da tabela, do que com medo da parte de baixo.
Como não poderia deixar de ser, continuo batendo na tecla de pedir ao nosso treinador que ao menos tente manter uma postura parecida nos jogos dentro e fora do Couto Pereira. Na Copa do Brasil, um gol marcado fora de casa pode significar até o título da competição; já no Campeonato Brasileiro, uma vitória a mais fora de casa pode ser decisiva para validar os pontos conseguidos dentro de casa.
Confesso ter estado bem mais assustado no início deste ano. Com a efetivação (finalmente!) de Everton Ribeiro no time titular, com o crescimento da produção de Roberto (que corre muito e se empenha bastante nos jogos), com o comando de Tcheco (isso com data marcada para acabar, infelizmente), com a calma e a técnica de Lincoln e com a recuperação de Rafinha, começo a ter esperanças de reencontrar-me com o otimismo de voltar a ver o meu time se destacar. Isso tudo, é claro, se incorporarmos de vez a postura do leão, que acredita em si, respeita a todos mas não teme a ninguém.
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