Estrela Dourada
Há muitos anos eu não via o Coritiba começar uma temporada com perspectivas tão boas como esta, de 2011. Base do time mantida (uma surpresa, dada a nossa realidade financeira), contratações pontuais e, em tese, acertadas (Eltinho, Emerson e Maranhão -?-), ainda que não suficientes para nos fazer sonhar com algo grandioso, clube sendo reestruturado administrativa e estatutariamente, e por aí vai. Tenho que concordar com aqueles que acham que o nosso atual treinador é o “calcanhar de Aquiles”, o ponto fraco nesse quadro, mas como há 15 meses eu também não achava que Ney Franco era o cara certo para o Coritiba, não me sinto no direito de julgar um trabalho ainda no início.
O Coritiba conseguiu sair de um inferno, para onde foi jogado pelo despreparo de dirigentes amadores, muito mais cedo do que a maioria de nós imaginava. Lógico que todas essas feridas ainda judiam nossa alma de torcedor e exacerbam qualquer situação ruim, mas será que já é mesmo a hora de dizer que tudo que está sendo feito no clube este ano está errado? Será que esse resultado contra o PC não deve servir mais como um alerta, principalmente em relação ao nosso treinador, do que como uma sentença de que nada presta? E será que todas essas cobranças são realmente justas, pois todos estão fazendo integralmente as partes que lhes cabem e apenas o clube está devendo?
Sinceramente, não consigo achar as respostas para tais questionamentos. Daí eu estar prestes a desistir de tentar entender esse padrão de comportamento de muitos em relação às coisas do Coritiba, e a me afastar de tudo isso. Esse negativismo todo, ainda que motivado em grande parte por tudo que vimos sofrendo nos últimos anos, será realmente o sentimento que nos levará de volta ao rol dos grandes clubes do Brasil? Será que a minha percepção de que o clube está passando por uma transformação é completamente equivocada, e que não há tempo para mais nada?
Escrevi esse três parágrafos acima no dia 25 de janeiro deste ano, logo após o empate com o Paraná Clube, no primeiro turno do campeonato paranaense. Mas já adianto que não vou seguir a linha do “eu já sabia”, uma vez que não ganhamos absolutamente nada, ainda.
Peguei um gancho nesse texto como contraponto à euforia que nos domina a quase todos, Coxas Brancas que somos. Pois, tão batido quanto o papo do “eu já sabia”, que certamente será ouvido quando sofrermos a primeira derrota este ano (e ela virá, cedo ou tarde), é o discurso de que é preciso manter os pés no chão.
Nosso clube passa por um momento único, sem dúvida alguma. Ainda que se possa questionar o impressionante aproveitamento de 93 % do time em campo, principalmente quando nosso rival demite seu treinador que também tinha um ótimo aproveitamento (83 %, em dez partidas, mas tendo disputado ele, Geninho, menos da metade dos jogos que o Coxa disputou – 22 ao todo), não se pode negar que as vitórias alviverdes têm acontecido com facilidade, passando até a perigosa impressão de que o time é capaz de vencer quando quiser.
Mantivemos uma base de jogadores e, melhor ainda, montamos um elenco, com contratações pontuais de jogadores que vieram para ser titulares ou mesmo “reservas de luxo”, e que dão tranqüilidade ao técnico e à torcida quando as contusões acontecem. E o clube parece ainda “se mexer” atrás de mais contratações, provando estar distante de achar que tudo já está perfeito.
Fora das quatro linhas, começamos a recuperar o prestígio que perdemos nos últimos anos. Hoje, 7:30 da manhã, ouvi aqui no Rio de Janeiro um programa de rádio transmitido em rede nacional, na Band News FM, em cujo espaço destinado ao futebol só se falou do Coritiba. E isso é muito importante para o Brasil não só lembrar que existimos, mas para voltar a nos respeitar.
Administrativamente, o clube dá mostras de estar se reestruturando, a ponto de pessoas chaves na ressurreição do Coritiba, do tipo do Felipe Ximenes, como já havia feito Ney Franco, recusarem convites de grandes clubes do Brasil, por apostarem no projeto Coxa Branca. Politicamente, estamos mais fortes, socialmente estamos mais atuantes (vide as parcerias com o Hospital Pequeno Príncipe e o Programa Coritiba Retribui).
Porém, volto a dizer: tenho absoluta consciência de que ainda não conquistamos nada. Mas se o caminho que estamos seguindo não é o caminho certo, então certamente não haverá mais nenhuma esperança. Mesmo que ainda existam aqueles que buscam insanamente o que criticar, e só por criticar (tipo a pintura velha do Couto Pereira ou o tom de verde do novo site oficial do clube), e que os traumas recentes sofridos pela torcida a impeçam de voltar com força, lotando o Couto Pereira e se associando em massa, repito que acredito que estamos no caminho certo.
Passo a passo, vamos em frente!
Muita força, Coritiba!
popini@coxabranca.com
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