Estrela Dourada
Passei as duas últimas semanas na Itália, a trabalho.
Volto ao Brasil e vejo o Coxa afundando no Brasileirão, rumando firme pra mais um rebaixamento, logo após outro fracasso em mais uma decisão em casa.
Surpresa? Nenhuma. Desmontamos o bom time do ano passado, contratamos porcarias para substituir os jogadores que saíram, e mantivemos um estagiário sabidamente fracassado, incapaz de acertar nas horas decisivas, no comando técnico do time.
O resultado de todos esses erros: em 2012, conseguimos uma única vitória sobre um time grande (o São Paulo), temos a defesa mais vazada do Brasileirão, estamos beirando a zona do rebaixamento e vemos a confirmação do que já era previsto por quem tinha o mínimo de discernimento: com o "time" que montamos em 2012, e com o treinador que mantivemos em 2012, vela e caixão pra nós.
Pois vou me valer de um golpe baixo: vou postar aqui tudo o que eu escrevi aqui desde junho de 2011 sobre o que se confirmou há poucos dias, e vou reler esse texto até não conseguir mais, para ver se aprendo a deixar de acreditar no impossível, sofro um pouco menos, e imponho à minha emoção que se submeta à razão.
Ouvi muito que os jogadores do Coritiba estariam com sangue nos olhos para vencer essa Copa do Brasil. Pois com sangue nos olhos agora está a torcida Coxa, que já não suporta mais tantas frustrações e tantas humilhações. E, pra quem continua a se contentar com os quases do Coritiba, que guarde para si a resignação de viver na mediocridade.
08/07/2011
Quem respeita demais os adversários perde o respeito por si mesmo.
11/07/2011
Como bem disse um bom amigo, nem é mais preciso escutar as coletivas pós-jogos dadas por Marcelo Oliveira. O discurso de exaltação à pretensa força do adversário é sempre o mesmo. Isso sem falar no lugar comum das desculpas: "tomamos um gol de bola parada, perdemos muitos gols, erramos muitos passes...". Mas isso não é do futebol? E perder gols em excesso e errar passes demais não poderiam indicar que algo está errado no treinamento desses fundamentos?
...
Contentemo-nos com o desperdício do melhor elenco que já tivemos nos últimos anos, e fiquemos com um time com a cara do seu treinador: medíocre.
28/07/2011
Marcelo Oliveira errou quando não podia ter errado e, muito mais do que nos roubar a consumação do nosso renascimento, deu uma mostra definitiva de que lhe falta competência para tomar decisões nas horas decisivas.
O que tem reforçado a minha opinião de que esse treinador não serve mais para o Coritiba, desde aquele erro contra o Vasco, é não somente a sua mania de ressaltar quão “poderosos” têm sido nossos adversários e o tom de criança assustada ao insistir nas desculpas de que faltaram apenas detalhes para ganharmos os jogos, mas, também, suas recentes demonstrações de teimosia e de birras (a insistência com Marcos Paulo até ele sair do clube, as seguidas substituições do craque do time - que pode desequilibrar em um lance, o medo de colocar no time o Maranhão, por conta de suas características ofensivas, e por aí vai).
04/08/2011
Que frio fez ontem em Curitiba.
No Alto da Glória, fez mais frio ainda.
Um frio que emanava de dentro do campo de jogo e penetrava a alma da torcida Coxa Branca que, estupefata, se perguntava aos jogadores, ao técnico e à diretoria do clube: por que vocês já desistiram?
...
Tempos atrás eu perguntei aqui qual dor era maior, se a dor da humilhação ou a dor da frustração. Pois se aquela, mesmo que machuque, ainda pode provocar uma reação qualquer, esta tem o poder arrasador da desilusão.
Eis, pois, o cenário alviverde pós Copa do Brasil: desilusão. E conformismo. A sensação que tenho é a de que não foi apenas o título daquele torneio que, por um erro crasso de nosso treinador, colocamos em uma bandeja e entregamos ao nosso adversário. Ali, naquela noite, a frustração que se apoderou da torcida foi assimilada pelos jogadores, que a transformaram em resignação e, depois, em acomodação.
09/08/2011
Libertadores ????
Parem com isso! Não nos tirem para idiotas!
Calem-se e, com trabalho, com mudanças de atitudes e de discursos que exaltam nossa pequenez, provem que estão errados aqueles que, como eu, estão apavorados por assistir à repetição de capítulos de anos anteriores, cujos finais foram mais do que trágicos.
Chega de promessas vazias! Por favor, só voltem à público, para discursar, quando as tiverem cumprido. Ou para admitir incapacidade de honrá-las e, por isso, se despedir da história do Coritiba.
01/09/2011
Porém, mais incrível que essa mesmice do nosso treinador é a tolerância que muitos demonstram com a situação pela qual estamos passando, situação essa completamente incompatível com os repetitivos discursos de ter como meta a classificação à Libertadores. Essa tolerância, debitada na conta de uma possível falta de sorte, impede que se tome uma providência ou que, pelo menos, se esboce uma mudança. E o mais assustador de tudo é que esse filme já passou antes no Alto da Glória, mas acho que muitos se esqueceram de como ele acabou.
Não foi o azar que nos tirou o ponto que nos faltou em 2005. E em 2009.
09/09/2011
Quem sabe até tenhamos, agora, bons dirigentes que possam mudar esse panorama no futuro, a seguirem com o bom trabalho. Mas certamente não temos, no momento, um técnico com capacidade e coragem condizentes com essa ambição. De certo mesmo, por enquanto, é que de time grande, o Coritiba só tem a torcida
12/09/2011
Chega desse respeito pelos adversários fora de casa. Empates não servem para quem almeja ser grande. Perder buscando a vitória é muito mais honroso do que pensar pequeno. E temos que, de uma vez por todas, casar os dois discursos: se queremos algo grandioso, que ajamos como grandes.
Deixe que os outros times pensem primeiro em nos respeitar, Marcelo, antes que nós pensemos em temê-los.
03/10/2011
Em tempo: lamento, e muito, a provável renovação com Marcelo Oliveira. Em minha opinião, ela vai contra qualquer meta mais ambiciosa que possa ser traçada para 2012. Seus erros em partidas decisivas, seu excesso de cautela nos jogos fora de casa, sua incapacidade de alterar o time de maneira eficaz, sua inaptidão em sair da mesmice sem tentar reinventar a roda, seus discursos repetitivos de exaltação aos adversários, sua falta de ambição e de energia, nada disso combina com um clube que diz querer voltar a ser grande.
31/10/2011
Entretanto, quero poder olhar para 2012 e ter esperança de que não precisarei mais ver invenções absurdas do nosso treinador em jogos decisivos, nem substituições inócuas, nem discursos de exaltação eterna a todos os adversários (Marcelo Oliveira conseguiu a proeza de se referir ao América Mineiro, o pior time deste campeonato, lanterna do início ao fim, como um “adversário de qualidade”), muito menos um conformismo com uma campanha ridícula como visitante (que, por ser “consistente” em termos de maus resultados, não pode ser simplesmente atribuída à falta de sorte).
Marcelo Oliveira pode ser uma ótima pessoa. Correta, compromissada, honesta, amiga dos jogadores. Mas é como treinador de futebol que deve ser avaliado e, como treinador de futebol, é um iniciante aos 56 anos de idade, fazendo estágio no Coritiba. Um iniciante que, na primeira chance de conquistar algo grandioso, cometeu um erro fatal, por excesso de cautela. Um iniciante que parece desconhecer a história do Coritiba, ao não se cansar de exaltar o poder e a grandeza dos adversários. Um iniciante incapaz de reconhecer seus erros, a ponto de sempre creditar à falta de sorte o que, na realidade, nada mais era do que uma incapacidade de manter a mesma postura do time dentro e fora de casa.
01/11/2011
Ou seja, historicamente, Marcelo Oliveira tem um péssimo aproveitamento comandando equipes em jogos como visitante. SE buscamos algo realmente diferente, fica claro que uma mudança é necessária. Se não de treinador, como eu acho ser o certo a fazer, no mínimo de postura do treinador.
05/12/2011
Tenho consciência de que o Coritiba está em um processo de reestruturação, assim como não se pode negar que 2011 superou as expectativas da nossa judiada torcida. Mas tenho comigo que, para se tornar um clube grande, além do planejamento, que parece estar sendo feito de forma correta, o Coritiba não pode prescindir da ousadia de sempre querer mais, nem abdicar das oportunidades quando elas se abrem à nossa frente.
Conformismo e ambição são sentimentos antagônicos. Para este, o fim traz uma premiação; para aquele, a vergonha é castigo certo e, mais do que isso, merecido.
23/12/2011
Enfim, louvo a continuidade administrativa que se instaurou no clube, mas nem por isso deixo de ter uma pontinha de preocupação com o que se está fazendo com o nosso elenco para 2012. Só espero que quem esteja tomando essas decisões tenha consciência de que regredir, a essa altura do campeonato, seria fatal para qualquer projeto de reconstrução do Coritiba.
15/02/2012
Penso que pode haver três explicações para termos chegado, já na 8ª rodada do primeiro turno, precisando desesperadamente da vitória: ou 2011 não foi tão espetacular quanto muitos acham e os números que tanto festejamos eram irrelevantes quando contrapostos às conquistas (como eu escrevi aqui no último texto, recordes são efêmeros, ainda que grandiosos, mas conquistas são eternas), ou a base do time não só não foi mantida, como foi simplesmente destruída, ou, ainda, a incapacidade de nosso comando técnico finalmente é provada.
Não há mais espaço para erros, sob pena de comprovação de que nossa realidade é incompatível com os nossos sonhos.
16/02/2012
Marcelo Oliveira NUNCA disse que errou, que escalou mal, que fez substituições bizarras que não deram certo, que posicionou o time de forma equivocada. Todos os nossos maus resultados são sempre atribuídos às virtudes dos adversários, a erros dos nossos atacantes, ao azar, etc. E aí eu pergunto ao mais ferrenho defensor do nosso técnico? Isso é mesmo possível? Alguém pode ser assim tão perfeito?
Tivesse um pingo de humildade, talvez Marcelo Oliveira conseguisse até dar um bom encaminhamento à sua carreira. Suas entrevistas coletivas pós-jogos são cantilenas de lamentações sobre o azar e de exaltação aos adversários, e nunca se transformam em catalisadores de mudanças, sejam de atitudes ou de postura.
Sim, é preciso reconhecer que a diretoria alviverde também errou, e feio, ao desmantelar uma equipe que, ainda que não tivesse conquistado nada de concreto além de números, foi capaz de ao menos dar esperanças ao seu torcedor de que algo bom ainda poderia vir a acontecer. E, pior que o erro, foi a MENTIRA deslavada contada pelos diretores sobre a manutenção de 80% do elenco. Porém, ainda assim, será que o time que foi montado, mesmo sendo claramente inferior ao do ano passado, e que obviamente precisa ser muito reforçado para o Brasileirão, não teria condições de alcançar a vitória (e com facilidade) sobre os times de menor expressão no fraquíssimo campeonato paranaense, desde que fosse bem armado ou que tivesse alguém à beira do gramado com capacidade de ousar sempre??
Penso ser um erro dar guarida eterna a quem falha nos momentos decisivos, que não sabe decidir sob pressão e, principalmente, a quem nunca assume os seus erros. Quantas rodadas mais teremos que nos ver em uma posição na tabela que sequer nos daria o consolo de um "quase", ao qual vimos nos acostumando, pois nem em segundo lugar estamos? Quantas decisões mais teremos que perder, para que alguma providência seja tomada? Quanto tempo mais teremos que ter medo dos fantasmas do passado, ressuscitados pela tolerância diretiva com os erros??
Marcelo Oliveira, ao discursar, é um pleonasmo de si mesmo. Ainda assim, eu não ousaria dizer jamais que suas virtudes são poucas. Porém, se à sua honestidade e à sua dedicação ao trabalho fosse acrescida uma quantidade ínfima de humildade em reconhecer seus erros, como a demonstrada pelo melhor jogador do elenco, talvez ainda pudéssemos ter esperanças de, pelo menos, voltar a festejar números, uma vez que conquistas ele já provou ser incapaz de nos dar.
23/02/2012
Ignoram-se, pois, todos os sintomas de que algo possa estar errado. E é apavorante a sensação de já ter visto esse filme antes. Se ainda não for a hora de dizer que tudo está errado, é, no mínimo, a hora de rever alguns conceitos e de mudar algumas estratégias, sob pena de desperdiçarmos tudo o que vem sendo reconstruído com muito sacrifício.
22/03/2012
Desde então, esse medo passou a ser característica indelével do Coritiba de Marcelo Oliveira, mormente quando o time atua longe do Couto Pereira.
Respeitar a si próprio não deve vir antes de respeitar aos outros. Mas se vier depois é receita certa para o fracasso.
26/03/2012
É certo que 2011 marcou a recuperação de um time que tinha caído ao fundo do poço. Isso deve ser (e até já foi) bastante valorizado. Mas não podemos ficar olhando pra trás, parar no tempo e deixar de avançar. Os sinais de que as coisas não vão bem no Alto da Glória são muito claros, insisto. Aceitar o péssimo desempenho do time alviverde em 2012 é fechar os olhos para a repetição de tragédias recentes.
É preciso mudar o futebol do Coritiba. E a hora é agora, sob pena de essa indiferença nos custar caro, OUTRA VEZ.
04/04/2012
O torcedor “mais Coxa de todos” certamente não é aquele que aplaude tudo cegamente, mas sim aquele que se preocupa com o Coritiba, ainda que a seu modo pessoal. Pois a verdade absoluta não pertence a ninguém.
09/04/2012
O Coritiba está brincando com o perigo. Ao protelar os ajustes necessários e tomar como parâmetro o fraco nível técnico do Campeonato Paranaense, no qual não conseguimos nos destacar como era esperado, ao assumir como normal uma derrota para um time de Arapiraca, ao desconsiderar o fato de só conseguir efetivar uma vitória em casa depois de o adversário ficar com dois jogadores a menos, ao depender cada vez mais de gols marcados pelos defensores, mais do que a comprovação de que o time passa por grandes dificuldades, vem a certeza de que é preciso corrigir os rumos, e logo.
Se querer para ontem as coisas de amanhã é um erro, deixar para amanhã as mudanças que deveriam ter sido feitas ontem é um erro maior ainda. E de conseqüências muito mais traumáticas. A torcida Coxa Branca sabe muito bem disso.
07/05/2012
O que me assusta é a tolerância diretiva com a parcimônia ofensiva de Marcelo Oliveira, e a perspectiva negra de reviver este ano o sofrimento das partidas fora de casa disputadas ano passado. Temos no nosso banco de reservas, a comandar nossa equipe, alguém que já foi um carrasco do melhor time que montamos em quase vinte anos, um carrasco de um menino que era tido como promessa (Marcos Paulo), um carrasco dos meninos da base alviverde que são sempre preteridos em jogos rotineiros e são jogados às feras nas decisões, um carrasco, enfim, da nossa tradição de nos impormos sobre os mais fracos.
17/05/2012
Se estamos tendo novamente a oportunidade de poder sonhar, e se estamos a crescer no momento certo, que possamos também mudar e corrigir o que faltou no ano passado, para que neste ano estejamos nós a comemorar, ao fim de tudo.
Pois, para não perder as oportunidades que a nossa própria competência nos trouxe, é preciso ser ainda mais competente.
28/05/2012
A torcida alviverde está traumatizada. Estão muito vivos ainda, em nossa memória, os episódios dos rebaixamentos de 2005 e de 2009. Em 2005, a causa do rebaixamento foi o desmonte do bom time que tínhamos. Já em 2009, nos descuidamos no início do Brasileirão, iludidos por uma semifinal da Copa do Brasil, e só fomos nos dar conta da importância dos pontos que perdemos, quando a barbárie se desenvolvia no gramado do Couto Pereira e a vergonha adonava-se de todos os Coxas Brancas.
Em 2012, desmontamos o bom time que tínhamos ano passado, e estamos novamente iludidos com uma semifinal da Copa do Brasil. Se o final dessa história será diferente do que foi em 2005 e em 2009, vai depender do que será feito de forma diferente do que foi feitos naqueles anos.
As coisas não estão bem no Alto da Glória. Mas ainda há tempo para reencontrar o rumo. A torcida precisa entender que vaias durante a partida não ajudam em nada; nosso treinador precisa admitir que ele também comete erros; nosso time precisa entender que a motivação pra correr em campo não deve vir da arquibancada, mas sim da consciência profissional de cada um; por fim, nossa diretoria precisa entender que, ainda que não tenha sido responsável direta pelos erros do passado, não pode simplesmente ignorá-los, sob pena de repeti-los, bem como aos seus finais trágicos.
11/06/2012
Desta feita, porém, não vou jogar toda a culpa em cima do estagiário que comanda o nosso time no banco porque, a despeito de ele continuar sendo incapaz de criar algo novo em campo, são os jogadores que parecem não saber do tal “projeto” da diretoria para o Coritiba.
Um time que entra pro jogo completamente desligado, que bate recordes de passes errados, que perde gols de forma bisonha como fez o Roberto, que continua com um zagueiro improvisado (há mais de um ano!) de lateral esquerdo que só faz olhar de longe os ataques do time adversário, um time desses não deve ter comprometimento com nada.
Acorda, Coritiba!
18/06/2012
A hora de teorizar e de discursar já acabou. Chegou a hora de conquistar !
03/07/2012
Em 2012, pela Copa do Brasil, o Coritiba marcou apenas um gol (contra o Paysandu, em Belém) nas cinco partidas que jogou longe do Couto Pereira. Já o Palmeiras marcou gols em todos os jogos como visitante, chegando à excelente marca de dez gols marcados fora de casa.
Isto posto, cabe dizer que, embora se deva reconhecer a importância da marcação e do esquema defensivo, não se pode deixar de ter uma estratégia ofensiva, caso queiramos mesmo mudar o final desse episódio da nossa história. Sim, tudo parece meio óbvio, mas não o era também no ano passado?
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