Estrela Dourada
Sabe quem não sabia que o Coritiba seria rebaixado este ano?
A diretoria (entenda-se Felipe Ximenes e Vilson Ribeiro), que pulverizou um dos melhores elencos que tivemos nos últimos anos, e tentou repor as peças com contratações bisonhas?
A torcida, que se deixou iludir com um tricampeonato conquistado nos pênaltis contra o esfacelado Atlético, ou com uma campanha enganadora na Copa do Brasil, onde tivemos apenas UMA vitória sobre um time grande, e que culminou com mais um fracasso contra um time que, no momento (mas não por muito tempo) consegue estar abaixo de nós na classificação do Brasileirão?
Não, certamente a diretoria sabia o que estava fazendo, pois ninguém pode ser tão burro a ponto de acreditar que Willian e Junior Urso poderiam substituir Leandro Donizete e Leo Gago; que Robinho e Lincoln nos fariam esquecer de Marcos Aurélio e Davi; que Marcel ainda era jogador de futebol, e por aí vai. Aliás, sobre esse assunto, eu escrevi um texto em dezembro do ano passado. Falar mais seria mera repetição
E também não, boa parte da torcida sabia, sim, desde há muito, o que nos aguarda ao final deste ano. Muitos (eu entre eles, com outro post escrito em fevereiro) já alertavam para os sintomas de que estávamos em uma célere marcha para o abismo.
O último texto que coloquei neste espaço foi para criticar a declaração do presidente Vilson Ribeiro de Andrade, de que " o Coritiba não é um time que foge da zona do rebaixamento". Pura falácia, repito. E agora, presidente, qual será a sua próxima declaração??? Do que estamos tentando desesperadamente fugir, se não de mais uma humilhação??? E agora, Felipe Ximenes, será que se aproxima a hora de aceitar uma daquelas inúmeras propostas que você recebeu para deixar o Coritiba, ou você terá hombridade para afundar junto com o barco cujo rumo você determinou?
Agora, no meu ponto de vista, é o cúmulo da estupidez culpar Marquinhos Santos pelo nosso muito provável rebaixamento. Ainda que, no jogo de ontem, ele tenha colocado o medíocre Junior Urso aos 38 do segundo tempo, não é isso que vai decretar o nosso fracasso este ano. Não será dada a MS a tolerância que ele mereceria ter, por conta de tudo de ruim que ele herdou. Óbvio que ele errou, mas se ele não tem mais essa opção agora, não é por culpa dele. Nossa queda já estava decretada por tudo o que aconteceu nos nove (nove!) meses que antecederam a sua contratação. O que ele conseguir de bom nesses dois meses, será, portanto, mero desconto no prejuízo irreversível acumulado desde o início deste ano. E qualquer um que tenha um mínimo de inteligência sabe que não se muda uma cultura fracassada, baseada no medo e no respeito ao adversário, da noite para o dia.
Em tese, ainda haveria salvação para o Coritiba. Restam 12 jogos para o final do campeonato. A gente teria obrigação de ganhar de Ponte, Bahia, Náutico e Figueirense em casa. Com esses 12 pontos, precisaríamos arranjar mais uma vitória contra São Paulo, Galo ou Vasco, em casa, ou contra Palmeiras, Grêmio, Fluminense, Corinthians ou Cruzeiro, fora de casa (o que parece ser impossível). Mas quem ainda se dispõe a acreditar e a prolongar o seu sofrimento?
Eis, então, que se aproxima do fim o tal “Projeto” tão apregoado por Vilson Ribeiro e por Felipe Ximenes. Um projeto que nunca foi esclarecido, nunca foi detalhado, e que talvez não passe de mera reedição do tal “Projeto Vencer”. Talvez ele até exista. Mas seu primeiro parágrafo, seu princípio fundamental, sua base, deve estar escrita com as seguintes letras: o Coritiba é um time muito grande para a segunda divisão, mas muito pequeno para a primeira.
Reli o texto antes de publicá-lo, e confesso ter sentido dor ao ver o nome do presidente Vilson Ribeiro citado por tantas vezes. Jamais esquecerei sua coragem em assumir o Coritiba quando ninguém dele queria saber, quando estávamos no Inferno, nem do fato de ele não ter abandonado o clube quando sua luta pela vida assim o exigia. Não quero, pois, crer que todo esse esforço tenha sido em vão. Em um último arroubo de esperança, presidente, segue aqui um pedido: não permita que tenhamos nos iludido mais uma vez, pois isso, certamente, seria um golpe fatal no sonho de ver o Coritiba reconstruído.
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