Estrela Dourada
Nossa realidade é bem diferente da de quem tem condições de brigar por uma vaga entre os quatro primeiros colocados do campeonato.
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Nossa realidade, como assíduos freqüentadores da segunda divisão que somos, e como eternos conformados com o fracasso, é tentar vencer o campeonato da segundona embutido na primeira divisão, ficando a frente de Ponte Preta, Portuguesa, Sport, Náutico, Bahia, Atlético-GO e Figueirense. O que vier, além disso, será lucro.
À época em que escrevi essas palavras, minha expectativa era de que terminaríamos este ano como "campeões" do mini-campeonato da segundona que está camuflado na primeira divisão. Terminado o ano, nem isso conseguimos (perdemos o “título” para o Náutico).
Porém, para quem flertou seriamente com a zona de rebaixamento até a penúltima rodada, o ano até que acabou bem para o Coritiba. Para quem o campeonato paranaense é o supra-sumo da competitividade, e para quem mais uma derrota na decisão da Copa do Brasil, novamente em casa, e para um time que acabaria rebaixado no Brasileirão, é o máximo a que podemos chegar, então, o ano de 2012 foi mais do que satisfatório.
O Coritiba esteve no inferno em 2009. De lá pra cá, se reergueu. Conquistou três campeonatos regionais, chegou a duas decisões de um torneio nacional, esteve a ponto de beliscar uma vaga na Libertadores ao final de 2011. Sem dúvida alguma, são etapas bem sucedidas de um processo de reconstrução, muito embora o “quase” ao final dessas etapas tenha nos judiado bastante. Não obstante, talvez tenha chegado a hora de perguntar: o que realmente queremos?
Imagino ser difícil poder voltar a brigar por um título do Campeonato Brasileiro, posto que o tal abismo financeiro que separa clubes do “2º escalão” daqueles do eixo RJ-SP-MG-RS aumenta a cada ano. Chega a ser covardia ter que competir com clubes cujos contratos de patrocínios e as verbas da TV são exponencialmente maiores do que os nossos. Restaria, então, conseguir formar bons jogadores nas categorias de base, garimpar um ou outro bom valor aqui e ali, e, talvez o mais importante, não se desfazer de uma boa base montada de um ano para outro. E é aí que pode estar o “pulo do gato” para nós.
Sanear financeiramente o Coritiba é um objetivo nobre, e que deve ser perseguido. Porém, longe de querer pregar a irresponsabilidade, há de se lembrar que clubes com dívidas dez vezes maiores que a nossa continuam a conquistar brasileirões e Libertadores por aí. E que, amor e fidelidade à parte, são os títulos que trazem o torcedor e os patrocinadores, com os seus dinheiros, ao clube.
Sobre o 2013 Coxa Branca, difícil especular. Pode ser bom, como indica a espetacular contratação do craque Alex, mas também pode ser novamente medíocre, como indica a possível renovação com jogadores bisonhos, tipo Junior Urso. Uma mistura desse tipo, Urso com Alex, usada apenas como um exemplo generalista, certamente não daria liga, seria como água e óleo. A não ser que tudo o que se almeje realmente seja disputar o campeonato objetivando apenas não ser rebaixado.
Em outra feita escrevi aqui, sobre o nosso título de 1985: aquela conquista foi uma lição definitiva para a minha vida: comemore apenas as vitórias, nunca as derrotas; destas, aprenda as lições e tente fazer melhor, pois você perdeu; daquelas, regozije-se por toda a eternidade, pois vencer-lhe ninguém conseguiu!
Tenho consciência, sim, da posição que ocupamos no cenário futebolístico brasileiro. Mas não vou me contentar com ela. Da tragédia de 2009 pra cá, resolvi adotar a postura de “tolerância zero” com o fracasso. É uma posição pessoal, que não importa a ninguém, e que tem me custado caro, mas que faz com que eu enxergue o Coritiba como grande, e deseje vê-lo comportando-se como tal, nem que seja apenas em meus devaneios. Pois imagino que o conformismo com a mediocridade e com a pequenez, em nome da paciência que tudo aceita, em nome de “um lugar no céu”, em nome de um passo a passo tão lento que se transforma em marcar passo, é incompatível com a grandeza.
Que o nosso 2013 seja sem medos.
xxx
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