Estrela Dourada
Acompanhei e vivi toda a expectativa que cercou o anúncio do presente que ganharíamos no dia do aniversário do clube que amamos, o Coritiba.
Por volta de 18:00 horas, sintonizei o “rádio” (via internet), e pus-me a esperar, ansioso, a palavra do nosso presidente. Quando ele começou a discursar com aquela veemência toda, aos berros, empolgadíssimo, cheguei a ficar em pé em frente ao computador, como que prestes a comemorar um momento histórico.
Mas aí veio o choque de realidade: o que nossa pobreza nos permite é fazer mais um remendo no nosso já ultrapassado estádio. E é com isso que devemos nos contentar, e é isso que devemos aplaudir.
Se a construção do terceiro anel da Mauá era um sonho que o clube tinha há quarenta anos, significa que o projeto chega com quarenta anos de atraso, e será feito sobre uma estrutura já carcomida pelo tempo, ainda que essa venha a receber os devidos reparos/remendos estruturais.
Em maio de 2010, ou seja, há pouco mais de dois anos atrás, nosso presidente declarava o seguinte, segundo essa reportagem:
“O estádio tem vida útil de mais 10 anos, se tanto. Depois, o clube precisará de cerca de R$ 100 milhões para reformá-lo. É inviável”.
Se nada mudou de lá pra cá, significa que esse investimento de reforma da Mauá está sendo feito visando a durar cerca de oito anos, então, ou que ainda gastaremos mais R$ 100 milhões com todas as reformas que se farão necessárias para modernizar TODO o estádio.
Em um momento do país onde os principais clubes e estados do Brasil terão estádios novos e modernos, nós partiremos para remendar o nosso amado Couto Pereira. Porém, se é isso que o nosso dinheiro nos permite, se para ir além disso seria preciso ultrapassar as fronteiras da moralidade, que nos orgulhemos da nossa honestidade.
Eu só acho que não deveriam ter alimentado tanto o nosso sonho de que ganharíamos algo condizente com a nossa grandeza. Ou será que foi exatamente isso o que aconteceu?
Enquanto isso, em campo, continuamos a briga pra nos afastarmos de vez da temida zona de rebaixamento.
Se às nossas últimas três vitórias consecutivas conseguirmos somar mais uma, sobre o Náutico, talvez possamos, enfim, recomeçar a respirar. O foco deve ser mantido, portanto, e a vontade de vencer deve aumentar ainda mais.
E, para quem credita nossa subida de produção apenas à presença do centroavante Deivid, que, sem dúvida nenhuma, tem sido fundamental para a nossa recuperação, afirmo com toda convicção do mundo: caso estivéssemos jogando ainda com três volantes, primando primeiro pela marcação, respeitando antes o adversário e só depois a nós mesmos, com Urso, Robinho e Jonas como titulares absolutos, com Everton Ribeiro e Gil no banco, DUVIDO que haveria Deivid que desse jeito no nosso time...
Do time que vem jogando, tenho comigo que, além dos gols de Deivid, mais uma peça tem sido fundamental: Lincoln. Sei que eu boa parte da torcida não gosta dele, mas acho que ele tem cumprido uma função que havia desaparecido com a saída de Leandro Donizete e Leo Gago do time: a transição da defesa para o ataque. O que muitos vêem como lentidão, eu vejo como consciência do seu papel de parar o jogo e distribuir as jogadas. Com o ataque rápido e contundente montado por Marquinhos Santos, vejo Lincoln como imprescindível para organizar e cadenciar o time.
Mas, seja lá como realmente for, seja Lincoln ou não fundamental para o time, o que importa é podermos voltar a ter esperanças de que 2012 terminará de maneira digna para o Coritiba, a despeito da brincadeira irresponsável dos que acreditaram e avalizaram um fracassado. Quem tenham, enfim, aprendido a lição.
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