Estrela Dourada
Tirando as duas pessoas que mandam no Coritiba (Vilson e Ximenes), e mais meia dúzia de torcedores conformados, embriagados e iludidos por dois vice-campeonatos da Copa do Brasil, a grande maioria da torcida alviverde tinha plena consciência de que a manutenção de Marcelo Oliveira no “comando” do time, fatalmente haveria de cobrar o seu alto preço mais tarde.
Eis que, por conta do débito na pontuação do Coritiba, uma derrota que poderia ser encarada como normal, por ter sido fruto da genialidade de um jogador (que dribla um adversário de cabeça erguida, olhando pra frente, já antevendo como vai entortar o próximo), ganhe ares de drama por trazer de volta o calor das chamas do inferno da segunda divisão.
Com Neymar, o Santos tem um aproveitamento de 74% dos pontos que disputa; sem Neymar, esse aproveitamento desaba para 27%. Jogando contra um time que tem um jogador desses, perder oportunidades de gol é suicídio. E foi o que ocorreu com o Coritiba no domingo passado.
Penso, porém, que não há muito que se lamentar pela derrota de ontem, além dos gols perdidos. Novamente, o Coritiba esteve bem postado em campo. Controlou bem o jogo, criou chances, perdeu gols que não poderia perder, e teve a partida sob controle, até que o fator Neymar apareceu e fez a balança pender para o lado do Santos. Foi, enfim, uma derrota que não deve deixar traumas nem modificar o bom trabalho que vem sendo feito, desde que conseguimos nos ver livres do reinado do medo.
É bom ver o Coritiba atuando pra frente, como tem sido nos últimos três jogos. E nossa posição na tabela impõe que essa postura deva continuar. Marquinhos Santos mudou a forma de o time jogar e, tão importante quanto isso, reacendeu as esperanças da torcida Coxa Branca. Temos, sim, uma conta alta a pagar, por conta da tolerância demasiada dos dirigentes para com um fracassado. E não se pode deixar de citar isso um instante sequer, para que as responsabilidades, seja pelo sucesso almejado, seja pelo fracasso punitivo, sejam bem estabelecidas e aprendidas.
Neymar, “marra” e teatralidade à parte, mereceria todos os nossos aplausos, não estivéssemos nós na posição em que estamos. Não é por culpa dele, entretanto, que a derrota de ontem saiu da esfera da normalidade. Não nos deixemos abater, porém, e continuemos nossa luta para arrecadar motivação e garra que nos permitam pagar a dívida deixada por quem era pai da pequenez e filho do medo.
E, àqueles que pregam que se olhe pra frente hoje, fica o recado: não fujam de suas responsabilidades apenas tentando ignorar o passado que vocês ajudaram a se estender além da conta; e aprendam, de uma vez por todas, que o conformismo é inimigo do crescimento e, por vezes, carrasco de toda uma nação de torcedores.
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