Estrela Dourada
Tempos atrás, escrevi aqui que o Coritiba tinha virado o time do quase.
Pois não é que, de novo, quase ganhamos o Atlé-Tiba?
Fato é que, mais do que ter se tornado o time do quase, o Coritiba é, hoje, um time sem ambição.
O Coxa de hoje contenta-se com pouco. Ao jogar contra os “poderosos”, ou nem tanto, faz um gol, e “tira o pé”.
Contra Corinthians e Cruzeiro, fora de casa, foi exatamente assim. Saiu atrás no placar, se ligou, passou a dar valor ao ataque, foi buscar o empate, mas sofreu o castigo no final, pagando o preço por ter abdicado do ataque em pelo menos uma etapa do jogo.
Contra o Palmeiras, em casa, depois de sair na frente no placar, o time deu uma diminuída no ritmo de jogo. Sofreu o empate, em uma bola idiota levantada na área, e não teve mais forças (ou ânimo) pra ir buscar a vitória.
Sábado passado, contra o Atlético-PR, que este ano tem um time simplesmente ridículo, que está no “Z4” do campeonato, novamente o Coritiba saiu na frente e, quando se esperava que fosse pra cima, passou a administrar o jogo, sofrendo um merecido castigo no final.
Eis, então, o nosso Coritiba de hoje. Um time sem ambição, sem vibração, um time cujos objetivos de disputar o título do Brasileirão ou de, pelo menos, chegar à Libertadores, existem apenas nas palavras de jogadores, técnico e dirigentes, e não nas atitudes deles.
Muito se fala que nosso primeiro semestre só foi primoroso por conta da fragilidade dos adversários. Discordo dessa tese, porque contra adversários fracos jogamos todos os anos, e nunca havíamos feito nada parecido. Fomos bem na primeira metade do ano porque não temíamos ninguém (e talvez esse seja o principal motivo da nossa campanha histórica, uma vez que, quando passamos a discursar sobre o poderio e a tradição dos nossos adversários, perdemos o rumo), porque o time jogava pra frente, porque fazia um gol a partia pra fazer outros e matar o jogo de vez.
E poderia ser diferente do que está sendo? Lógico que poderia, e o jogo contra o Santos, na Vila Belmiro, foi a prova disso. Um Coritiba mordido, inflamado pela defesa do pênalti por Edson Bastos e pela arbitragem simplesmente absurda, que nos roubava descaradamente, não aceitou um empate como consolo e foi em busca da vitória, conseguindo-a de forma a se afirmar de vez na competição. Porém, logo nos jogos seguinte, voltamos à mesmice de nos contentarmos com pouco, e perdemos quatro pontos em dois jogos contra adversários medíocres (Avaí e Atlético).
Um time que não acredita em si mesmo não vai a lugar nenhum. Um time que despreza o apoio que a torcida Coxa Branca tem dado à equipe, conferindo ao clube uma das melhores médias de público do campeonato, não vai a lugar nenhum. Um time que ignora o seu potencial ofensivo, que peca por desatenção em sua defesa, que acha que apenas estar à frente do placar é motivo para passar a se defender mais do que a atacar, não vai a lugar nenhum.
Uma pena tudo isso. Uma pena pela torcida que vem apoiando, que acredita que poderíamos estar bem mais à frente na tabela, mas que nada mais tem recebido em troca do que frustrações seguidas e repetitivas.
Muitas vezes, as cobranças que fazemos aqui são olhadas pelo viés da “perseguição” a alguém. Acho que eu nem precisaria escrever isso, mas reafirmo que os pedidos que eu faço não derivam de nada mais do que dessa frustração de saber que o Coritiba tem potencial para estar muito melhor, no campeonato, do que está agora. E os poucos jogos que eu listei aqui são a prova cabal disso.
Uma pena que o discurso de que devemos olhar para trás e lembrar onde estávamos há dois anos seja o predominante para tentar calar os que estão insatisfeitos. Uma pena porque esse discurso só cabe a quem aceita, definitivamente, a nossa pequenez, posto que faça abdicar de um potencial enorme em detrimento a um conformismo com o nosso eterno papel de meros coadjuvantes.
E assim, nessa balada de discursos ambiciosos que são desmentidos por uma prática letárgica, segue o nosso Coritiba a passos de tartaruga, quem sabe na esperança de que, assim como na fábula, o coelho pare pra descansar, achando que já ganhou. Talvez, a exemplo daquela estória, consigamos chegar na frente. Mas precisamos mesmo pagar (e sofrer tanto) pra ver?
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