Estrela Dourada
Se quisermos olhar a vitória do Coritiba sobre o Cruzeiro de uma forma simples, daria pra dizer que bastou que não houvesse erros individuais bizarros, tipo os de Leandro Almeida (conta o Avaí), de Helder (contra o Flu), e de João Paulo (contra o Atlético), para que não perdêssemos o jogo.
Já se quisermos atribuí-la à sorte, temos que admitir que foi providencial a contusão de Rosinei (que parece que se machuca a cada vez que respira) em cima da hora do jogo, que culminou com a escalação de Lúcio Flávio como volante, conferindo a esse setor uma qualidade à qual estávamos desacostumados.
Mas mais correto seria, entretanto, dizer que ganhamos do Cruzeiro por conta de uma conjunção de fatores. Além dos dois acima citados, tenho comigo que as entradas de Marcos Aurélio e de Esquerdinha no time elevaram bastante o padrão técnico da nossa equipe. Somado a isso, a não insistência de Ney Franco em escalar três volantes, dando oportunidade para meia-armadores (Galhardo, Ruy – no jogo passado - e o próprio Lúcio Flávio) que sabem o que fazer com a bola, mostrou-se como uma decisão mais do que acertada, muito embora fosse óbvia para uma equipe que precisava de vitórias, não de empates.
E eis que, por conta de todos esses fatores, é possível vislumbrar uma ponta de esperança surgindo no horizonte, no que diz respeito a uma recuperação no campeonato, senão a ponto de nos levar àquela zona de tranquilidade absoluta, pelo menos a ponto de tentar sair da maldita zona de rebaixamento. Ou será que todo esse alívio por uma vitória decorre apenas do fato de ela interromper uma sequência de seis jogos em que perdemos cinco e empatamos um?
A resposta para a pergunta acima saberemos muito em breve. Se Ney Franco souber lidar bem com as opções que agora se apresentam (Norberto ou Rodrigo Ramos? Lucio Flávio ou um volante? Lúcio Flávio ou Ruy? Galhardo? Wellington Paulista? Rafhael Lucas?) fazendo as escolhas certas, utilizando-as para montar um time que coloque sempre a vitória como meta principal, seja em casa ou fora, há, sim, a chance de ver diminuída a nossa rotina de frustrações e de sofrimento.
Para não me omitir, e até para suscitar aquele debate que surge pelo fato de todos nós torcedores sermos, também, treinadores “consagrados”, talvez eu deixasse como titular, nas próximas partidas, o time que começou o jogo ontem. A meu ver, Galhardo é muito mais efetivo do que o Ruy, João Paulo não pode ser titular nunca, os garotos nas laterais estão dando conta do recado, Lúcio Flávio, Esquerdinha e Marcos Aurélio não podem sair desse time, nem a pau, e é, sim, possível, atuar com o mesmo esquema dentro e fora de casa.
Mas, seja lá qual for o time escolhido para a sequência, desde que não seja montado com três volantes juntos, espero que, enfim, tenhamos encontrado um ponto de equilíbrio, e que ainda seja possível recuperar o imenso prejuízo decorrente de termos jogados seis meses do ano no lixo. Rendendo-me a mediocridade que nos assola há anos, o simples fato de sair da zona de rebaixamento e não mais voltarmos pra lá já me deixaria, digamos, conformado...
Por impedir a vinda de Leo Moura ao Coritiba. Quiçá o dinheiro que seria gasto com esse jogador, cuja carreira parece já ter acabado, possa ser mais bem aproveitado, senão para contratar alguém que preste, ao menos para ajudar a manter em dia os demais salários, ou para valorizar os piás que vieram da base e estão ajudando, de fato, em campo.
Sempre disse que minha seleção é o Coritiba. Até por isso, não costumo prestar muita atenção na Seleção Brasileira em épocas que não sejam de Copa do Mundo. Porém, confesso estar surpreso pelo fato de existir alguém que acreditasse que um time “montado” por Dunga, gerenciado por um Gilmar Rinaldi, e administrado por uma CBF pudesse nos levar a algo que fosse diferente de mais um fracasso retumbante.
Guardadas as devidas proporções, não dá para deixar de traçar um paralelo entre o que acontece com a Seleção Brasileira e com o Coritiba. Outrora grandes, com camisas que impunham respeito pela glória e pela tradição, hoje se resumem a meros coadjuvantes de qualquer coisa que disputem, tendo chegado a esse ponto pela incompetência de seus dirigentes e pelo conformismo de seus torcedores.
Feliz o torcedor que teve o privilégio de acompanhar os grandes feitos da seleção nacional e do nosso Coritiba, pois, pelo andar da carruagem, tais momentos dificilmente serão repetidos...
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