Estrela Dourada
O artilheiro do Coritiba em 2012 é um zagueiro. Não que isso seja ruim, mas só o fato de ser incomum é a comprovação de que algo não está saindo conforme o planejamento. Ou estava nos planos contratar Marcel, Roberto, Lincoln, bem como manter Rafinha, Caio e Anderson Aquino, entre outros, para que esses fossem coadjuvantes de um zagueiro na briga pela artilharia do time?
Falam tanto em planejamento, em projeto, mas aí cabe a pergunta: qual o projeto que, para ser levado a bom termo, não requer nenhuma correção de eventuais imperfeições surgidas no decorrer do mesmo? No caso específico do Coritiba, não ter conseguido vencer dois times da segunda divisão nacional e ter demonstrado, na grande maioria das partidas deste ano, uma imensa insegurança técnica e, principalmente, tática, além de se mostrar sem nenhum poderio ofensivo, a ponto de depender seguidamente de gols de zagueiros para conseguir algumas vitórias, tudo isso não indica a necessidade de um ajuste no tão falado "projeto de longo prazo"?
O Coritiba está brincando com o perigo. Ao protelar os ajustes necessários e tomar como parâmetro o fraco nível técnico do Campeonato Paranaense, no qual não conseguimos nos destacar como era esperado, ao assumir como normal uma derrota para um time de Arapiraca, ao desconsiderar o fato de só conseguir efetivar uma vitória em casa depois de o adversário ficar com dois jogadores a menos, ao depender cada vez mais de gols marcados pelos defensores, mais do que a comprovação de que o time passa por grandes dificuldades, vem a certeza de que é preciso corrigir os rumos, e logo.
Talvez consigamos contratar mais jogadores, lá pelo meio do ano. Talvez Keirrison volte da contusão e reencontre o seu futebol, lá por agosto. Talvez alguns pratas da casa sejam aproveitados pelo treinador, lá por outubro. Talvez Marcel chegue perto do que fez em 2003, se nascer de novo. Talvez Jonas aprenda a cruzar uma bola, lá por 2020. Talvez Eltinho perca o medo da bola, lá por ... Mas e até lá, o que faremos?
Já que não podemos contratar um time todo novamente, e acreditando que as reposições dos jogadores que saíram foram feitas à altura, como diz a diretoria, não seria o caso de tentar uma mudança na comissão técnica? Será que uma mudança na “filosofia” de jogo, nos esquemas táticos, na capacidade de motivação, nos discursos, enfim, não faria com que o time produzisse ao menos um pouco mais do que vem demonstrando neste início de ano? Será que essa eventual correção de rumo no projeto seria uma aposta tão arriscada a ponto de pôr tudo a perder? Ou será que vale a pena apostar em não mudar nada, e arriscar perder tudo o que "conquistamos" desde a implantação desse "projeto de longo prazo"?
Nas duas últimas vezes em que optamos pela continuidade quando as coisas não iam bem, nos demos muito mal. E continuamos pagando MUITO caro por isso. Quando tivemos duas grandes chances, em 2011, de acelerar nossa recuperação, fracassamos. A esses fracassos sobreveio uma inexplicável tolerância com o perigo da mesmice. Passamos a viver na inércia do “quase” e, o que é pior, a ver nela o nosso limite.
Se querer para ontem as coisas de amanhã é um erro, deixar para amanhã as mudanças que deveriam ter sido feitas ontem é um erro maior ainda. E de conseqüências muito mais traumáticas. A torcida Coxa Branca sabe muito bem disso.
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