Estrela Dourada
Estranha essa sensação.
Por mais que a gente ache estar preparado, por mais que a gente tente antever a situação, por mais vezes que tenhamos passado por isso, não deixa de ser incômoda essa dor no fundo do peito.
Ainda que o rebaixamento do Coritiba para a Série B não seja nada mais do que o previsível final de um melodrama que já se arrastava há seis longos e tristes anos, a forma pela qual se deu o desfecho foi completamente inusitada, e serviu como um castigo a quem ousou alegrar-se, mesmo que por poucos segundos, com um time que virou sinônimo de tristeza.
E eu, que me julgava forte e que imaginava que nada seria capaz de me abalar confesso que, quando me vi sozinho, deixei escapar algumas lágrimas.
Eis que agora, passadas algumas horas, as emoções continuam a brigar entre si, lá no fundo da minha alma. Raiva e tristeza se alternam. Eu tenho meus culpados, já expus minha opinião sobre isso, aqui nesse espaço, repetidamente. Isso motiva a minha raiva, pois penso que se deve falar sempre antes de acontecer o desastre, nunca depois, senão vira oportunismo. Só que todos esses que eu culpei antes hoje devem ter o Coritiba como passado em suas vidas, e vem daí boa parte da minha tristeza, não pelo fato de eles nos deixarem, o que é uma benção, mas sim pela constatação de que nosso clube foi entregue na mão de descompromissados.
Compromisso, aliás, é a única coisa que pode fazer o Coritiba ter uma sobrevida que, quem sabe, possa vir a algum dia virar um renascimento. Compromisso de quem o ama verdadeiramente e que, ao invés de virar as costas para ele, deve apoiá-lo e suportá-lo na medida em que for possível, seja mantendo-se como sócio, acompanhando os jogos ou, pelo menos, não negando seu amor pelo clube. Só quem pode manter o Coritiba vivo somos nós, seus torcedores.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)