Estrela Dourada
3 x 0 contra. Mais uma goleada sofrida, em mais uma final de campeonato. Mais uma humilhação, agora com requintes de crueldade, por nos ter sido imposta por uma equipe que não ganha nada há muito tempo.
Mas não é difícil entender o porquê da justa vitória atleticana ontem. Ela não foi construída apenas em cima da história de fracassos acumulados por Gilson Kleina, nosso especialista em rebaixamentos de plantão. Nem, tampouco, foi conseguida só por conta da fraqueza técnica do nosso time. A goleada que sofremos ontem foi consequência da nossa soberba, da nossa estupidez e, principalmente, da nossa tolerância com a mediocridade.
Penso eu que não existe crueldade maior do que alimentar ilusões. E é exatamente isso que fazem os incautos que, travestidos de otimistas, ajudam a criar uma torcida de cegos, que se recusa a ver o óbvio, e de ignorantes, que julga que vitórias sobre um time reserva de um Avaí da vida, ou sobre os fraquíssimos Toledo e PSTC, são comprovações de que temos um elenco suficientemente qualificado para vencermos não apenas o ridículo campeonato paranaense, o que seria nossa obrigação, como também para enfrentar com o mínimo de dignidade o Brasileirão, o que já seria fugir à nossa rotina dos últimos anos.
Queria eu que o vexame de ontem servisse como um tapa na orelha apenas daqueles que tentam turvar a realidade, pregando que o amor ao Coritiba só é verdadeiro se fecharmos os olhos para as nossas mazelas, se desconsiderarmos nossas fraquezas, se aceitarmos calados as nossas derrotas, se nos rendermos às seguidas humilhações, enfim.
Mas não. Infelizmente, a vergonha de ontem é como uma tortura continuada na alma de todos nós, Coxas Brancas, não apenas por devolver a realidade àqueles que insistem em ignorá-la, mas também, e principalmente, por nos fazer temer por vexames piores amanhã, quando começarmos a enfrentar equipes muito mais qualificadas que a porcaria desse time do ginásio público da Água Verde.
Mas então o que fazer? Desistir do Coritiba?? Não, nunca! Mas tentar sair desse estado letárgico em que nos encontramos, passando a reconhecer nossas limitações e deixando de esconder nossas deficiências seria como que um primeiro passo para tentarmos construir um final diferente da nossa rotina recente. Não neste campeonato regional, onde a fatura pelos nossos erros e pela nossa tolerância à mediocridade já nos foi apresentada, e parece estar bem acima das nossas posses, a menos que a nossa camisa gloriosa resolva impor-se por si só. Mas, pelo menos, para que possa existir a perspectiva de viver um amanhã menos sofrido.
Humildade, consciência e trabalho, muito trabalho. Só isso pode nos trazer algum alento e, quem sabe, alguma alegria real, verdadeira, que não precise ser superestimada para que possamos sentir vivo nosso orgulho de ser Coxa Branca.
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