Estrela Dourada
Charles Dickens disse: cada fracasso ensina ao homem algo que ele precisava aprender.
Eu bati muito na tecla da perda da Copa do Brasil 2011 para o Vasco da Gama. Falei sobre ela durante quase um ano. Fiz isso porque entendia ser necessário não se esquecer dos erros cometidos naquela ocasião para, caso houvesse outra oportunidade, tentar fazer algo diferente do que havia sido feito.
O desempenho do time do Palmeiras, antes e depois da final da Copa do Brasil deste ano, só comprova que perdemos novamente este título, e novamente em casa, por conta do fato de o treinador Marcelo Oliveira ser um cara fadado a fracassar nas decisões.
É quase que um consenso que o Coritiba foi melhor que o Palmeiras no primeiro tempo do jogo lá em São Paulo. Isso jogando com três volantes. Imagine se tivéssemos sido um pouco menos conservadores... Na semana passada, jogando contra o Náutico, fora de casa, foi tirar de campo o terceiro volante do time (a porcaria do Jr. Urso), para o time crescer e virar o placar. Sábado passado, contra o Grêmio, sem três volantes, e sem Jr. Urso, conseguimos vencer o bom time gaúcho, ainda que apenas depois das saídas de Elano e Zé Roberto. Pra mim, fica mais do que provado que o esquema preferido de Marcelo Oliveira não funciona, principalmente quando ele coloca Willian e Urso para jogarem juntos. Mas, para ele mudar o time, só se um deles estiver suspenso, ou contundido.
Foi preciso a diretoria do Coritiba vender (assim espero!) o lateral Jonas, para Marcelo Oliveira tirá-lo do time. Ao escalá-lo na segunda partida da decisão da CB, no lugar de Ayrton, que tinha plenas condições de jogo (ele entrou no segundo tempo e “só” fez o gol que nos deu uns minutinhos de esperança), nosso treinador cumpriu o que prometera, ao afirmar repetidamente que “faria tudo de novo” em relação à decisão do ano anterior: surpreendeu negativamente na escalação e priorizou os cuidados defensivos, antes de lembrar que, mais uma vez, nós é que corríamos atrás do placar.
Porém, para os conformados de plantão, o importante é que chegamos a duas decisões seguidas. Vencê-las, ou mesmo que a uma delas “apenas”, não foi possível porque os "árbitros não deixaram". Como se o fato de termos nos comportados em ambas as finais como time pequeno, com medo, cheios de cautela, mesmo sendo superiores aos nossos adversários, não importasse nada.
A obsessão de Marcelo Oliveira em “marcar” o time adversário é doentia. Talvez até fizesse algum sentido, se os números que nos colocam como a defesa mais vazada do Brasileirão fossem mentirosos. Na Copa do Brasil, muitos já nos têm como time “copeiro”, esquecendo-se que é quase impossível vencer essa competição sem marcar gols fora de casa. E quantos gols fora de casa marcamos nas fases finais das competições, contra Ceará e Vasco em 2011, e contra São Paulo e Palmeiras em 2012?
Este ano, levamos quase sete meses para conseguir a SEGUNDA vitória sobre um time grande. Isso que já jogamos contra Internacional, Botafogo, Flamengo, Santos São Paulo (três vezes), Palmeiras (também três vezes) e Grêmio. Mas bastou que essa segunda vitória viesse, para que muitos já apontem o Coritiba como candidato a uma das vagas da Libertadores 2013. Tolos sonhadores, digo eu.
Nossa realidade é bem diferente da de quem tem condições de brigar por uma vaga entre os quatro primeiros colocados do campeonato. Nem tanto pelo elenco que temos, que é sabidamente fraco, mas que é capaz de se superar, mas principalmente porque estamos sob o comando de alguém incapaz de vencer uma decisão (que não seja contra times do nosso fraquíssimo campeonato regional).
Nossa realidade, como assíduos freqüentadores da segunda divisão que somos, e como eternos conformados com o fracasso, é tentar vencer o campeonato da segundona embutido na primeira divisão, ficando a frente de Ponte Preta, Portuguesa, Sport, Náutico, Bahia, Atlético-GO e Figueirense. O que vier, além disso, será lucro. Tolice dar importância à Sul Americana, não apenas pelo risco de perdermos o foco nessa luta contra não cair, mas também porque de nada adiantaria chegar a mais uma decisão importante para ver nosso treinador distribuir fraldas ao nossos jogadores, ao invés de enchê-los de coragem.
Confundir paciência é fórmula certa para não sair da mediocridade.
xxx
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)