Estrela Dourada
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Dependência psicológica é a necessidade de determinado comportamento para viver normalmente e sentir-se confortável. Está fortemente associada às drogas, que podem causar dependência tanto psicológica quanto física. A dependência psicológica pode aparecer independentemente e é de tratamento lento e difícil, diferentemente da dependência física.
É disso que sofremos, nós, Coxas Brancas. E a nossa droga, no caso, é o Coritiba.
Senão, como explicar o motivo pelo qual desperdiçamos horas de nossas vidas, deixamos de viver momentos com nossos filhos e com a família, escolhemos a tensão ao invés da paz, rasgamos dinheiro comprando camisas e pagando a mensalidades de sócio, tudo em nome de algo que nunca mais nos deu nada que não sejam tristezas e desilusões?
Houvesse um meio de deixar de torcer para o Coritiba, eu certamente o faria. Descobrisse eu uma maneira de arrancar de dentro do peito esse amor insano, eu certamente viveria mais feliz. Ou, melhor dizendo, menos triste, pois condicionar a felicidade pessoal ao Coritiba, mais do que uma insanidade, seria uma imbecilidade.
Mas como conseguir isso? Como abrir a gaveta e não escolher aquela camisa alviverde, em meio a tantas outras? Como deixar a razão impor-se à emoção? Como apagar as lembranças de um Coritiba grande que já chegou, inclusive, a ser campeão do Brasil?
Talvez a resposta seja até simples. Talvez baste apenas deixar de lado a esperança. Resignar-se, aceitar que ela morreu, também, em 1989. Assim, cientes de que nossa realidade, hoje, é regida por pessoas que, diferentemente de nós, torcedores, não têm compromisso algum com o Coritiba que não seja locupletar-se com um cargo diretivo qualquer, seja para defender interesses pessoais, seja mesmo com boas intenções, mas nenhum preparo para realiza-las, talvez consigamos acordar desse sonho que virou pesadelo e que nos rouba não somente a alegria, mas também nos deixa acostumados com a humilhação, transformando-nos em torcedores medíocres.
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Uma vitória nos últimos nove jogos. Cinco jogos seguidos em casa sem vitórias (3 pontos ganhos em quinze disputados). Tudo isso sob o “comando” do mesmo treinador que, a esta altura do campeonato do ano passado, estava no mesmo lugar em que está hoje, ali, no banco de reservas, inerte, perdido, perguntando aos jogadores em campo quem quer sair, quem está cansado, incapaz de por si só tentar algo diferente. Erro repetido, portanto.
E o que vemos de movimentação da diretoria do Coritiba para mudar esse cenário? Nada, absolutamente nada. Pois talvez esteja aí outra reposta para os questionamentos que fiz sobre como deixar essa dependência que temos do Coritiba, que tanto mal nos faz. Basta nos espelharmos em nossos dirigentes e no pouco caso que eles fazem do clube. Basta agirmos como eles e acharmos que as coisas resolver-se-ão sozinhas, por si só, sem que seja preciso tomar nenhuma atitude. Agindo assim, desconectados da realidade, tratando o Coritiba com desdém, talvez consigamos atingir o estágio que esses caras já atingiram, que é o de não fazer do Coritiba algo importante em suas vidas e, portanto, algo pelo qual não temos responsabilidade alguma.
Difícil para nós, porém, será conseguir conviver com esse vazio no coração...
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