Estrela Dourada
As palavras esgotam-se por si próprias. As conquistas, não. Estas têm um caráter eterno.
A tarefa de escrever sobre o título brasileiro que o Coritiba conquistou em 1985 é a mais pura definição de paradoxo: fácil, por tudo o que já foi escrito (e visto) antes, e difícil, porque nem os mestres da palavra conseguiriam descrever o que significa a materialização de um sonho.
Cada etapa da maior conquista Coxa Branca poderia – e até deveria – ser transformada em uma poesia. Desde o comando abençoado do Presidente Evangelino, passando pela inteligência ímpar de Ênio Andrade, pelas caretas do Lela nos gols fundamentais contra o Santos, Corinthians e Joinville, pela fantástica virada em cima do Cruzeiro no Mineirão, pelo gol de canela de Marildo em outro templo do futebol (o Maracanã), pelo gol de Heraldo que roubou até a energia elétrica do estádio Couto Pereira, pela defesa milagrosa de Rafael em outro Mineirão lotado, até o pênalti convertido por Gomes, que transformou o mais belo sonho de uma torcida na mais bela realidade de um clube.
Havia pouco mais de 90.000 mil pessoas no Maracanã, na noite do dia 31 de julho de 1985. A maior torcida presente era a do Coritiba. Sim, porque das outras 70.000 pessoas que lotavam o estádio, apenas uma pequena parte era realmente torcedor do Bangu. A maioria desse público era composta por torcedores dos outros times do Rio de Janeiro e, a exemplo da pessoa que providenciou um caminhão do Corpo de Bombeiros para ficar de prontidão no estádio a fim de comemorar a conquista do time carioca, mal sabiam que o que iriam presenciar era o justo coroamento do maior time do Paraná.
Índio, o centroavante alviverde que não marcava há dezesseis partidas, havia guardado o seu gol para este momento decisivo. Como a tentativa do acaso de estragar tudo, que fez uma bola ser desviada na zaga alviverde antes de conseguir o que era praticamente impossível naquela época, que era transpor Rafael, poderia ser insuficiente para que o caminhão dos bombeiros fosse realmente utilizado naquela noite, um dos bandeirinhas até tentou dar uma ajuda, ao chegar a validar um gol irregular do ponta direito Marinho, do time carioca. Mas a hombridade do árbitro Romualdo Arppi Filho impediu que uma cruel injustiça se consumasse.
Um providencial empate de 1x1 no tempo normal permitiu ao Coritiba desfilar por mais trinta minutos no gramado do maior estádio do mundo, durante a prorrogação da partida. Então, já na madrugada do dia 01 de agosto, Gomes simplesmente deu continuidade a uma série de cinco pênaltis cobrados com perfeição pelos jogadores alviverdes e colocou um ponto final nos sonhos dos cariocas e paranaenses. Eles, os cariocas, só sonharam; já nós, Coxas Brancas, acordamos para a nossa realidade: Coritiba, Campeão Brasileiro!
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)