Estrela Dourada
Ignoram-se, pois, todos os sintomas de que algo possa estar errado. E é apavorante a sensação de já ter visto esse filme antes. Se ainda não for a hora de dizer que tudo está errado, é, no mínimo, a hora de rever alguns conceitos e de mudar algumas estratégias, sob pena de desperdiçarmos tudo o que vem sendo reconstruído com muito sacrifício.
Foi assim que eu concluí um texto postado neste espaço há exatamente um mês. E agora, a todos os sintomas de que algo não vai bem no Alto da Glória, juntou-se mais um que, infelizmente, pode ser fatal: a indiferença.
1) Indiferença dos jogadores. Já na segunda partida contra o Nacional, em jogo que simplesmente valia o avanço à próxima fase da Copa do Brasil, fiquei estupefato ao ver os jogadores simplesmente andando em direção a Anderson Aquino, depois de ele marcar cada um dos seus dois gols na partida. Vibração zero, empolgação e felicidade idem.
Ontem, contra o poderoso Arapongas (que, insisto em lembrar, havia levado 4x0, em casa, do Londrina, na penúltima rodada), além da completa falta de movimentação e da total falta de empenho, os jogadores demoravam horas para levantar depois de sofrerem faltas (Renan Oliveira e Lucas Mendes, ainda no primeiro tempo, rolaram em campo e saíram de maca para, logo após deixarem o gramado, pedirem para retornar). Por óbvio que haveria de se investigar se foram ou não contusões sérias, e de se cuidar dos jogadores. Porém, o placar adversário não ensejaria um mínimo de garra por parte dos jogadores alviverdes (os do pretenso maior vitorioso do mundo, não os do poderoso Arapongas)? Ao ver os jogadores coritibanos estendidos no gramado, rolando pra lá e pra cá, a lembrança de exemplos de garra como os de Reginaldo Nascimento e de Leandro Donizete era de doer na alma...
2) Indiferença da diretoria. Ao desfazer-se de Leo Gago e Leandro Donizete, a diretoria simplesmente acabou com a estabilidade do meio de campo Coxa Branca. Ao vender (?) Marcos Aurélio, nos tirou o direito de ter esperanças em um jogador capaz de fazer a diferença em uma jogada. Ao trazer Marcel, apostou suas fichas em um refugo que ninguém mais queria (e parece repetir o mesmo agora com Keirrison, ainda que a ele seja merecida uma segunda chance, por sua pouca idade e pelo que já fez pelo Coritiba); ao contratar Junior Urso, debochou da torcida ao cantá-lo como substituto para os nossos volantes; ao manter Marcelo Oliveira, que não só não consegue mais motivar o time, como sempre foi incapaz de criar variações táticas para reverter situações adversas, assinou um contrato de compras de passagens (de volta) para o Inferno, e de primeira classe.
3) Indiferença da torcida. Apegada a rankings fajutos sobre treinadores de futebol (que não levam em considerações as conquistas), a recordes que só servem para placas decorativas e enfeites em camisas, pois também não traduzem conquistas de campeonatos, a números de invencibilidade em um campeonato de nível abaixo do medíocre, a torcida alviverde parece entorpecida. Engole com farinha jogadores medíocres que nenhum outro clube quer, aceita passivamente que meio time tenha ligações com uma empresa (vê repetir histórias acontecidas no Paraná Clube e no Avaí e nada questiona), defende um treinador que SEMPRE falhou nas horas decisivas, aceita o “quase” (quase campeão da Copa do Brasil, quase classificado a Libertadores) como rotina e, o que é pior, deixa-se levar pela inércia da comparação onde estávamos - onde estamos, desconsiderando o mais importante, que é o onde estaremos amanhã.
É certo que 2011 marcou a recuperação de um time que tinha caído ao fundo do poço. Isso deve ser (e até já foi) bastante valorizado. Mas não podemos ficar olhando pra trás, parar no tempo e deixar de avançar. Os sinais de que as coisas não vão bem no Alto da Glória são muito claros, insisto. Aceitar o péssimo desempenho do time alviverde em 2012 é fechar os olhos para a repetição de tragédias recentes.
É preciso mudar o futebol do Coritiba. E a hora é agora, sob pena de essa indiferença nos custar caro, OUTRA VEZ.
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