Estrela Dourada
O Coritiba chega hoje, dia 15 de fevereiro, à sua primeira decisão em 2012.
Absurdamente, vamos jogar contra o Cianorte correndo sérios riscos de, em caso de mais um resultado negativo, ficarmos alijados da disputa do primeiro turno do Campeonato Paranaense.
Particularmente, acho essa situação meio surreal (o “meio” fica por conta da imprevisibilidade do futebol), ainda mais quando levo em consideração que há duas semanas festejávamos números. Depois de tudo o que foi dito e cantado aos quatro ventos sobre as “conquistas” de 2011 e sobre a manutenção da base da equipe para 2012, deveríamos estar apenas passeando no campeonato estadual, pois o único time que, teoricamente, poderia nos fazer alguma frente, está esfacelado, rebaixado nacionalmente, “passando a sacolinha” (para o poder público, infelizmente) e não tem nem estádio para jogar.
Penso que pode haver três explicações para termos chegado, já na 8ª rodada do primeiro turno, precisando desesperadamente da vitória: ou 2011 não foi tão espetacular quanto muitos acham e os números que tanto festejamos eram irrelevantes quando contrapostos às conquistas (como eu escrevi aqui no último texto, recordes são efêmeros, ainda que grandiosos, mas conquistas são eternas), ou a base do time não só não foi mantida, como foi simplesmente destruída, ou, ainda, a incapacidade de nosso comando técnico finalmente é provada.
Se há um consenso sobre a campanha alviverde de 2011 é a de que ela foi a prova da nossa superação, depois das tragédias de 2009. Cumprimos nossa obrigação regionalmente, não ousando perder para nenhum dos timecos que existem no Paraná. Estivemos bem perto de conquistar um título de abrangência nacional e, depois, de obter uma classificação à Libertadores. Fracassamos, e o que nos sobrou foi cantar e exaltar a superação de um quase moribundo para aplacar a frustração que, em mim ao menos, insiste em se fazer presente. No mais, 2011 sempre será motivo para intensos debates entre aqueles para os quais um “quase” basta, e aqueles para os quais o “quase” é igual a nada.
A meu ver, a explicação sobre a renovação da base do time casa melhor com os sustos que temos tomado contra um time que voltou agora da segunda divisão do estado, e contra um time que tomou de sete do nosso adversário de logo mais. As saídas de Leandro Donizete e de Leo Gago nos tiraram não apenas a capacidade de articular a transição da defesa para o ataque, mas também a estabilidade que tínhamos como uma equipe. Perdemos, ainda, a voluntariedade de Bill, que foi trocada pela imobilidade de Marcel, e a genialidade de Marcos Aurélio (talvez aqui caiba o "em terra de cego...."), que sequer foi trocada por alguém, dada a inexistência no atual elenco de alguém com características ao menos parecidas às dele. O resultado é que o time do Coritiba hoje é, falando de forma simples, uma bagunça só.
E, dessa bagunça só, surge a terceira e, para mim, mais plausível explicação sobre a temerária situação que vivemos já no início de 2012: Marcelo Oliveira é incapaz de acertar quando a situação ou é decisiva, ou é adversa. Mas sobre Marcelo Oliveira eu já falei muito, e como para uns poucos (felizmente) é proibido ter opinião crítica sobre o nosso treinador, não há muito mais o que eu dizer. Para quem ainda tem alguma dúvida sobre esse assunto, basta assistir ao VT das partidas contra o Londrina (quando novamente voltamos àquela armação defensiva e covarde ao jogar fora de casa contra um adversário um pouquinho mais tradicional que os demais) e contra o Rio Branco (aonde vimos às já tradicionais substituições inócuas dos laterais durante o jogo, aos volantes batendo cabeça, ao maldito poder de desmotivação de um treinador que deixa de fora da partida alguém que tinha sido decisivo na partida anterior). Acho que é impossível rever esses jogos e, ainda assim, deixar de reconhecer a incompetência (que pode até ser pontual, mas que é decisiva para os fracassos) de Marcelo Oliveira.
Não há mais espaço para erros, sob pena de comprovação de que nossa realidade é incompatível com os nossos sonhos. A diretoria precisa investir parte do dinheiro das negociações de Donizete, Gago, Marcos Aurélio, Jeci e, agora, Davi, e contratar alguém que realmente faça a diferença nas laterais, no meio de campo e no ataque (no mínimo um jogador para cada um desses setores); Marcelo Oliveira precisa se decidir se realmente quer conquistar algo grandioso, ou se quer continuar sendo apenas o “paizão” de uma família de jogadores sem ambição; e nós, torcedores, temos que nos decidir se queremos mesmo algo mais além de números e de história para contar.
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