Estrela Dourada
Em 1998, depois de fazer os dois gols de diferença que precisava, contra a Portuguesa, no Couto Pereira, o Coritiba cedeu o empate e foi eliminado de um campeonato brasileiro em que vinha muito bem. Mas quase chegou lá.
Em 2005, o Coritiba quase não foi rebaixado. Faltou um ponto.
Em 2009, faltou um golzinho contra o Internacional, no Alto da Glória, para levar o Coxa à sua primeira final de Copa do Brasil. Foi quase.
Também em 2009, um golzinho a mais contra o Fluminense, ou um pontinho a mais durante todo o campeonato, teriam nos mantido na primeira divisão. Quase que o Coritiba não foi rebaixado.
Em 2011, por conta de uma estupidez de seu treinador, que resolveu reinventar a roda no último jogo do campeonato, o Coritiba perdeu a decisão da Copa do Brasil, em casa. Mas quase foi campeão.
No brasileirão deste ano, o Coritiba quase conseguiu segurar os empates, fora de casa, contra times “poderosos”, como gosta de dizer o nosso treinador (que só pode nos ver como pequenos, dada a insistência em exaltar as qualidades dos outros); mas tomou gols no final e foi derrotado.
Contra o Bahia, em Salvador, quase que o Coritiba conseguiu sua primeira vitória fora de casa.
Ontem, contra o São Paulo, o Coxa foi humilhado, em sua casa, pelo adversário e pela torcida do adversário, ao ser impiedosamente massacrado no primeiro tempo de jogo. Porém, no segundo tempo, reagiu e quase chegou ao empate. Quase, novamente.
E assim, de quase em quase, vai sendo construída a rotina Coxa Branca. Uma rotina de frustrações que se sucedem, pontuadas aqui e ali por um título regional.
2010 foi um ano de superação para o Coritiba. Depois do estrago causado pelos seus dirigentes e pela sua própria torcida em 2009, nos reerguemos quando parecia que sucumbiríamos de vez. Mais do que isso, 2010 nos trouxe a esperança de novos tempos no clube, remodelado e rearranjado administrativamente.
O começo de 2011 superou as expectativas de todos, com um título regional invicto e uma quase conquista de outro título nacional, jogado fora por uma invenção de Marcelo Oliveira, que errou exatamente quando não podia errar. Ainda assim, nos foi sugerido, pela diretoria e por nossa empolgação, sonhar com a conquista da vaga para a Libertadores 2012 ainda neste Campeonato Brasileiro.
Mas eis que a banda vai passando, seguimos com uma campanha medíocre de mais derrotas do que vitórias, e a diretoria vai apenas olhando. Não se ouve qualquer rumor sobre contratações e, muito menos, nenhum questionamento ao comando técnico.
Até posso entender que temos um elenco com capacidade suficiente para nos manter na primeira divisão. Um ou outro reforço pontual, porém, nos permitiria até almejar algo maior. Mas tenho comigo que a principal mudança a ser feita no Coritiba seria a troca do seu treinador.
Marcelo Oliveira errou quando não podia ter errado e, muito mais do que nos roubar a consumação do nosso renascimento, deu uma mostra definitiva de que lhe falta competência para tomar decisões nas horas decisivas.
O que tem reforçado a minha opinião de que esse treinador não serve mais para o Coritiba, desde aquele erro contra o Vasco, é não somente a sua mania de ressaltar quão “poderosos” têm sido nossos adversários e o tom de criança assustada ao insistir nas desculpas de que faltaram apenas detalhes para ganharmos os jogos, mas, também, suas recentes demonstrações de teimosia e de birras (a insistência com Marcos Paulo até ele sair do clube, as seguidas substituições do craque do time - que pode desequilibrar em um lance, o medo de colocar no time o Maranhão, por conta de suas características ofensivas, e por aí vai).
À atual diretoria do Coritiba, que nos devolveu um pouco de nossa dignidade, roubada por seus pares de gestões anteriores, segue aqui um humilde pedido: não deixe que 2011 repita 2009 (uma boa campanha na Copa do Brasil, um começo irregular no Campeonato Brasileiro, e uma tragédia consumada na última rodada). Aja, enquanto há tempo. Não fiquem marcados como a diretoria que quase deu certo.
Em tempo: sei que é um erro dar ouvido a boatos, mas, de coração e com todas as minhas forças, torço para que seja mesmo apenas uma estória esse papo sobre a cessão do Couto Pereira ao Atlético, durante as reformas do seu estádio.
Ainda que eu abomine a rivalidade insana, que autoriza agressões em nomes de cores, e ainda que se alegue que o Coritiba pode amealhar uma boa quantia (de aluguel) nesse processo todo (isso como se a dignidade pudesse ter um preço), tenho comigo que não é hora para demonstrações de benevolência e de companheirismo com quem não apenas desconhece o que são essas coisas, pois nunca agiu assim conosco, mas que também sempre bradou estar anos a nossa frente e construiu sua história com falácias. Eles que se virem, então.
Aos diretores do Coritiba, outro apelo: não vendam o que restou de nossa auto-estima.
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