Estrela Dourada
Desde 2006 eu ando por aqui, escrevendo uma ou outra linha sobre o Coritiba.
Fiz deste espaço não apenas a minha ponte com Curitiba, desde que daí saí, há bastante tempo, mas principalmente a minha conexão com o Alto da Glória, com o Coritiba, com a torcida Coxa Branca.
Através do COXAnautas fiz muitos amigos, virtuais e reais, participei de eventos importantes (como o jantar que oferecemos em homenagem ao Presidente Evangelino), e mantenho uma lista no WhatsApp, para falar só sobre o Coritiba, sem a qual meus dias seriam muito mais vazios.
Aqui já escrevi comemorando vitórias, chorando derrotas, lamentando rumos, desabafando, festejando, xingando os erros diretivos e sendo bastante xingado por ter adotado uma postura de tolerância zero quanto a isso... Mas posso confessar que maioria desses textos carregava uma coisa em comum: a ansiedade de poder rever o Coritiba como eu via, in loco, no estádio, no final dos anos 70 e durante os anos 80. Se não um Coritiba gigante, mas um Coritiba respeitado, que lutava, que tinha raça, brio, que honrava sua camisa, enfim.
Nesse tempo todo, o que acalmava meu coração era ver algum jogador se doando pelo Coritiba. Sem me deixar levar pela ilusão de que algum deles poderia vir a amar o clube tanto quanto nós, torcedores, amamos, eu, em meus devaneios, valorizava mais a comemoração de um gol com intensidade e vibração, quando o autor do gol se emocionava e sorria, quando o time todo corria para abraça-lo, do que o próprio gol em si. Pois a alegria da torcida se perde se o autor do gol a despreza, não pensa no que ela significa, não toma consciência de que milhares de pessoas estão ali a sorrir e comemorar porque alguém, vestindo a camisa do clube que é a razão da presença delas ali, naquele momento, marcou um gol não para si, mas para o clube que ele está a defender naquele dia.
Digo tudo isso para tentar expressar a emoção que senti ao ver Giovanni ali, ajoelhado, fazendo o gesto de atirar uma flecha, homenageando Dirceu Kruger, depois de marcar o gol mais importante deste ano, até agora, contra o Bragantino, domingo passado.
Acompanhei, aqui do Rio de Janeiro, a festa da torcida quando o ônibus do time chegou no Alto da Glória. Vi os fogos e o espetáculo da entrada do time em campo. O estádio lotado, quase 40.000 pessoas. Pois esse era o jogo que teríamos que vencer, não “apenas” para nos mantermos na briga para voltar à primeira divisão, mas por todo o simbolismo que ele encerrava. E quis o destino que o autor do gol da vitória fosse Giovanni, camisa 10, que veio para ser o craque do time, oscilou negativamente, quase voltou ao Goiás, teve sua testa carimbada com a marca de falta de compromisso ao ver concentradas em si as críticas pelo fato de a derrota vergonhosa para o Paraná Clube ter sido “comemorada” com uma noitada pelos jogadores, mas teve a hombridade de vir a público se desculpar e assumir o compromisso de se doar pelo e para o clube. Teve brio, acima de tudo.
Giovanni me fez voltar no tempo. Me lembrou de quando eu tinha ídolos no Coritiba, de como o estádio estremecia quando um gol era anotado, de quando o time inteiro vibrava, de quando tínhamos esperanças, confiança e, acima de tudo, orgulho de ser Coxa Branca.
Por esse momento, obrigado, Giovanni. Oxalá não tenha sido apenas mais um gol, mas sim o renascimento de um clube digno e respeitado.
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