Estrela Dourada
Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
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Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
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Precisei recorrer a Carlos Drummond de Andrade (Acordar, viver) para tentar ir de um ponto final a um novo parágrafo.
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Busco ideias que tragam algum contraponto à impressão de que o 2012 Coxa Branca ainda não acabou. Confesso que no início deste ano cheguei a me animar, não sei se esperançoso de que a enésima "nova administração" que está a assumir o Coritiba pudesse fazer algo diferente do usual, não sei se pelo grande reforço técnico no elenco derivado das saídas de Vanderlei e Robinho, não sei se apenas por ser virada de ano, enfim.
Tudo bem, não sejamos muito exigentes. Busquemos apenas um pouco de tranquilidade, dada pela esperança de que em 2015 não demoremos até as últimas rodadas do Campeonato Brasileiro para saber se continuaremos na primeira divisão. Mas essa tranquilidade, quem consegue tê-la? De um time que toma sufoco do lanterna do campeonato paranaense, que se fecha todo contra um Jotinha da vida, que apela ao anti-jogo pra ganhar de um Rio Branco, dá pra esperar o que?
Mas vamos usar um pouco de otimismo: se Carlinhos ficar, penso que nossa defesa não é tão ruim assim, a despeito de ainda não sabermos o que esperar de Vaná. Temos, também, volantes capazes de dar conta do recado (Helder, Rosinei e Cáceres, principalmente, além de João Paulo e Alan Santos, que não têm ido mal). No ataque, Rafhael Lucas nos devolveu o direito de sonharmos com a possibilidade de um prata da casa voltar a dar certo e se tornar a nossa redenção; Wellington Paulista tem me agradado pela disposição em campo e pelos gols recentes. Ainda assim, não vejo em um time que não tem nenhum meia armador, e que precisa poupar um jogador como Negueba para atuar nos jogos mais importantes, nenhuma chance de não passar sufoco no Brasileirão.
Talvez ainda haja tempo de nos devolver alguma esperança de não termos mais um ano repleto de humilhações e sofrimentos, triste rotina alviverde desde que acordamos do sonho de 2011. Basta não incorrer novamente no erro de achar que o campeonato regional serve de parâmetro para alguma coisa, e de que já temos um elenco capacitado e, principalmente, equilibrado. Simples assim. É pedir muito?
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Ninguém responde, a vida é pétrea.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)