Estrela Dourada
Segundo notícia recente veiculada na imprensa paulista, “os quatro grandes do Rio e de São Paulo tiveram todas as rendas de TV penhoradas por conta de dívidas com a Receita Federal”.
Um desses oito times grandes do eixo RJ-SP acaba de conquistar o título do Mundial Interclubes, depois de ter ganho a Taça Libertadores da América deste ano; outro desses grandes acaba de conquistar a Copa Sul Americana; outro, ainda, acaba de ganhar o segundo Campeonato Brasileiro em um espaço de três anos, mesmo tendo atrasado o pagamento dos salários de dezembro aos seus jogadores.
Mesmo com todos esses "problemas" financeiros, é tarefa quase impossível encontrar um torcedor de Corinthians, São Paulo ou Fluminense que esteja triste, hoje. Ou que tenha medo do futuro.
Estive em Porto Alegre na semana passada e não encontrei um único gremista que não esteja com um sorriso no rosto, orgulhoso da sua (ou da OAS) nova casa, a despeito da discussão - dos outros - acerca da vantagem ou não para o clube.
Enquanto isso, naquilo que nos diz respeito, que é o Coritiba, só se ouvem lamentações. Choro e mais choro sobre nossa condição de “pobres” no futebol brasileiro, e pregações intermináveis sobre responsabilidade financeira. Descrições da nossa realidade, sem dúvida alguma, mas que nem por isso precisariam ser repetidas à exaustão, como uma cantilena sobre a nossa mediocridade que se transforma em desculpa para os fracassos, ao invés de avivar nossa capacidade de superação.
Mas talvez nossa diretoria esteja certa, no que diz respeito a essa preocupação de tentar sanear financeiramente o clube. Talvez algum dia consigamos equacionar e negociar todas as dívidas e, quem sabe, com o apoio dos torcedores, possamos tornar o nosso clube superavitário e, conseqüentemente, por conta dessa lógica retilínea, vencedor. Até que isso aconteça, entretanto, devemos ter a consciência do nosso papel de meros coadjuvantes no cenário futebolístico. Devemos comemorar muito a conquista dos campeonatos regionais, bem como cada ano que consigamos permanecer na primeira divisão nacional. É o que nos cabe, pois, já que é impossível competir com quem não tem a nossa responsabilidade financeira.
Mas podemos, sim, sonhar com algo maior, mais digno de quem é grande. Imaginar que algum dia será o Coritiba que estará a monopolizar as atenções do mundo esportivo, em uma disputa de uma final no Japão. Ou até menos nos faria felizes. Bastaria sonhar que, em breve, não mais precisaremos transformar em feitos excepcionais aqueles em que o que nos resta é somente o consolo de mais um quase, é um título moral, é uma lágrima de tristeza travestida como sendo de orgulho.
Ou, talvez, nem seja preciso sonhar, uma vez que, em nossos corações, o Coritiba já é o maior time do mundo. Pra que mais do que isso, não é mesmo?
“A mediocridade é excelente aos olhos das pessoas medíocres.”
(Joseph Joubert)
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