Estrela Dourada
De uns tempos para cá (2011, para ser bem preciso) tenho assumido uma postura essencialmente crítica em relação ao Coritiba. Não por birra ou teimosia, mas sim pela convicção que, ao perdermos aquela Copa do Brasil em casa, desperdiçamos a chance de dar uma guinada na nossa história, de interromper o processo de auto aniquilamento que vimos passando desde 1989.
A partir daquele momento, adotei a postura (consciente e justificada, no meu ponto de vista) de não tolerar mais o conformismo com a nossa pequenez, o desprezo pela nossa história de respeito e, muito menos, de tomar as humilhações como normais.
Esse tipo de postura tem me custado caro, não pela ignorância dos que não entendem que minha opinião não passa disso, uma opinião pessoal, muito longe de ser a expressão pura da verdade absoluta, e que pode (e deve) ser contraposta com argumentos respeitosos, mas sim porque, ao não aceitar mais a mediocridade como rotina do Coritiba, talvez eu esteja lutando uma batalha impossível de ser vencida.
Não digo isso pelo resultado de ontem, contra o Figueirense, o qual eu, por incrível que pareça, não achei tão ruim, dado o fato de não termos perdido um jogo sabidamente complicado e, assim, termos conseguido manter a distância na tabela que nos separa do time catarinense; muito pior, e mais danoso, foi ter perdido para o Inter, pelas circunstâncias da partida, resultado que os trouxe de volta à vida e fez deles mais um competidor direto nosso pela “salvação”. Falo, porém, porque confesso ter relaxado em minhas cobranças desde que o técnico Carpegiani assumiu a equipe e nos deu a esperança de que nosso sofrimento este ano, na nossa eterna luta contra o rebaixamento, seria abreviado.
Nesta reta final do campeonato, em que faltam apenas oito rodadas, preocupam-me alguns fatos (e já adianto que entrarei na seara das “corneteadas”). Primeiro, parece-me que Carpegiani se perdeu depois da contusão de Alan Santos (“meu time é ele é mais dez”, teria dito nosso técnico em algum momento...). Desde então, temos visto o time com apenas um volante de ofício, com zagueiros improvisados de laterais, com substituições estranhas durante as partidas, que fazem do time uma salada mista em campo. Mas o mais preocupante de tudo, em minha opinião, é a maneira como Juan tem sido utilizado nesses dois últimos jogos: não é lateral esquerdo, não é meia armador, atua mais como um segundo volante, improvisado; como consequência disso, é nítida a sua queda de produção e, consequentemente, o rendimento da equipe Coxa Branca.
Tem também a questão envolvendo o assédio de outros clubes sobre Raphael Veiga. Entendo que isso possa ser uma coisa normal no futebol, mas não deixo de me surpreender com o amadorismo da diretoria do Coritiba, incapaz de não apenas tentar blindar o jogador em um momento decisivo do campeonato, mas também de nunca conseguir acertar no tempo de contrato de jogadores que tem potencial. O resultado disso tudo? Duas péssimas partidas do garoto, contra Inter e Figueirense, depois que essa novela começou.
Posto que não haveria momento pior para o Coritiba ver diminuído seu aproveitamento em campo, torço para que nosso treinador, que ainda tem crédito para gastar, consiga reencontrar um esquema que não dependa de mágicas (improvisações, principalmente). Torço para isso por dois motivos: obviamente, porque desse reequilíbrio depende nosso futuro próximo e, depois, porque começo a me arrepender de ter me concedido uma trégua em minhas cobranças mais agudas, não pela pretensão de que elas sejam ouvidas e contribuam de alguma forma para uma possível melhoria, mas sim porque não quero descobrir, definitivamente, que ter esperanças com qualquer coisa relacionada ao Coritiba é sempre um erro.
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Vem aí o atletiba. Hora de mostrar sua força, Coritiba!
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