Estrela Dourada
Quando o Coritiba perdeu a Copa do Brasil ano passado, cada torcedor escolheu o seu culpado.
Para uns, foi Edson Bastos. Para outros, foi o árbitro. Para outros, eu entre esses, foi Marcelo Oliveira. Sempre justifiquei minha escolha não apenas pela surpresa na escalação do time para o último jogo, mas também pela postura extremamente defensiva da equipe, quando do jogo em São Januário.
Pois o ano seguiu e nosso pífio aproveitamento fora de casa só fez reforçar a minha opinião de que um pouco mais de ousadia nas partidas longe do Couto Pereira teria nos premiado com a disputa da Libertadores já para este ano.
Em 2012 parecíamos seguir na mesma toada, com partidas fora de casa, baseadas em esquemas defensivos, sendo castigadas com derrotas para os Arapongas e os Asas da vida. Mas eis que veio o jogo contra o São Paulo, no Morumbi, na primeira partida do ano em que enfrentaríamos uma grande equipe, e Marcelo Oliveira optou por colocar o time mais à frente do que vinha fazendo, ainda que com três volantes em campo. Outra derrota, porém com um sabor diferente, pois mais do que a frustração, o que ficou foi a confiança nascida da bela atuação da equipe.
No jogo de volta contra o mesmo São Paulo, o time alviverde escolhido para ir a campo “batia” com o time que a maioria da torcida gostaria de ver jogar. E dessa sinergia treinador – torcida resultou uma bela e convincente vitória, com a conseqüente classificação para mais uma final da Copa do Brasil.
Ontem, no jogo contra o Santos de Neymar, vibrei ao ver a escalação do Coritiba antes da partida: dois volantes, mais Everton Ribeiro e Rafinha no meio de campo. E minha confiança em uma vitória só não se concretizou porque o juiz da partida não deixou.
Tudo parece estar acontecendo no tempo certo, para o Coritiba, em 2012. Jogadores fundamentais pra a equipe, como Rafinha, Willian e Pereira, voltam de contusão e recuperam o ritmo de jogo. Vanderlei parece estar em uma de suas melhores fases. Ayrton tem se revelado o melhor lateral direito que vimos vestir nossa camisa nos últimos tempos. Dentre os muitos volantes contratados, Sérgio Manoel e Gil têm se destacado, e até Junior Urso tem entrado muito bem nos jogos. Mas a principal mudança, aquela que pode ser decisiva para as conquistas, está na maneira de o time atuar fora de casa.
No Couto Pereira o Coritiba sempre foi muito forte. Faltava-nos a mesma volúpia e a mesma determinação nas partidas como visitantes. Se muita gente cobrava isso, era porque via potencia na equipe para tanto, pois não se pede o que é sabidamente impossível.
Só merece uma segunda chance quem trabalha arduamente por ela e dela faz bom uso, quando ela acontece. Por méritos de Marcelo Oliveira (que parece ter se dado conta, ainda em tempo, de que tem capacidade de também armar bem o time fora de casa), da diretoria do Coritiba (que dá todas as condições de trabalho para o treinador e para a equipe), e dos jogadores (que têm demonstrado muita raça nos últimos jogos), sem esquecer da torcida alviverde, sempre presente, eis que estamos novamente na ante sala reservada aos campeões dos grandes torneios de futebol do Brasil. Desta feita, porém, havemos de adentrá-la, pois as lições advindas da frustração de 2011 parecem ter sido realmente aprendidas.
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