Estrela Dourada
Olhar a escalação do Coritiba antes do jogo, e notar que serão apenas dois volantes em campo, é um bom sinal.
Perceber que entre os reservas há apenas mais um volante, e que Junior Urso sequer foi relacionado entre os suplentes, é outro bom sinal.
Ver os jogadores colocados em suas reais posições, sem improvisações bizarras como a de Robinho como volante, é mais um bom sinal.
Não ter que presenciar substituições, durante a partida, de um lateral por outro, é mais um ponto a favor.
Ver o time estar na frente do placar e acompanhar o treinador buscar mais gols, trocando um volante por um atacante, e não o contrário, como sempre fazia quem tinha medo da própria sombra, é animador.
Escutar a entrevista coletiva pós jogo, e ouvir o treinador falar "eu tenho como filosofia um padrão de jogo ofensivo", ao invés de dar milhões de desculpas e de fazer exaltações sem fim à tradição de adversários que sequer sabem o que isso, como os lanternas da vida, é reconfortante.
Lógico que uma vitória sobre o combalido time do Flamengo não pode ser assumida como a prova definitiva de que tudo está em ordem no Coritiba. Mas os sinais de que a filosofia de jogo mudou são significativos e animadores.
Aguardemos, pois, para ver qual será a postura da equipe alviverde jogando fora de casa, já nessa próxima quarta-feira, contra um adversário direto na briga para não ser rebaixado, quando nenhum outro resultado nos interessa senão a vitória.
Precisaremos ter perto de 50% de aproveitamento nos jogos que nos restam nesse Brasileirão, para conseguirmos evitar outra tragédia. Marquinhos Santos terá como herança maldita, deixada pelo seu fracassado antecessor, e bancada pelos seus inertes comandantes, um aproveitamento de cerca de 33%.
Como sempre se adorou citar os números para justificar a demora em se demitir quem era incapaz de mudar um cenário trágico, que não se esqueça, então, do legado maldito deixado por quem dirigia o time até a semana passada. E que se reze muito para essa mudança não ter vindo tarde demais. E que, principalmente, se cobre muito de quem ficou apenas assistindo a banda passar, tentando corrigir com palavras o que carecia de atitudes. Tudo isso, é claro, para aqueles para quem vice-campeonatos e recordes em livros não são um fim a ser comemorado, mas apenas um início a ser valorizado.
Olhando pra frente, como deve ser, porém sem desprezar as lições do passado, temos alguns sinais de que ter esperanças em permanecer na primeira divisão não é apenas uma forma de amenizar um sofrimento, valendo-se daquela que sempre morre por último. E, se o reinado do medo e do respeito excessivo pelo adversário realmente tiver acabado no Alto da Glória, essa esperança, desta feita, há de se transformar em realização.
xxx
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)