Estrela Dourada
2011 terminou para o Coritiba com uma derrota para o Atlético, já rebaixado, que nos custou a segunda chance do ano de nos classificarmos para a Libertadores.
Ainda assim, as boas campanhas na Copa do Brasil e no Brasileirão, bem como o título estadual conquistado de forma invicta e o recorde mundial de vitórias consecutivas serviram para sufocar o sentimento de frustração que poderia ter restado em alguns torcedores (eu entre eles, sempre admiti isso).
Para 2012, descartadas as desconfianças de alguns poucos torcedores (eu entre eles, sempre admiti isso) em relação à manutenção do nosso treinador, as expectativas eram (são?) boas, não apenas por conta do bom 2011 que tivemos, mas, principalmente, porque a diretoria alviverde prometeu que nossa base de jogadores não somente seria mantida, como seria reforçada por contratações pontuais e criteriosas.
Mas eis que saíram Jeci, Leandro Donizete, Léo Gago, Marcos Aurélio, Bill e Davi. Jeci era o capitão do time; Gago e Donizete eram dois volantes que não apenas marcavam, mas sabiam muito bem fazer a transição para o ataque; Marcos Aurélio, ainda que não tenha tido um ano brilhante, marcou 20 gols na temporada; Bill, ainda que tenha caído de rendimento no final do ano, corria muito em campo, mexia com as defesas adversárias, e marcou 27 gols; Davi marcou 18 e, quando esteve em campo, foi um dos responsáveis pelo melhor futebol que jogamos em 2011.
Aí eu pergunto: com a saída desses jogadores, como é possível dizer que 80% da base foi mantida? E os jogadores que vieram para substituí-los? Marcel tem lugar cativo na lista dos piores centroavantes que já passaram pelo clube, Lincoln é uma aposta que tem 32 anos de idade, Renan Oliveira é outra aposta, Junior Urso outra, e por aí vai. Então é assim que iremos buscar conquistas em 2012, tipo dando um "all in" e, o que é pior, na base do blefe?
Será que a terceira colocação no campeonato estadual, a apenas uma rodada do final do primeiro turno, não é um sintoma forte de que algumas coisas estão erradas? Será que ter que torcer contra o poderoso Cianorte, pela terceira rodada consecutiva, não sugere que algo está muito diferente do que foi planejado? Será que depender de Arapongas (que, na minha opinião, tem um treinador - Dario Pereyra - que, ao estar recomeçando sua carreira, poderia estar comandando o Coritiba) e de Paranavaí, para ter chance de conquistar o turno, não é deveras humilhante para um antes favorito disparado?
E o que se ouve lá no Alto da Glória? Nada, silêncio absoluto. Canta-se a contratação de mais um atleta ligado a tal LA Sports (até para quem não crê em teorias da conspiração já está ficando difícil explicar essa dependência e essa insistência – Vanderlei, Emerson, Eltinho, Gil, Junior Urso, Rafinha, Leonardo e, agora, Roberto, são atletas com ligações com a empresa) como a possível solução para todos os nossos problemas, lamenta-se a contusão de jogadores que já tiveram muitas chances em 2011, mas que nunca foram capazes de agarrá-las, mas não se ouve um “a” sobre a necessidade de uma correção de rumos.
Ignoram-se, pois, todos os sintomas de que algo possa estar errado. E é apavorante a sensação de já ter visto esse filme antes. Se ainda não for a hora de dizer que tudo está errado, é, no mínimo, a hora de rever alguns conceitos e de mudar algumas estratégias, sob pena de desperdiçarmos tudo o que vem sendo reconstruído com muito sacrifício.
Atle-Tiba de torcida única
Lamento, e muito, a realização do Atle-Tiba com apenas uma torcida. E lamento mais ainda que o presidente alviverde, por quem eu tenho muito respeito, dada a sua coragem de assumir o clube quando quase todos o abandonavam, tenha apoiado a idéia.
Nada vai me tirar da lembrança, por exemplo, os três Atlé-Tibas decisivos de 1978, com o Couto Pereira dividido quase que meio a meio, em que as torcidas eram parte do espetáculo. Sim, os tempos mudaram, a intolerância alimentada até por cultos a simples cores cresceu, mas nada justifica dar o tiro de misericórdia na esperança de voltar a ter paz nos clássicos do futebol. E é muito triste a constatação de que as idéias de um dirigente (lá de baixo) que faz o que quer, prevaleçam não somente sobre o que é legal (vide o Estatuto do Torcedor), mas também sobre o que é moral, e determinem o fim da alegria e da rivalidade saudável.
Espero que para o clássico do segundo turno isso seja revisto, e que a política olho por olho, dente por dente, seja trocada por uma prova da pretensa grandiosidade que temos nós, os Coxas Brancas. Pois uma conquista contada apenas pelos vitoriosos pode ser transformada em falácia pelos derrotados que não puderam contemplá-la.
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