Estrela Dourada
Marcelo Oliveira é um treinador surpreendente. Para o bem, e para o mal.
Ao mesmo tempo em que consegue levar o Coritiba a ser campeão regional invicto, com direito a goleada em um Atle-Tiba decisivo, na casa do rival, e a conquistar um recorde histórico (o de número de vitórias consecutivas), também é capaz cometer erros bizarros e absurdos, como a escalação de Marcos Paulo na final da Copa do Brasil (e não, não vou me esquecer nunca desse erro, nem vou deixar de citá-lo, não apenas na esperança de que algo parecido nunca mais se repita, mas também por viver em um lugar onde tenho que olhar, todos os dias, o scudetto de campeão brilhando na camisa de um time cuja única sorte foi ter encontrado pela frente alguém – um treinador – desacostumado com grandes decisões).
Pois bem, eis que apenas quatro dias depois de nos presentear com uma vitória espetacular, sobre o “poderoso” Santos, de virada, em plena Vila Belmiro, quando armou o time pra jogar pra frente e fez alterações corretas, buscando a vitória, Marcelo Oliveira sofre uma recaída de excesso de cautela e não consegue fazer com que o time vença um adversário ridiculamente fraco.
Tudo bem, muitos dirão que é do futebol alternar boas e más apresentações, e esse argumento seria perfeitamente plausível, não fosse a incoerência do treinador alviverde, ao realizar as suas substituições.
Nunca entenderei como é que em um time que busca a vitória um atacante (Marcos Aurélio) pode ser substituído por um volante (Gil). Mas a alteração que ultrapassou as raias do absurdo foi a de Jonas por Maranhão. Primeiro, por ser mais uma daquelas que ele costuma fazer em quase todas as partidas, trocando um lateral por outro, mas, principalmente, pelo fato de Jonas já ter tomado o terceiro cartão amarelo e ter saído do jogo para a entrada de outro jogador pendurado, que acabou por ser punido também com igual advertência. Resultado da lambança do treinador: teremos que improvisar um jogador na lateral direita justamente no Atle-Tiba. Incompreensível, simplesmente incompreensível.
Eis o tamanho do prejuízo depois do jogo de ontem: em uma rodada em que a maioria dos times que estão a nossa frente apenas empatou, e na qual poderíamos ter conquistado a terceira vitória consecutiva para diminuir ainda mais a diferença para o grupo no qual deveríamos estar (se levadas em considerações as promessas da diretoria), jogamos mais dois pontos no lixo. Mais ainda: contra o Atlético teremos ou que improvisar jogadores em funções chaves, ou alterar radicalmente a maneira do time atuar.
Sim, minha tolerância com Marcelo Oliveira é zero. Não que isso signifique algo, pois é apenas a minha opinião e ela pouco importa diante da grandeza do clube. Mas, pra mim, nosso treinador já perdeu o direito de errar. E o que me deixa mais impaciente ainda não são apenas essas coisas incompreensíveis que vem da parte dele, mas a sua incapacidade de reconhecer seus erros. E não é assim que vamos conseguir mudar o paradoxo do discurso das promessas de uma boa campanha em relação à prática de frustrações a que somos submetidos a todo instante.
Sábado que vem tem Atle-Tiba. Neste jogo, ainda que eu não goste dos discursos sobre obrigação de ganhar, não espero nada que não seja uma vitória alviverde. Uma vitória sobre um time que briga apenas para não ser rebaixado. Uma vitória sobre um time que, um dia, até conseguiu rivalizar conosco, ainda que por um breve período, mas que hoje depende de favores do poder público para continuar seu “crescimento”. Uma vitória alviverde para dar o mínimo de credibilidade ao discurso de nossos diretores de que nada precisa ser mudado no Alto da Glória.
Pois não pensem em outro resultado para esse jogo que não seja a vitória, Marcelo Oliveira e jogadores do Coritiba. De antemão, e com o perdão da pretensão, faço-lhes um alerta: não haverá qualquer explicação aceitável para um resultado diferente desse. Desfalques, "falta de capricho nas finalizações", adversário desesperado, outro "dia de total infelicidade", nada servirá de desculpa. Se temos mesmo mais time, se jogaremos em casa, se vamos mesmo brigar por posições na parte de cima da tabela, se nossa alma é mesmo guerreira, então temos que vencer esse jogo. Aquele discurso de que clássico é clássico só serve de consolo para os perdedores. E não é isso que somos, certo?
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