Eterno Campeão
A sensação é de alívio, momentâneo é verdade, pois a tranquilidade ainda está muito distante da torcida do Coritiba. Assim como ocorreu na partida de ontem, tudo indica que precisaremos de um coração forte e nervos de aço para acompanhar a trajetória rumo à classificação para a série A.
Não adianta esperarmos a já referida tranquilidade, pois a frustração dessa expectativa irreal, nos causará mais irritação. Se conquistarmos nosso objetivo maior, aparentemente, será com muito sofrimento. A máxima de que cada jogo será uma decisão, nunca se mostrará tão verdadeira.
De qualquer forma, vamos festejar as duas vitórias seguidas, que além de nos colocarem momentaneamente no G4, permitem que não fiquemos muito afastados deste grupo em caso de algum insucesso.
A possibilidade de um cenário mais positivo passa pela qualificação da equipe via contratações (o que parece difícil de ocorrer) ou pela integração bem sucedida de alguns piás da base, mas muito mais, pela mudança de postura da equipe.
Acrescentar um ou dois jogadores, sem modificar, a atitude da equipe, provavelmente não será suficiente.
A maioria dos torcedores já identificou com acurácia os principais problemas, já crônicos, que se verificam. Acredito que seja impossível que a comissão técnica também não os tenha percebido.
As divergências, dentro da própria torcida, e desta com o comando técnico, referem-se muito mais em identificar as causas e na proposta por soluções.
Resumidamente, os maiores problemas da equipe são:
lentidão na saída de bola e para armar contra-ataques;
falta de objetividade, com passes laterais e para trás;
marcação frouxa que só permite a recuperação da bola quando o adversário erra um passe;
excesso de erros de passes.
As maiores queixas da torcida, têm se concentrado sobre o treinador, em relação à escalação e às substituições ou à demora e à ausência delas. Ou ainda ao esquema tático.
No momento da partida, desesperado ao ver a impotência da equipe, faço estas e outras críticas. Vejo que muitas das reclamações que manifestamos em relação ao treinador são recorrentes, e de solução não tão fácil como imaginamos, por meio da mudança de esquema tático e pela simples troca de uma ou duas peças.
A maioria dos defeitos relacionados já se faziam presentes nas temporadas anteriores. E passaram vários treinadores pelo clube que receberam os títulos de teimosos, retranqueiros, covardes, incompetentes, entre outros. Muitas vezes os mereceram, mas há algo a mais.
Acredito serem excessivas as responsabilizações dadas aos treinadores. E acreditem, assim como os demais torcedores, fiz coro às críticas e às solicitações de demissão, algumas que julguei até tardias.
Nesse momento, por uma alteração de paradigma, e também pela certeza de que muitas mudanças não dependem apenas da vontade e da competência do treinador, vejo com desconfiança a possibilidade da troca de comando.
O atestado de competência ou não do comandante, só será possível pela observação ao longo do tempo. A impossibilidade de acompanharmos os treinos e o dia a dia dos bastidores do clube, nos impedem de ter elementos suficientes para julgar com acurácia as escolhas e o trabalho de Morínigo.
Espero e torço muito para que os nossos dirigentes tenham a sensibilidade e o conhecimento necessário para avaliarem diuturnamente e de forma justa o trabalho realizado e que tomem decisões sensatas.
Todos fazemos o exercício mental de nos colocarmos na posição do treinador e cremos que se o mesmo fizesse o que pensamos, todos os problemas estariam resolvidos. Inclusive muitos dos nossos argumentos são pertinentes, mas na prática quando atendidos, nem sempre dão certo.
Se a maioria de nós estivesse à beira do campo, até os trinta minutos da partida de ontem, teríamos xingado quase todos os jogadores, e feito as cinco substituições. E não duraríamos duas partidas na função. Afinal, somos torcedores, e não suportamos ver a equipe que amamos jogando daquela forma ridícula.
Não pretendo aqui, fazer o papel de defensor de todas as atitudes da comissão técnica, mas tento ponderar a sua cota de responsabilidade no futebol que tem sido apresentado. De modo geral, chegamos a conclusões de forma muito rápida e precipitada.
Sendo mais objetivo, ontem o que mais me causou estranheza foi a demora para substituições quando estávamos pressionados e aparentemente tínhamos alguns jogadores com dificuldades para manter o ritmo.
O mérito das substituições não me julgo em condições de avaliar, principalmente, porque nosso banco não oferece muitas alternativas. Mas a escalação inicial, muito criticada, consegui de certa forma entender. Não entenderia se Dalberto tivesse condições de jogo. Foi inoperante no jogo contra o Vila Nova e até o momento só demonstrou vontade.
Embora tenha gostado do Valdeci na primeira etapa contra o Vila Nova, vejo que não foi escalado por opção tática do treinador. Utilizou Wagninho e Paixão para fechar os lados do campo, protegendo os laterais, o que Wagninho tem feito muito bem. E também pela velocidade de ambos, que pôde ser verificada na jogada do primeiro gol.
Ele optou por um esquema no qual, quando defendemos ficamos num sistema 4-5-1 e que quando atacamos se transforma num 4-3-3 com o avanço de Wagninho e Paixão. Para utilizar o Valdeci junto com o Rafinha, teríamos que atuar num 4-4-2. Nossa criatividade no meio poderia melhorar bastante, mas nossas laterais ficariam muito vulneráveis. Principalmente o lado direto.
Como soluções para melhoria da equipe, sugeriria:
- postura de marcação mais justa e agressiva. Para isso precisamos de jogadores aptos a realizá-la, sobretudo, do ponto de vista físico. Ao meu ver William Farias tem deixado a desejar nesse sentido. Val, embora saia jogando melhor, no quesito marcação decaiu também.
- os laterais precisam ser mais atrevidos no apoio, senão sempre chegaremos com muito poucos jogadores no ataque, além de melhorarem sua capacidade de marcação, para não sobrecarregar os jogadores de meio. Nisso Biro tem ido bem. Igor pode melhorar.
- Gamalho e Paixão precisam morder mais na saída de bola do adversário, mas para que não sejam feitos de bobinhos, a marcação tem que se adiantar.
- O treinador pode ter uma atitude um pouco mais enérgica na beirada do campo, que possa acordar os atletas que porventura se desliguem, além de ter uma reação mais rápida às alterações do adversário e do panorama da partida.
Enfim, torcer para que estes ajustes ocorram o quanto antes e persistir torcendo e apoiando o clube sempre.
Aproveito ainda para desejar força ao presidente Renato Follador e a seus familiares, desejando, sua recuperação logo que seja possível. Estendo esse desejo a todos que sofreram ou ainda sofrem com os efeitos da pandemia.
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