Eterno Campeão
Quem conhece razoavelmente a história do futebol, sabe que dificilmente um clube passa um período longo sem protagonizar um fiasco. Até mesmo os clubes gigantes, ocasionalmente geram sofrimento e indignação em seus torcedores.
Não seria de se esperar que o Coritiba escapasse ileso. O grande problema é que desde os anos 80, a frequência com que a Instituição vem sendo maculada com atuações e participações indignas à grandeza da Instituição tem sido altíssima em comparação com os feitos gloriosos que também marcaram a trajetória Alviverde.
Daria para escrever um livro diante da profusão de episódios desastrosos. Talvez esse livro devesse existir apenas para leitura dos dirigentes que assumem o clube, além de atletas e jogadores que se dispõe a defendê-lo. Quem sabe conseguiriam aprender com os erros do passado e evitar manter essa rotina maldita.
Se os que hoje encontram-se à frente do clube e da equipe não enxergam como absurdas as derrotas recentes, coroadas com desclassificação no estadual, praticando-se um futebol abaixo da crítica e nada competitivo, o que devemos esperar do futuro da Instituição?
Antes de tudo, tem faltado capricho e atenção na escolha das comissões técnicas. Se na contratação de atletas este cuidado deve ser muito grande, o que se dirá para os cargos de head esportivo e para a composição da comissão técnica, quando o prejuízo é muito maior no caso de uma escolha equivocada.
Na contratação de Antônio Oliveira, faltou transparência no que se refere à motivação da escolha do profissional e na demora para a troca de comando, já que a permanência de Guto Ferreira fora bancada anteriormente pela diretoria.
Sem a intenção de ser arrogante ou presunçoso afirmando que já sabia, compartilho um trecho da minha última coluna de 2022, bastante contestada:
"Sobre o comando técnico, causou estranheza a decisão tardia da dispensa de Guto Ferreira. E mais ainda a escolha de Antônio Oliveira. Guto Ferreira, entre erros e acertos, cumpriu a inglória missão de manter o clube na série A com um elenco bastante limitado. Antônio Oliveira conseguiu o mesmo objetivo no Cuiabá, com números nada animadores. Não me parece, tirando a diferença de nacionalidade, muito diferente de opções de outrora como Dado Cavalcanti, Louzer, Barroca, Péricles Chamusca, entre outros."
Difícil entender um clube que faz um contrato longo com um treinador e depois o dispensa após a conquista do objetivo traçado, demonstrando uma imensa falta de convicção e criando uma despesa desnecessária para o clube. Em seguida traz um novo treinador que não tem histórico superior ao do antecessor, com um contrato igualmente longo. Pior, o escolhido demonstrou na sequência ser mais limitado taticamente, ter menos inteligência emocional e ser incapaz de realizar autocrítica.
Também é estranho que o próprio treinador tenha afirmado que indicou a maioria das contratações, quando a política da atual administração indicasse a análise dos nomes em um processo criterioso que envolveria numerosos profissionais.
Mesmo que a formação de um comando técnico duradouro e resistente a turbulências seja a situação ideal, Antônio Oliveira conseguiu mostrar em pouco mais de dois meses que não tem os atributos necessários para ocupá-lo. Atrasar seu desligamento só fará o Coritiba perder tempo precioso para tentar se reestruturar e salvar o restante da temporada.
Além da direção do clube e do comando técnico não poderia deixar de mencionar os atletas que são diretamente responsáveis por todo sofrimento causado ao torcedor. Infelizmente um grande contingente de jogadores "profissionais" não tem o menor respeito pelas instituições que pagam seus polpudos salários. Geralmente o comprometimento se resume ao discurso e às situações em que a maré está favorável aos interesses pessoais e comerciais do atleta e dos seus procuradores. Os contratos atuais são extremamente desiguais trazendo muitas responsabilidades aos clubes e poucas aos atletas, desvinculadas de sua produtividade dentro de campo.
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