Eterno Campeão
É inegável que a atuação do Coritiba contra o Santos foi horrorosa, como já havia sido contra o Avaí. O primeiro tempo por si só foi irritante até para o torcedor mais paciente. Mas como o resultado ainda servia, havia esperança de um retorno melhor, o que não ocorreu e todos sabemos o que se sucedeu.
A tristeza de ver o Coritiba nas cordas, sem a menor perspectiva de reação machuca muito o torcedor que tem de imediato resgatadas memórias de muitos vexames recentes e que ocorreram de maneira mais ou menos semelhante.
A melhor forma de aplacar a raiva, a frustração e toda uma gama de maus sentimentos é encontrar um judas para malhar. E como costumeiro o treinador é a vítima preferida.
A estratégia utilizada na partida de ontem não deu certo, é fato. De qualquer maneira, até que ponto a postura covarde assumida pela equipe está relacionada à escalação de mais um atleta de defesa, num contexto no qual a equipe vinha sofrendo há algum tempo com uma marcação ineficaz? Será que a simples entrada de um atacante no lugar de um defensor tornaria a equipe menos covarde? Acredito que não. Vejo como uma questão de postura dos atletas em campo. E mesmo os atletas não podem ser todos colocados no mesmo balaio.
Se apelarmos para uma análise dos treinadores que passaram pelo Coxa nas últimas décadas, veremos que entre os melhores, quase todos passaram por partidas catastróficas e outras apoteóticas.
O Marcelo Oliveira que comandou a equipe no 6x0 contra o Palmeiras é o mesmo que foi rebaixado em 2017, e que foi demitido na primeira passagem com a concordância quase unânime da torcida para nos anos seguintes ser bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro. E o Bonamigo, desaprendeu tudo entre 2003 e 2006? E o René Simões de 2007 e da vitória por 4x2 sobre o rival na Baixada em 2009, desaprendeu tudo em pouco mais de dois meses, quando foi demitido?
Dito isso, acho injusto atribuir covardia ao técnico Gustavo Morínigo. Pode ter se equivocado na escolha dos atletas? Sim. É fácil falar agora. Mas caso desse certo, os mesmos que criticam veementemente estariam destacando a tacada de mestre do comandante. No conjunto da obra o profissional faz um excelente trabalho. E isso é o que interessa na recuperação do clube a longo prazo.
Tal abordagem de colocar a maior parte da culpa na estratégia ou escalação adotada, alivia indevidamente a culpa de jogadores que não demonstraram o menor empenho, particularmente, numa partida decisiva. Muitos pareciam estar participando de um amistoso de final de semana.
Com certeza o técnico do Verdão tem que refletir constantemente para evitar repetir eventuais erros. E principalmente, está na hora de colocar o dedo na ferida e identificar as causas da marcação frouxa, da falta de intensidade de alguns atletas e dos constantes erros por desatenção. O problema é físico, técnico, emocional ou mesmo de falta de empenho? Ou uma combinação de alguns destes?
Para a partida contra o América-MG, antes mesmo de avaliar aspectos táticos, priorizaria colocar atletas com tesão de jogar e em condições físicas de realizar a estratégia que for escolhida. Deixaria os hesitantes, abalados e mal condicionados aguardando uma oportunidade futura de recuperação. Aí sim, estabeleceria uma estratégia que aliasse forte marcação e a busca incessante pelo gol adversário, mantendo uma postura digna e corajosa que um clube como o Coritiba merece.
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