Eterno Campeão
Se após o retorno à série A, a manutenção de nomes importantes no elenco e a chegada de alguns reforços e de René Simões davam a sensação de navegarmos em águas relativamente calmas, no dia de ontem, o Coritiba nos agraciou com uma surpresa desagradável. Daquelas que estamos nos acostumando a ver no futebol moderno, sobretudo em nosso clube do coração.
A rescisão de contrato do maior ídolo que apareceu no clube na última década, da forma como ocorreu, beirou o amadorismo. Justamente em um clube cuja diretoria vem pregando profissionalismo em suas decisões.
Preferi aguardar um pouco para me manifestar, em virtude de inúmeras informações extraoficiais e conjecturas sobre o tema. Há poucas horas li a manifestação de René Simões. E embora devam aparecer novos elementos sobre o acontecimento, já é possível fazer uma avaliação preliminar.
Se foi uma decisão colegiada como tem se difundido no clube, é mais grave ainda. Ninguém percebeu que assuntos que envolvem ídolos da torcida, como o Rafinha, exigem um cuidado maior e um tratamento diferenciado? Será que o foi o mesmo colegiado que aprovou a contratação do Dalberto?
Independentemente do acerto ou erro na rescisão, eram imprescindíveis maior agilidade na comunicação com a torcida e transparência, a qual se prega em todo início de gestão e que vai se turvando quando os dirigentes recebem as primeiras críticas.
O Coritiba deve ser gerido como empresa. Mas não é uma empresa qualquer. O seu consumidor só está associado ao produto por elementos que envolvem emoção. Embora os dirigentes devam utilizar a razão para tomar decisões, não podem desconsiderar este elemento fundamental que atinge o torcedor e os demais componentes que constituem a equipede trabalho.
Se as atitudes de uma parte podem ser frias e implacáveis, do outro lado não se deve esperar nada diferente.
Fica ainda a impressão de que os dirigentes maiores largaram a bomba nas mãos de René Simões e se esconderam. Colocando-o em uma saia justa logo na primeira semana de trabalho. Ao meu ver nenhum dos argumentos, embora parcialmente plausíveis, foi suficiente para explicar o ocorrido.
Nem a utilização preferencial dos jovens da base no estadual seria prejudicada pelo atleta, que sempre foi exemplo a ser seguido e que poderia ensinar muito de dentro do campo. Ou pretende-se jogar o paranaense como fizemos em 2018, com 100% de jovens, sem referências técnicas que possam apoiá-los dentro de campo?
Não consigo enxergar ganho financeiro e técnico que pudesse justificar a rescisão com o atleta antes do final de seu contrato. Não valerão o mal estar causado com o ídolo e parte significativa da torcida, nem a desconfiança que os dirigentes conseguiram atrair para si. É o tipo de atitude que tem a capacidade de neutralizar ações de marketing e contaminar o ambiente do clube.
Espero que ainda seja possível dar um tratamento mais digno para o ídolo e minimizar quaisquer efeitos negativos decorrentes da situação.
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