Eterno Campeão
No momento atual, o Coritiba tem problemas muito maiores do que os erros de arbitragem que vêm lhe prejudicando. A crise financeira, a incapacidade crônica dos dirigentes tocarem um projeto de reconstrução, a falta de compromisso de elementos em todas as frentes, as carências do elenco, entre outras causas, têm chamado mais nossa atenção e realmente são mais relevantes em nossos fracassos recentes.
Embora seja fato corriqueiro no futebol, em especial no brasileiro, e nós já estejamos calejados ao longo da história, por sermos vítimas frequentes das arbitragens, sobretudo nos campeonatos nacionais, quando atuamos frente aos "donos da bola", não consigo ficar impassível.
Contrariamente ao entendimento dominante na mídia esportiva nacional, que defende que ocorrem erros involuntários, decorrentes de incompetência do árbitro e que esses prejudicam as equipes de maneira aleatória, acredito que a influência da arbitragem nos resultados é parte da cultura nefasta do nosso futebol.
Categorizo a influência negativa das arbitragens nos resultados das partidas em cinco situações principais:
- Erros compreensíveis de árbitros corretos, pois a atividade não é fácil e todo o entorno (jogadores, técnicos, dirigentes) tenta se favorecer de qualquer fraqueza que o mesmo demonstre.
- Erros decorrentes de pressões exercidas por equipes e federações mais influentes e poderosas. O árbitro não entraria com a intenção direta de favorecer uma equipe, mas sabendo que sofrerá represálias ou cobranças maiores se errar contra uma das equipes, apita todo lance duvidoso em favor dessa. Ou ainda, entram com aquela estratégia miserável de administrar a partida. Eles não estão lá para administrar nada e sim para aplicar a regra.
- Erros derivados de incompetência;
- "Erros" inadmissíveis, produto de manipulação descarada. Envolvem lances claríssimos e em profusão em detrimento a uma das equipes.
- Pequenos "erros" sistemáticos majoritariamente para um lado, que para os desavisados não transparece a intenção maldosa, mas mina o jogo de uma equipe. São as faltinhas invertidas, o critério diferente para a marcação de faltas e pênaltis, distribuição de cartões, entre outros.
Infelizmente, nem sempre é fácil categorizar as arbitragens. Muitas vezes ficamos na dúvida. Provar manipulação, mais difícil ainda, mesmo que tenhamos uma desconfiança muito forte. Até a implantação do VAR que seria uma ferramenta importante para diminuir a margem de erro, parece ser utilizado de maneira equivocada, tornando as partidas mais chatas pela demora envolvida nas decisões e muitas vezes por permitir interpretações absurdas e ainda ser passível de manipulação (afinal precisa de humanos para ser operado).
E nada deve mudar. As comissões de arbitragem não são independentes e profissionais. Não há interesse das federações, da mídia televisiva (principal patrocinadora dos torneios), e dos clubes, principalmente dos favorecidos com mais frequência.
Que não se pense que estou escrevendo sobre o espinhoso tema em virtude dos fracassos recentes do Coritiba e atribuindo-lhes às arbitragens, embora tenhamos perdido pontos preciosos devido a decisões equivocadas.
No confronto com o Flamengo, por exemplo, a diferença técnica era tão grande, que seria impossível e até pouco razoável atribuir o resultado final à arbitragem. Quanto ao resultado até foi satisfatório, pois poderia ser muito mais desastroso, se levarmos em consideração a inoperância da nossa equipe e a superioridade demonstrada pelo adversário.
Mesmo assim, fiquei bastante contrariado com as arbitragens de ambas as partidas, e enumero algumas situações que ocorreram, algumas delas que nem foram destacadas na transmissão.
Na primeira partida, Rafinha foi atingido intencionalmente com um chute nos genitais na frente do bandeira. Ao meu ver, lance claro de expulsão. No final, um cartão para cada lado. É verdade também, que o mesmo bandeira marcou um impedimento inexistente do ataque do Flamengo. O que poderia transparecer que foram erros aleatórios. A diferença é que um erro foi absurdo e o outro não.
Na segunda partida, além do pênalti claríssimo, destacado até pela emissora carioca, vi critérios diferentes na marcação das faltas, no que se refere à intensidade de contato permitida às duas equipes, e no lance do primeiro gol do Flamengo. Em minha interpretação, Willian Farias foi empurrado, mesmo que discretamente por Gerson, independentemente da decisão errada de driblar naquele local.
Menos mal, que tais erros ou "erros" não levaram a um resultado injusto. Mas receio que se tivéssemos um time em condições de ameaçar minimamente o adversário, seríamos vítimas novamente.
Por fim, nós que mesmo conhecendo essa faceta do futebol, persistimos torcendo para um clube de fora do eixo, temos que nos acostumar à realidade descrita, e esperarmos que sejam montadas equipes competitivas que possam obter sucessos apesar da falta de isonomia com que somos tratados. Acredito que uma diretoria atuante e que se faça presente constantemente nas esferas que administram o futebol brasileiro, seja indispensável para evitarmos, pelo menos, parte desses prejuízos.
Concordam? Discordam? Aguardo o vosso parecer nos comentários.
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