Eterno Campeão
De modo geral, atualmente os profissionais do futebol enxergam as partidas como etapas na perseguição de um objetivo traçado. Se o objetivo é alcançado ao final da jornada, tudo que se passou, até mesmo grandes vexames, são esquecidos ou minimizados.
A racionalidade é colocada acima de tudo, o que na maioria das vezes é necessário para o sucesso, e as emoções advindas dos torcedores são relativizadas ou até tratadas com um certo descaso.
Nós, colunistas do Coxanautas, somos acima de tudo torcedores que para atender a proposta do canal de oferecer um material equilibrado e sério, precisamos conter muito (não tudo) de nossas emoções e temperar com racionalidade. No entanto, como torcedores que somos, podemos entender perfeitamente o sentimento dos demais aficionados pelo Verdão na derrota de domingo.
Sim, derrota. Apesar de conquistarmos 1 ponto e o placar ter terminado em 2x2, esse foi o sentimento escancarado ao final da partida no Alto da Glória.
Embora seja um início de trabalho e não possamos superdimensionar o mau resultado, aqueles que foram ao Couto Pereira para celebrar o amor pelo clube, para apresentar o Coritiba a convidados e a muitas crianças que foram ao estádio pela primeira vez, não mereciam sair com a frustração que lhes fora imposta.
Entre erros e acertos, o Coritiba foi verdadeiramente uma equipe bipolar nesse confronto com o Azuriz. Ao mesmo tempo que encantou o torcedor com lances como os protagonizado por Alef Manga que quase fez um gol de placa, por Victor Luiz em magistral cobrança de falta e por Kaio César, que iniciando uma partida pela primeira vez com o manto Alviverde, fez uma partida exuberante e demonstrou uma auto-confiança digna de quem sabe que é capaz, o Coritiba cometeu erros primários, falhas bizarras e pelo menos por algum tempo seguiu à risca o manual da equipe que está pedindo para se dar mal.
Embora na maior parte do tempo a equipe do Verdão tenha sido valente e comprometida, após a virada do placar demonstrou certa acomodação em campo, recuou e deu campo ao adversário.
O cruzamento despretensioso que o goleiro Muralha resolveu aceitar, não foi a primeira investida do Azuriz. Foi apenas uma das vezes nas quais seus atletas arremataram sem ser incomodados pelos marcadores.
Embora a péssima atuação do arqueiro tenha sido decisiva para a derrota, não devemos nos esquecer que o mal posicionamento defensivo da equipe (não apenas da zaga, que é fraca), a acomodação e desconcentração da equipe após a virada e as substituições realizadas pela comissão técnica, contribuíram com o anticlímax vivido no Couto.
A entrada de Bernardo no lugar de Marcelino Moreno demonstrou que a acomodação e falta de ambição também estavam presentes nas atitudes da comissão técnica. Conseguimos tomar um gol do Azuriz com três volantes em campo, o que mostra que este tipo de formação não dá a segurança pretendida e mata a criatividade da equipe.
Bruno Gomes merece um capítulo à parte. Jogador aguerrido e dedicado, é um excelente segundo volante. Eficaz no desarme e que pode aparecer como surpresa para finalizar, foi utilizado mais avançado e demonstrou que não serve para atuar avançado como um meia. Se apresentou bem para tabelar com os atacantes, mas a execução das jogadas não fluiu, com erros de passe em excesso e falta de qualidade na finalização. No momento não temos nenhum volante com características para atuar nesse posicionamento, numa formação com três volantes. Talvez Andrey seja uma alternativa, caso o treinador insista com essa formação.
A dupla de zaga nos dará muita dor de cabeça nessa temporada, se permanecer como titular. Se o objetivo é um time qualificado em todos os setores, precisamos de ao menos mais dois bons zagueiros além do que está chegando.
Por fim, os torcedores e os colunistas têm o direito de apontar erros e questionar atitudes referentes à equipe ao mesmo tempo que apoiam o bom trabalho realizado no Coritiba. Os profissionais do clube, em todas as esferas, têm o dever de esclarecer dúvidas e justificar suas posturas. Tenho notado uma certa impaciência na resposta às perguntas feitas nas entrevistas coletivas pelos profissionais da crônica ao técnico Antônio Oliveira, muitas delas indagações legítimas dos torcedores Alviverdes.
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