Eterno Campeão
Não é de hoje que se rotulam as experiências com mudanças de posição de jogadores. O técnico responsável pela mudança logo é rotulado de inventor ou "professor Pardal", sobretudo se a mudança vem acompanhada de um mau resultado.
Realmente, mudanças assustam as pessoas nos mais variados aspectos da nossa sociedade. Muitas vezes, situações desagradáveis se mantêm por muito tempo em virtude das pessoas temerem qualquer alteração da rotina a qual estão adaptadas.
Quando na tentativa de resolver alguma dificuldade ou mesmo de aperfeiçoar o que está indo bem, o técnico de futebol pode lançar mão de improvisações no posicionamento de determinados atletas. Ao fazê-lo, se coloca em posição de risco em relação à opinião pública (torcedores, imprensa e dirigentes), pois os mesmos que pedem criatividade e coragem ao comandante, ao menor sinal de insucesso clamam pelo conservadorismo e querem o "feijão com arroz" ou "seis por meia dúzia".
É realidade que muitas vezes tais tentativas são arriscadas e podem produzir resultados indesejados, mas também são inegáveis que inúmeros sucessos já ocorreram com uso deste expediente.
Na memória do torcedor Alviverde estão muito presentes algumas situações que foram relevantes para o insucesso da equipe, como a recente partida contra o Santos. As escalações de Guillermo na lateral e de Matheus Alexandre como ponta ainda dão o que falar. Acredito que naquele momento a intenção de Morínigo foi fazer uma dobra na marcação e que a função de Matheus Alexandre seria essencialmente defensiva. Discordo de quem pensa que o nosso comandante o escalou com função de ponta para executar a mesma função de Alef Manga e Igor Paixão. Mas concordo que a colocação de Guillermo na lateral foi equivocada, pois o jogador não demonstrou este cacoete em partidas anteriores e é muito lento para a função.
Outras situações emblemáticas foram a escalação de Marcos Paulo na final da Copa do Brasil de 2011 e de Jorjão no atleTIBA de 1995. A opção de Marcelo Oliveira não consigo entender até hoje, pois ele dispunha de opções interessantes para substituir Anderson Aquino e optou pelo volante. De qualquer maneira o erro não fez dele um treinador incompetente, afinal foi bicampeão paranaense e chegou à outra final de Copa do Brasil no ano seguinte, e na sequência foi bicampeão brasileiro com o Cruzeiro. No caso de Carpeggiani, embora a escalação do zagueiro para atuar como centroavante pareça esdrúxula, não o condeno, pois só quem viveu aquela época deve se lembrar das extremas limitações do elenco Alviverde que na referida partida atuava muito desfalcado e carecia de opções claramente superiores para aquele confronto.
Defendo a tese de que mudanças muito grandes devam ser feitas com cautela, principalmente em partidas decisivas. Por outro lado, não sou contra as modificações de posicionamento de jogadores caso o comandante perceba qualidades no atleta para executar a nova função.
A história tem inúmeros exemplos de trocas bem sucedidas feitas por treinadores de relevância no futebol do Coritiba e em outros clubes , que mudaram em definitivo a posição de alguns atletas,.
Com Ênio Andrade, Toby deixou de ser volante e se tornou o meia mais ofensivo da equipe. Com Kruger, após alguns anos como volante, André se tornou um lateral excelente. E os meias Netinho e Hélcio (Lapa) se tornaram excelentes laterais que desfilaram seu futebol pelo Coxa e outros grandes do Brasil. Claudiomiro chegou ao Coxa como meia, e atuou como lateral esquerdo, zagueiro e volante. Douglas Silva chegou como lateral e se tornou um volante excelente entre 2007 e 2008. Temos ainda o zagueiro Lucas Mendes que serviu o clube com muita competência na lateral esquerda. Poderia relacionar muitos outros exemplos, mas finalizarei com alguns do futebol nacional e mundial. No São Paulo de Telê Santana, Cafú foi lateral, meia e atacante. A equipe não tinha um centroavante de origem e quem atuava no setor era o meia Palinha. Edmilson se tornou zagueiro após anos atuando como volante no São Paulo. Atuou com sucesso na nova posição na Seleção Brasileira e no Barcelona.
Enfim, o futebol não pode ser engessado.
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