Eterno Campeão
Desde que me conheço por torcedor, o Coritiba de 1989, talvez seja o único que vi atuar de maneira prioritariamente ofensiva e que obteve sucesso. Lembrando que essa forma de atuar durou apenas um ano e meio.
Até o grande time Campeão Brasileiro de 1985, atuava melhor, explorando os espaços deixados pelos adversários, num esquema no qual preocupávamos primeiro em nos defendermos, o que fazíamos muito bem.
Já os times de 1998, 2003, 2008, 2010 e 2011 demonstravam um equilíbrio maior entre ações ofensivas e defensivas. Talvez o de 2011, chegasse mais próximo ao de 1989 em capacidade ofensiva, mais pela qualidade dos atletas e menos pela postura tática.
Todo este preâmbulo foi feito para tentar fundamentar o pensamento que tenho sobre a reação de uma porção significativa de torcedores, que ao meu ver, têm demonstrado uma revolta desproporcional com as escalações, substituições, e outras ações de Gustavo Morínigo. Principalmente, em virtude dos resultados conquistados, da clara evolução demonstrada em alguns aspectos do futebol apresentado, apesar das dificuldades na produção de jogadas ofensivas.
Um dos principais méritos de um comandante é identificar as potencialidades e fraquezas dos seus comandados e utilizar o melhor esquema e os indivíduos capazes de obter os resultados planejados. Nem sempre é possível colocar a equipe para jogar da maneira que ele ou a torcida querem.
Outro mérito é agir de cabeça fria e não se deixar levar pelo clamor da multidão.
Quando não se tem a responsabilidade sobre os resultados, e sobre o equilíbrio de um grupo de jogadores, e se desconhece o cotidiano de trabalho, é muito mais fácil ser ousado e pregar a utilização deste ou aquele atleta e pregar como solução imediata a utilização imediata de um atleta da base, em uma situação na qual não podemos desperdiçar um ponto sequer.
Alguém tem dúvidas de que hoje o Coritiba anda sobre o fio da navalha? De que para a sobrevivência do clube não podemos pensar em mais nada que não seja o acesso para a série A?
Nessa reflexão, não falo só de Morínigo, mas de qualquer treinador que pudesse estar no lugar dele e fosse o nome preferido de cada um de nós. Se continuarmos repetindo esse padrão de jogar toda a insatisfação de não vermos o Coritiba que gostaríamos de ter, nas costas do treinador, corremos o risco de perdermos o Coritiba que temos e ver de verdade um Coritiba que não queremos.
Ou seja, um time tentando jogar de uma maneira para a qual não está preparado ou para a qual não dispõe de peças adequadas, e que a cada insucesso, fique-se trocando a escalação, o esquema tático e o treinador, o que certamente resultará em atuações irregulares e que podem colocar em risco o acesso tão desejado.
Prefiro sofrer e ver uma evolução lenta e os resultados que temos obtido, e seguir apostando no trabalho e no planejamento, mesmo sabendo que o futuro é incerto, e que todas as decisões incorrem em riscos.
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