Eterno Campeão
O Coritiba chega ao final da oitava rodada do Campeonato Brasileiro com três pontos de 24 disputados e a sensação que causa em seus torcedores é de fim de feira, embora ainda faltem 30 rodadas até o final da competição.
Cientes das limitações do elenco e de todos os erros que contribuíram para a situação na qual o Glorioso se encontra no Brasileirão, a comunidade Alviverde se apega à única boa notícia sobre o clube nos últimos meses que é a transição para a SAF. Toda esperança que ainda resta está na janela de transferência que permitirá uma melhor qualificação do elenco.
Embora nutra a mesma esperança, exercendo um olhar mais realista da situação do Verdão, é muito difícil acreditar que evitaremos mais uma participação na série B na próxima temporada. A série A do Campeonato Brasileiro não permite os erros cometidos pelo Coritiba, especialmente por tratar-se de uma equipe de fora do eixo que conta com um orçamento muito menor que a da maioria dos concorrentes e que vez ou outra ainda tem que lidar com um tratamento não isonômico de arbitragens e cortes esportivas.
Podemos qualificar o elenco e melhorar sensivelmente o nível de atuação? Acredito que sim. Mas os adversários também podem fazê-lo. E ainda há questões relacionadas à adaptação dos novos atletas ao clube, ao elenco e ao esquema tático utilizado pela comissão técnica. E outros problemas que precisam ser solucionados, tais como a preparação física, coisas que são dificílimas de se ajustar em meio à temporada.
Ainda podemos acrescentar a esta equação o fato de que a janela de transferência do meio de ano costuma estar inflacionada e com poucas opções no mercado nacional de atletas. Certamente, o mercado internacional será o mais explorado. Com todas as dificuldades explanadas, por melhor que seja a nova gestão do futebol, não é sensato acreditar que haverá 100% de acerto nas contratações, que se especula que sejam em torno de seis. Pouco, diante da falta de qualidade do elenco que dispomos no momento.
Mesmo com este cenário desolador, o Coritiba terá que, mais uma vez, reunir todos seus segmentos e continuar lutando. Se gostamos de ostentar títulos que fizemos por merecer ao longo de nossa história, como "Time d' Alma Guerreira" e "Torcida que nunca abandona", não há outra alternativa mesmo que esteja sendo muito penoso o sofrimento que parece interminável. Seja qual for o resultado ao final do ano, jogar a toalha não é aceitável. Por isso, devemos continuar ao lado da Instituição, e cobrar dos que estão nos representando a parte deles.
Mesmo na lanterna, que continuemos a lotar o Couto, o que por si só eleva a moral do time e a imagem do clube. Não é qualquer clube que tem uma torcida engajada como a nossa. E certamente os adversários nos respeitam, ao menos por este fator. Se a missão é improvável com a torcida, sem ela será impossível.
Outra situação fundamental para permitir a salvação do Coritiba é melhorar sensivelmente a pontuação, antes da janela de transferências e, para isso, dependemos dos atletas que agora nos servem. E para ser justo, no quesito entrega houve uma melhora perceptível desde a chegada da nova comissão. Um exemplo é um atleta como Robson, extremamente questionado, e que realmente tem suas limitações, mas que também tem qualidades que vem demonstrando num momento dificílimo como o atual, quando muitos se escondem. Não há mais espaço para jogador morno no Coritiba. Esses devem ser sumariamente afastados para não contaminar o ambiente.
Por fim, precisamos que a comissão técnica acredite na equipe e tenha um pouco mais de ousadia, sem a qual continuará marcando passo. Com conservadorismo, não veremos os resultados surpreendentes que necessitamos. O trabalho de Zago fez a equipe evoluir um pouco no aspecto defensivo e no aspecto entrega. Mas deixa a desejar, principalmente nas substituições e ousadia na forma de colocar a equipe em campo, embora as opções escassas o prejudiquem bastante.
Por exemplo, se o Coritiba estivesse com uns cinco ou seis pontos a mais na classificação, um empate com o Cuiabá fora de casa seria um resultado razoável. Mas na situação atual não acrescenta quase nada. Era necessária uma postura mais agressiva para conquistar a vitória e recuperar pontos preciosos perdidos em casa. Não sou favorável à demissão de Zago, até porque não há boas alternativas disponíveis. Devemos deixá-lo trabalhar, oferecer apoio, criticar construtivamente, e torcer que ele seja inteligente e humilde, ao menos para considerá-las e refletir sobre sua validade.
Enfim, embora não acredite que o Verdão escape de mais uma situação vexatória, quando procuro fazer o papel de analista racional, me apego à ponta de esperança que todos nós coxas-brancas ainda nutrimos e que em muitos momentos foi o que manteve o clube ao longo desses quase 114 anos de história.
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