Eterno Campeão
Para um clube como o Coritiba não há alternativa aceitável fora da série A. Não só pela exigência de sua torcida que quer vê-lo sempre entre os grandes do país, mas também pela realidade financeira da série B, na qual a permanência por mais de um ano pode significar a inviabilização financeira, e dificultar cada vez mais o retorno e até levar à consolidação do clube nesse patamar.
Com base nas considerações elencadas, é consenso que a prioridade de 2021 é o retorno imediato para a série A. Realmente, todas as medidas da administração, comissão técnica, jogadores e torcida devem convergir para que o objetivo seja atingido. No momento atual, em virtude dos últimos acontecimentos, a confiança na capacidade dos que podem nos levar a alcançar tal meta, ficou bastante abalada.
Após o turbilhão da desclassificação precoce no estadual e da postura patética de nossa equipe, reações propositadas e despropositadas, e algumas atitudes da diretoria, os ânimos aos poucos vão se acalmando e a maioria vem apontando para a importância de nos mobilizarmos e darmos apoio e um voto de confiança para Follador e sua equipe, que enfrentarão inúmeros desafios ao longo da disputa, e podem ser muito prejudicados por uma oposição sistemática e irresponsável.
Coloco-me entre os indignados com tudo que passamos nas últimas semanas, mas que refeitos apoiarão o Coritiba da melhor forma, sem, no entanto, nos eximirmos de cobrar, caso se perceba que os caminhos estão se desvirtuando.
Uma vez que tudo corra como desejamos e se conquiste o acesso, será um alívio momentâneo para a torcida, entretanto, o que me preocupa é o tema desta coluna. E depois?
Estaremos em dezembro, todos sairão de férias, e teremos de janeiro a maio para termos uma equipe capaz de nos manter na série A. Qualquer coisa melhor, é possível, mas improvável. Quais serão as condições financeiras nessa ocasião? Teremos um incremento de receita de TV, que não se sabe quando cairá na conta do clube, uma leve melhora no quadro associativo, e alguns patrocinadores que se disponham a pagar um pouco mais. Mas o nível de exigência será desproporcionalmente maior, como verificamos em 2020.
Entraremos em uma disputa com aproximadamente oito equipes para não retornarmos para o local de onde viemos. Com 50% de chances de sucesso, caso não as diminuamos pela mais pura incompetência, como verificamos no ano passado. Lembrando que se tivermos que lutar com algum clube do eixo, sempre contaremos com as costumeiras “surpresas”, vindas de arbitragens e do STJD. O que pode representar um novo rebaixamento em 2022?
Por isso, acredito que as ações da gestão do clube já devem ter em vista este cenário. Principalmente, no planejamento financeiro, e na manutenção do propósito de campanha de equalizar problemas como o passivo trabalhista, o processo profissional e transparente de contratação de jogadores, e a montagem de elencos comprometidos com a causa do clube. Ou seja, abandonando os velhos vícios, perpetuados de gestão em gestão nos últimos 30 anos, pelo menos. Caso contrário, estaremos em 2023, revivendo o momento atual, talvez em piores condições.
O Coritiba já perdeu inúmeras vezes o “bonde da história”, agora estamos na “corda bamba”. Se quisermos um futuro menos sombrio para o clube que amamos, esta gestão, eleita com expressiva maioria de votos, não pode repetir os erros do passado (não tem esse direito). Além de competente, precisará contar com a sorte e receber um apoio maior do que a nossa torcida já costuma oferecer. O papel da torcida enfatizarei numa próxima coluna.
Para mudarmos de patamar, precisamos subir e permanecer na primeira divisão por muitos anos, no mínimo uma década, bem como, nos estruturarmos para começarmos a incomodar os maiores do país e aspirar por títulos nacionais e internacionais, não deixando de ganhar a maioria dos estaduais, que apesar de financeiramente deficitários, também tem sua importância, só contestada pelos derrotados e pelos que, ingenuamente, compram esta narrativa. E caso volte a ocorrer um rebaixamento, que seja um acidente de percurso, que pode ocorrer com qualquer clube grande, do qual sejamos capazes de reagir prontamente.
Se ficarmos somente apagando incêndios e nos preocupando com o objetivo mais próximo, infelizmente, teremos o destino que os nossos rivais desejam.
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