Fala, Dr. X!
Texto enviado pelo Shapley
Dr.X:
Caso queira publicar, sinta-se à vontade. É minha opinião de quem viu as coisas desandarem da legalidade possível para a imoralidade ajustada, a baixaria anunciada.
Pinço a oportuna opinião do cartunista Tiago Recchia, publicada hoje, que é bastante similar à minha. Disse ele:
"Em tempo: sou totalmente a favor da Copa em Curitiba, e na Arena. Isso não impede, no entanto, que se ironize o imbróglio todo para viabilizar a Baixada. É claro que todos ganharão com Curitiba sendo um dos endereços da Copa. E o Atlético será, sim, extraordinariamente beneficiado com isso. Coxa e Paraná não estão gostando nada disso; reação natural. Acho que deveriam ter sido mais participativos na questão toda, sugerindo alternativas. Agora Inês é morta. Mas cabe recurso."
É o que eu disse, tempos atrás, nossa diretoria foi omissa, não apresentou nenhuma proposta, por mais chinfrim que fosse, envolvendo o Alto da Glória ou o Coritiba. Estamos agora pagando pela ineficiência, o ônus da indolência dos representantes legais daquele que é o maior clube de futebol deste Estado.
Em que pese ser favorável à Copa em Curitiba, não posso ser na solução encontrada. Nela o CAP irá desembolsar 30 ou 40 milhões para somar ao seu patrimônio 140, sem que precise devolver a diferença. Quem está viabilizando este incremento, a custo zero ao CAP, são o Estado e o Município, aí está o fato lesivo.
Meu pensamento sempre foi aporte por meio de empréstimo, um financiamento da obra: o CAP receberia linhas de crédito mas teria de devolver cada centavo empregado, mesmo que a juros diferenciados. Solução legal e barata para os cofres públicos.
Até os títulos de Potencial Construtivo estariam na mão da legalidade, e eu os defendi quando surgiram, caso fossem apenas para servir de suporte para o CAP fazer caixa, sendo posteriormente devolvidos ao Município. Nada mais justo, afinal, se o projeto do Estado era de se valer do patrimônio do clube, então que este mesmo Estado fornecesse os meios para a entidade privada executar a obra sugerida. Porém, os meios legais de executá-la, não os imorais de ganhá-la.
Entretanto, da nossa classe política não era de se esperar algo de diferente do que a sordidez que se arquitetou nos bastidores.
A manobra, festejada em ato solene pelo Governador e pelo Prefeito, não se tornou legal mesmo que assinada públicamente. A solução é uma incorporação de patrimônio, uma transferência de recursos públicos a uma entidade privada. O Potencial Construtivo calça a construtora que se ressarce mais à frente, vendendo-os, mas nesta fatia o CAP não emprega um centavo. Na outra ponta, em nenhum momento entrará nos cofres da Prefeitura Municipal de Curitiba o valor correspondente ao Potencial Construtivo que ela cedeu. Ele simplesmente será somado ao imobilizado do Clube!
Sob o manto de uma suposta legalidade, em atos eivados de subterfúgios que negam-lhes a moralidade, a comunidade é ludibriada para fazê-la pensar estar sendo beneficiada pela Copa do Mundo.
Não, senhores, não está. Beneficiados aqui apenas o patrimônio do nosso coirmão, e esta corja de politicalhos que posa nas fotos pensando apenas na próxima campanha!
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